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Car Culture

E-Max: conheça o Dodge Challenger devorador de curvas da Hotchkis

Quando se pensa em restomod, logo vêm à mente imagens de um carro antigo restaurado com todo o capricho do mundo e mecânica toda moderna — do motor à suspensão. Acontece que a definição de restomod é mais flexível — o Dodge Challenger E-Max da Hotchkis, por exemplo, é um muscle car puro, completo com motor 340 Six Pak — old school, mesmo. O mod do resto foi feito embaixo: suspensão e freios. E, com esta receita relativamente simples, eles fizeram um dos Mopar mais legais do planeta.

O carro começou a vida como muitos outros restomods por aí: sendo encontrado no eBay. A Hotchkis Sport Suspension, fundada em Los Angeles por John Hotchkis em 1993, é especializada em componentes aftermarket de suspensão, deu ao Challenger a capacidade de devorar curvas sem recorrer a transformações radicais — basicamente, com um bom trabalho de suspensão, freios e direção, mas não restritas a isto.

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Naturalmente, o visual também recebeu atenção — o carro foi todo restaurado e a Hotchkis deu a ele o visual do Challenger T/A, vendido apenas em 1970. O Challenger T/A era um especial de homologação para o carro de corrida da Trans Am, e tinha um capô preto fosco com scoop funcional, faixas na lateral e spoilers de fibra de vidro na dianteira e na traseira. O motor era um 340 com três carburadores de corpo duplo — 340 Six Pack, como deixado claro pelos dizeres na lateral — e cerca de 320 cv.

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O Challenger da Hotchkis também tem um 340 Six Pack, porém com diâmetro dos cilindros ampliado em 0,8 mm. Outras modificações incluem cárter Moroso, radiador de alumínio Be Cool, escapamento Flowmaster e ignição eletrônica MSD. Não é uma lista muito extensa, mas o suficiente para tornar o motor mais confiável — e barulhento, o que de forma alguma é um defeito:

A ação começa aos 2 minutos

Com as trocas no câmbio Tremec de cinco marchas com trambulador Hurst feitas no tempo certo, o Challenger vai de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos, e o quarto-de-milha é feito em 14 segundos redondos, conforme aferido pela revista Car and Driver em 2012. Só que, no caso deste carro, aceleração em linha reta não é a maior prioridade — e, por isto mesmo, temos muito mais detalhes do que foi feito para ajudar o carro a fazer curvas melhor do que muito hot hatch por aí.

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A Hotchkis é uma companhia especializada em suspensões, e eles desenvolveram um kit especificamente para o Challenger fabricado entre 1970 e 1974. É o chamado Total Vehicle System, ou simplesmente TVS, que substitui componentes de suspensão, para torná-la mais firme, e da direção, para respostas mais diretas.

Os componentes desenvolvidos pela própria Hotchkis incluem braços de controle tubulares do tipo “duplo-A”, barras estabilizadoras ajustáveis, barras anti-torção dianteiras e traseiras e feixes de molas com geometria otimizada. Com o novo setup, a Hotchkis conseguiu eliminar a tendência ao subesterço — uma característica de fábrica do Challenger —, e os amortecedores ajustáveis da Bilstein, calibrados especialmente para este carro, ajudam a reduzir significativamente a rolagem da carroceria, o mal de todo muscle car original. O TVS também conta com melhorias na direção — barras ajustáveis e uma relação mais direta tornam tudo mais comunicativo e firme.

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Completam o pacote de modificações os freios de alto desempenho da Stoptech, cobertos por rodas Forgeline ZX3 de 18 polegadas. Estas, por sua vez, são calçadas com pneus Falken Azenis RT-615K.

Note como o carro praticamente não rola. E ao volante está ninguém menos do que Mary Pozzi, cujo Camaro restomod também teve a suspensão feita pela Hotchkis — duas vezes — leia tudo sobre ele aqui!

O lado de dentro traz uma gaiola de proteção e o banco do motorista foi substituído por um Sparco Milano de competição, com cinto de cinco pontos, e o volante original deu lugar a um Grant de diâmetro bem menor. O resto do interior é praticamente original — o painel, por exemplo, só traz três relógios a mais — conta-giros e medidores para a temperatura da água e a pressão do óleo.

Nos últimos anos, o Challenger E-Max foi testado por publicações como o o Autoblog e a revista Car and Driver, além de aparecer em programas como Tuned, do canal /DRIVE — e impressionou a todos os que tiveram a oportunidade de pilotá-lo.

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E é com este carro, que a própria companhia define como “manso” em comparação a outros restomods e pro-tourings mais extremos, que a Hotchkis se promove em eventos de pista pelos EUA — especialmente provas de autocross e pro-solo, que exigem um carro bem desenvolto. E eles sabem o que estão fazendo.

[ Fotos: Jeff Glucker ]