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Project Cars Project Cars #200

De daily driver a Project Car: a segunda fase da preparação do meu Passat Pointer GTS, o PC #200

Olá amigos! Continuando a história do Passat, em 2004 o carro tomou um rumo completamente diferente. Como sempre dizem que há males que vêm para o bem. Eu já andava um pouco cansado de usar o Passat no dia-a-dia. Não que o carro fosse chato ou ruim de andar, muito pelo contrário! O problema é que fui parado algumas (muitas) vezes pela polícia, tive duas tentativas de assalto, e o cúmulo da situação, e a que eu menos queria: um acidente.

Aconteceu três dias depois do carro sair na revista AutoPower, indo trabalhar num sábado logo cedo. Um nó-cego cruzou uma avenida movimentada como se não houvesse mais ninguém no planeta, só ele e seu plastimóvel. Resultado? Consegui evitar a batida em cheio, mas não escapei de acertar de canto a lateral traseira do carro dele. Sentei no meio-fio, olhando sem piscar para o paralamas amassado, enquanto ele perguntava “você tem seguro? Vou ligar pra polícia”. Só lembro de ter olhado para ele e dito “já chame a polícia e um dentista, você vai precisar.”

A polícia chegou, uma viatura, duas, três. O que está havendo? Chegou até viatura descaracterizada, os “P2” da PM paranaense. Resumo do episódio: queriam a todo custo levar meu carro pro pátio, alegando que eu estava numa lista de carros procurados por rachas em Curitiba. Eu??

Com muito custo, apreenderam somente os documentos alegando que o carro era rebaixado, e pude rebocá-lo para a oficina, em vez do pátio do Detran.

Então veio a parte dos males pro bem. Um mês depois, ainda brigando com a seguradora do quase desdentado barnabé para que pagassem o meu conserto, saí da concessionária em que trabalhava e entrei em outra. Três dias depois consegui comprar um carrinho pra usar no dia-a-dia e finalmente aposentar o Passatão. Liguei na hora pro meu amigo/irmão Narcizo e disse que não tinha mais pressa com o carro, por que ele seria promovido à categoria “brinquedos” e ia finalmente descansar depois de seis anos ininterruptos na labuta.

Depois de muita briga, a seguradora concordou em pagar, e com a condição de que eu compraria as peças, porque não entraria um parafuso ali que não fosse original como era. Fui com meu amigo Charles até São Paulo, vasculhamos lojas e mais lojas e encontrei tudo que precisava em peças originais e novas. Feita a funilaria, o carro foi pro Narcizo para pintar a frente e voltar a rodar. Mas alguns dias depois, o Narcizo me ligou dizendo que precisava conversar sobre uns detalhes no carro. Quando cheguei lá, quase caí para trás! Ele havia lixado o carro inteiro, dizendo que já que não seria mais carro para o dia-a-dia, ele iria fazer uma pintura “de cinema” no Pretão.

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Aí começaram as idéias. Eu sempre quis fazer um motor todo preto, só com detalhes nas cores dos detalhes do Pointer, prata e vermelho. Quando juntam dois tarados como eu e o Narcizo, as idéias vão muito, muito longe! Ele me diz a uma certa altura: “Vamos tirar a bateria do cofre”. Fiquei meio em dúvida, não sabia bem o que isso traria de trabalho além de simplesmente remover ela dali, mas antes que eu pudesse pensar e responder ele passou a faca no suporte e deu na minha mão. “Se quiser de volta ali, você coloca!”

Ok. É o senhor quem manda! Depois de bastante trabalho, a pintura ficou maravilhosa! Um espelho mesmo, de cinema!

Quase no fim dos trabalhos de pintura, em 2004, uma grande perda me deixou meio “sem chão”: o grande Fabio Ditzel, amigo e preparador que montou o carro, nos deixou em um triste acidente. Demorei para pensar no que fazer. Foi um grande baque porque além da oficina, a turma que lá frequentava era muito unida, desestruturou tudo e muitos desistiram dos carros preparados naquele momento. O Fabio era o pivô, o cara que fazia a coisa acontecer e foi um choque.

