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LaFerrari testada: finalmente é hora de descobrir como ela anda

E a tríade dos hipercarros modernos está completa: depois de Porsche 918 Spyder e McLaren P1, chegou a vez de a LaFerrari passar pelas mãos dos jornalistas do mundo todo. Como o FlatOut! não faz parte da lista dos veículos que são chamados para testar hipercarros (ainda!), não fomos à pista de testes da marca, em Fiorano. Mas os jornalistas europeus foram e puderam testá-la. E o que eles acharam?

Como seus dois rivais, a LaFerrari tem dois motores: um a gasolina e um elétrico. Contudo, diferentemente deles, não é possível usar o motor elétrico para rodar sem emitir poluentes e economizar combustível: sua função é complementar a potência do V12 aspirado de 6,3 litros (na verdade, 6.262 cm³). Não que, na prática, ele precise: seus 800 cv a 9.000 rpm (com corte de giro a 9.250 rpm) e 98,8 mkgf de torque a 6.750 rpm já fariam da LaFerrari um carro absurdamente rápido.

Contudo, estamos falando de uma guerra de verdade aqui — não uma guerra pela preferência do público, visto que todas as 499 unidades já foram vendidas, mas uma guerra pela fama, pelo topo da cadeia alimentar. Para ver quem faz o carro mais exageradamente funcional e que terá seu nome cravado como o hipercarro de 1.000 cavalos da década.

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A LaFerrari tem 963 cv somando a potência dos dois motores, e ambos funcionam em conjunto o tempo todo. É uma abordagem diferente da usada por 918 e P1 — os motores elétricos de ambos fornecem potência extra até as baterias descarregarem, e leva algum tempo para que elas recuperem a energia. O 918 usa a energia das frenagens (o princípio do KERS) para isso, enquanto o P1 usa o próprio motor como um gerador. A LaFerrari, por sua vez, usa tudo — freios, ABS, controle de tração e até o diferencial eletrônico — para recarregar os 60 kg de baterias de íon de lítio que alimentam o motor elétrico.

Steve Sutcliffe, da revista britânica Autocar, foi uma das poucas pessoas no mundo que testaram os três novos mitos. Ele conta que a Ferrari entrega sua potência de forma linear, e que é mais rápida do que os outros dois carros  em linha reta — embora o P1 pareça mais rápido, graças a seu pico de potência e torque que acontece entre 4.000 e 8.500 rpm, enquanto a LaFerrari mostra toda sua força entre os 5.000 e 9.000 rpm.

Richard Meaden, da Evo, é categórico e diz que, apesar do pacote moderno, o coração da Ferrari ainda é o V12 aspirado — o maior dos três, visto que o P1 usa um V8 biturbo de 3,8 litros e a Porsche escolheu um V8 aspirado de 4,6 litros para mover o 918. O V12 também tem o melhor ronco e, graças a ele, oferece a experiência mais crua. Sutcliffe diz que ela é tão fácil de dirigir quanto uma 458 Italia — surpreendentemente normal para um carro com tanta tecnologia embarcada. Isto também é reflexo do foco no desempenho do motor, visto que a eletrônica trabalha nos bastidores, e não ativamente. Isto não quer dizer, porém, que ela não transmite a sensação de ser muito mais rápida ao piloto — na verdade, é o contrário: o jornalista diz que o carro reage assim que você pensa em pisar no acelerador.

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Sobre a dinâmica, as avaliações são unânimes: ela é praticamente perfeita, calibrada com capricho para transmitir confiança, precisão e todo o feedback ao volante; resultando em uma experiência provocativa e segura ao mesmo tempo. A direção é afiada, dianteira e traseira são perfeitamente equilibradas no passo de curva e todos os 963 cv estão totalmente sob seu controle, sem entradas ríspidas. Complementando, o câmbio de dupla embreagem e sete marchas é tão rápido que as trocas quase não são sentidas (na casa dos 50 milissegundos), enquanto que os freios, com discos de carbono-cerâmica de quase 40 cm (!) de diâmetro nos quatro cantos, fazem um papel digno de um carro de competição.

