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Acredite: este Fusca é na verdade um Chevrolet Corvette (muito bem) disfarçado

O Fusca é um dos carros mais emblemáticos do planeta. Também extremamente carismático, com a dianteira que parece uma carinha sorridente, formas arredondadas por toda a carroceria, interior apertado aconchegante e o ronco característico do motor boxer arrefecido a ar. Fusca é Fusca, não é o que dizem?

Quer dizer, este Fusca aqui é um Chevrolet Corvette. Claro, ele parece um Fusca, mas a semelhança não passa da carroceria — praticamente todo o resto é de Corvette, e isto inclui motor, câmbio, interior e suspensão. Parece loucura. Ou melhor, é loucura. Mas sabe que a gente curtiu?

Não é a primeira vez que a gente vê um Corvette com carroceria de outro carro — temos certeza que o “Cordett”, aquele Corvette com carroceria de Kadett, ainda está fresco na sua memória. Só que aqui o negócio é ainda mais radical.

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O carro está anunciado no eBay, e o vendedor garante que não há qualquer ajuste a se fazer no projeto. Ele diz que a base foi uma carroceria absolutamente impecável de um Super Beetle 1971. O Super Beetle é a versão americana do Volkswagen 1302, evolução do Fusca original vendida na Europa a partir de 1972. As principais diferenças eram um capô mais alto e a suspensão dianteira independente, do tipo McPherson — modificações que aumentaram em 50% a capacidade do porta-malas dianteiro —, entre-eixos 20mm mais longo e suspensão traseira por braços semi-arrastados. No geral, era um carro mais espaçoso e melhor acertado dinamicamente.

O motor do Super Beetle, por outro lado, era idêntico ao de qualquer outro Fusca — nos EUA, era um boxer 1600 com 57 cv. De qualquer forma, isto não importa mais para este carro aqui, já que de Fusca só sobrou a carroceria. O chassi agora é uma estrutura tubular feita sob medida para toda a suspensão do um Corvette C4, com feixes de molas transversais na traseira e braços sobrepostos do tipo “duplo-A” na dianteira, além de um diferencial traseiro Dana 36.

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Ao abrir o capô (que agora tem dobradiças na parte inferior), dá-se de cara com um V8 small block de 350 pol³ (5,7 litros) da família L98, alimentado por um sistema de admissão TPI (Tuned Port Injection), opcional no Camaro e no Corvette na década de 1980. O sistema de escape é feito sob medida, com abafadores Flowmaster. Originalmente, a potência declarada é de 400 cv — sete vezes mais do que a potência original do Super Beetle. Está bom para você?

Não há detalhes a respeito dos freios, mas é bem provável que o carro tenha recebido o conjunto do Corvette. Afinal, até o lado de dentro foi todo refeito com componentes do esportivo americano: volante, bancos de couro e até o painel de instrumentos digital foram transplantados e, por mais que o resultado estético dê meio que um tilt no cérebro (especialmente porque o painel do Corvette C4 parece ter sido projetado com uma régua, enquanto o Fusca é um carro redondo), não dá para dizer que o serviço foi mal feito.

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Claro, algumas coisas deixam a adaptação bem clara, como o console central feito sob medida com sistema de som e alto-falantes de aspecto moderno demais mas, no geral a gente até gostou do resultado. Para garantir a segurança da cadeira elétrica, foi instalada uma gaiola de proteção feita sob medida na traseira, e os bancos traseiros foram removidos para dar lugar a ela.

Ohando por fora, não há muito o que denuncie a transformação: exceto pelos espelhos de Corvette, há os para-lamas alargados para acomodar as rodas de 16 polegadas, bem mais largas que as originais. Assim, o carro é 22 cm mais largo que um Super Beetle original.

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O carro está anunciado há alguns dias em um leilão . Com os lances dados até agora, o valor está em US$ 17,3 mil, o que dá cerca de R$ 60,6 mil em conversão direta. Não fossem os impostos de importação, a gente até diria que é uma compra interessante…

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Agora, não é a primeira vez que a gente vê um Fusca com motor V8 na dianteira: aqui mesmo no Brasil, há alguns anos, um Fusca 1966 ficou famoso ao ser equipado com o V8 302 de um Maverick GT 1975. Você até deve lembrar dele de uma reportagem veiculada pelo programa Autoesporte.

No caso do Brasileiro, porém, o aspecto foi mantido o mais original possível por dentro e por fora — não dá nem para perceber que o carro recebeu uma parede corta-fogo feita sob medida e uma estrutura tubular para acomodar o V8. O radiador fica na traseira, e esta provavelmente foi a solução adotada também pelo projeto americano. O que a gente queria ver mesmo era um pega entre estes dois monstrinhos…