Eu estava no meio do caminho e precisava pensar como fazer a partir dali. Eu já conhecia o Herbert Muller, pois tinha amizade já de muito tempo com seu irmão e meu xará Gustavo, e o Her era um guri novo que tinha acabado de montar sua própria oficina para mexer mais com preparação, enquanto o Gustavo e seu pai, o Sr. Celio, têm uma oficina mais voltada aos carros originais. Fui conversar com o Her para saber se ele toparia montar o carro sem pressa, mas com atenção enorme aos detalhes.

Uns dois meses depois o carro ficou pronto no Narcizo e chegou às mãos do Her, na Pro Muller. A primeira reação dele eu nunca esqueço! Tiramos o carro do guincho, um espelho, e ele de cara me fala “você quer me ferrar né? Como vou trabalhar num carro desse? Vou ter que usar luva branca!”. Cada um com os seus problemas!

Começamos a refazer toda a mecânica e elétrica. Refiz o motor, abrindo a cilindrada para 1.970 cm³, aliviando virabrequim, volante do motor e tudo o mais que pudesse tirar peso, até o eixo do distribuidor foi afinado ao máximo. No total saiu mais de quatro quilos do peso na parte baixa do motor. Usando um novo comando, Ghryd de 320º o carro ficou um monstrinho! Novo escape que tirei de um protótipo, revisão de câmbio, instalação de bomba elétrica (era mecânica até então). O Chinês refez a suspensão, instalamos buchas do quadro de alumínio, buchas de balanças dos Gol GTi, e a coisa foi tomando forma. Como a bateria foi para o porta malas, instalei uma chave geral e chave pra bomba no console. Eu quando tinha folga ou mesmo férias, ia para a oficina ajudar a montar como podia.

Também nessa época, conheci um cara que fabricava peças de bicicleta em fibra de carbono, e papo vai papo vem ele topou fazer algumas peças pra mim. Fiz então parte do painel, do console, defletor do radiador e alguns suportes, tudo em carbono. Muita gente na época achou que era adesivo, porque se hoje ainda não é nada comum ver peças em fibra de carbono, imagine em 2005!

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Depois de mais um ano remontando a mecânica, o carro funcionou e voltou para o Narcizo, para fazer os acabamentos do motor. Eu saía do trabalho e ia pra oficina à noite pra mexer nos detalhes. Comprei uma tampa de válvulas de alumínio aletada, que o Narcizo modificou a saída do respiro, tirando de cima e passando pra trás da tampa pra manter um visual limpo. Fizemos os filetes todos em prata, com a tampa em preto. Pintamos as Weber também, assim como a admissão Ghryd longa.

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Eu havia comprado bobina e cabos MSD, vermelhos com cinza, então fiz a pintura dos detalhes da admissão e o “W” dos carburadores também em vermelho, e a combinação ficou muito legal! Todos os parafusos usamos allen de inox, todas a braçadeiras também em inox, todos os detalhes de ferro foram zincados ou trocados por novos, até a caixa de direção teve que receber um talento porque passou a ficar aparente. Pintamos os braços de direção, e o Narcizo instalou uma porca no meio de cada um pra que no alinhamento não precise detonar as barras com alicate! Tudo pelo capricho!

Olhamos o alternador, estava prata e destoando, também fizemos preto com o estator vermelho, tudo, absolutamente tudo foi revisto. O quadro da suspensão é da cor do carro, com a estabilizadora também pintada. A barra superior das torres foi revestida em fibra de carbono também.

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Depois de tudo pronto, a documentação foi acertada com a polícia, e fiz a legalização do motor na CTA Inspeções com o amigo Jouglas. Mesmo o carro sendo aspirado, eu já havia me aborrecido tanto com policiais enchendo o saco, que não podiam falar nada por ser aspirado e saíam procurando qualquer outra coisa pra me complicar, que preferi legalizar mesmo não precisando. Infelizmente nessa época não era permitido legalizar a suspensão, somente a potência, mas já era um problema a menos pra mim.

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Uma semana depois, aconteceu o evento Força Livre Motorsport Show, em 2006, e o Narcizo montou um estande de sua oficina levando o Passat para sua reaparição oficial depois de dois anos e meio de reconstrução. O motor estava roncando forte, só no 4×1 sem abafadores nem nada, porque não houve tempo de terminar tudo. Girando 8000RPM com facilidade, era muito legal ouvir as “latidas” das Weber.

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E assim terminou a “2ª fase” da história do Passat. Na próxima parte conto as atualizações da terceira e última fase.

Um grande abraço e até mais!

Por Gustavo Loeffler, Project Cars #200

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