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A Ferrari divulga os dados da LaFerrari de forma vaga: zero a 100 km/h em “menos de três segundos”, 0 a 200 km/h em “menos de 7 segundos” e máxima de “mais de 350 km/h.  Ambos os jornalistas concordam que, contudo, números são um detalhe: o grande barato da LaFerrari é o fato de que, ao volante, não há como perceber que existe um motor elétrico trabalhando o tempo inteiro — algo que não acontece com P1 e 918, e que deixa a LaFerrari em perfeita sintonia com suas antecessoras, resultando em uma experiência mais visceral. O que você espera de uma Ferrari é acelerar e ver, ouvir e sentir o motor trabalhando — e é isto o que você tem.

918, P1 ou LaFerrari?

Agora que os três hipercarros da década foram revelados e testados, queremos saber: qual dos três você prefere? Para te situar no campo de batalha, aí vai a ficha técnica básica de cada um deles:

Porsche 918 Spyder

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Motor: V8 de 4,6 litros de 615 cv, mais dois motores elétricos — um para cada eixo
Potência máxima: 887 cv a 8.500 rpm
Torque: 130 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio: PDK, dupla embreagem, 7 marchas
0-100 km/h: 2,5 segundos
Velocidade máxima: 346 km/h
Peso: 1.634 kg

O Porsche 918 Spyder é, oficialmente, o carro de produção mais rápido a dar uma volta em Nürburgring, com 6 min 57 s. Foram fabricadas 918 unidades, e a Porsche diz que não para de receber encomendas.

McLaren P1

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Motor: V8 de 3,8 litros biturbo de 737 cv, mais um motor elétrico
Potência máxima: 916 cv a 7.500 rpm
Torque: 91,8 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio: dupla embreagem, 7 marchas
0-100 km/h: 2,8 segundos
Velocidade máxima: limitada a 350 km/h
Peso: 1.450 kg

A McLaren ainda não divulgou o tempo oficial em Nürburgring Nordschleife, mas boatos dizem que o P1 foi dez segundos mais rápido do que o 918, o que daria a ele um tempo de 6:47 segundo. Impressionante. O P1 é o mais raro dos três — foram produzidas 375 unidades, e todas foram vendidas antes do fim de novembro de 2013.

LaFerrari

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Motor: V12 de 6,3 litros e 800 cv, mais um motor elétrico
Potência máxima: 963 cv a 9.000 rpm
Torque: 98,8 mkgf a 6.750 rpm
Câmbio: dupla embreagem, 7 marchas
0-100 km/h: “menos de 3 segundos”
Velocidade máxima: “mais de 350 km/h”
Peso: 1.345 kg

Embora tenham sido feitos alguns testes, parece que o tempo no Inferno Verde não é tão importante para a marca do cavalinho rampante, que não divulgou qualquer informação sobre o tempo da LaFerrari em Nürburgring. Por outro lado, a LaFerrari XX, versão ainda mais absurda do hipercarro (da qual existem poucas informações confirmadas), teria supostamente percorrido o circuito em 6:30. Todas as LaFerrari, 499 unidades, foram vendidas. Seus donos precisavam se encaixar em certos critérios: ter comprado pelo menos 2 Ferrari novas nos últimos anos, e ter sido dono de pelo menos seis Ferrari nos últimos dez anos.

Como dá para ver, cada um dos três superesportivos tem seus pontos fortes e usa estratégias diferentes para atingir o desempenho máximo. Certamente os três proporcionam experiências únicas para quem os dirige e, como a grande maioria da população terrestre jamais fará isto, você pode escolher sem medo: qual é o seu favorito?


[ Fotos: divulgação, ak_automotivefcarphoto, manzo1913, bonny13 ]