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Lançamentos Técnica

O “Modo Drift” do Ford Focus RS vai te ajudar a andar de lado com um hot hatch de 320 cv

Update: publicamos em 26/12/2018 uma matéria técnica especial detalhando os princípios de dinâmica veicular e aspectos técnicos do Drift Mode dos novos A45 AMG e Toyota Supra, além de Focus RS, E63 S e BMW M5. Confira a reportagem aqui.


Como você já deve ter sacado, em 2015 a briga entre os hot hatches vai ser acirrada como nunca: temos o Golf R, com seus 300 cv e tração integral; o Honda Civic Type R, com 310 cv e tração dianteira e o Ford Focus RS, com seus 320 cv e também com tração integral – isto sem falar no Mégane RS Trophy (275 cv) e no Seat León Cupra (280 cv). São muitas opções, não é?

Acontece que, neste balaio de gatos nervosos, só um deles vai te deixar se sentir como um verdadeiro drifter, ou quase isto: o Focus RS, que agracia aos fãs de hatchbacks apimentados com algo chamado Drift Mode, ou Modo Drift. Sounds good, eh?

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O Focus RS demorou a render-se à tração integral – as duas primeiras gerações deram conta de entregar um excelente comportamento dinâmico mesmo com a força indo para “as rodas erradas”, como gostam de observar alguns entusiastas mais exigentes.

Contudo, para garantir que a nova geração de seu hatch über esportivo pudesse encarar a concorrência em igualdade, a Ford adotou um sistema de tração integral com vetorização de torque. Como já explicamos, usando uma série de sensores capazes de medir as condições de aderência e o estilo de condução, o sistema varia continuamente a distribuição da força do motor entre os eixos dianteiro e traseiro e entre as rodas da esquerda e da direita. Com o recurso, o carro consegue manter as condições ideais de aderência em virtualmente qualquer situação – coisa fina.

Acontece que, de vez em quando, diversão significa perder um pouco de aderência – de que outro modo se pode soltar a traseira e deslizar de lado? Normalmente carros de tração integral não permite que você faça isso mas, como Ken Block bem demonstra no vídeo abaixo, o Focus RS sim:

Como isto é possível? Graças ao Drift Mode!

Nas palavras da própria Ford, no release que acompanhou a apresentação oficial do Focus RS no Salão de Genebra:

O Modo Drift conta com uma calibragem desenvolvida especialmente para o sistema de tração integral que modifica a distribuição de torque para ajudar o piloto a realizar derrapagens controladas no circuito.

Na prática isso significa que ao apertar o botão que ativa o Drift Mode no console central, você irá modificar os parâmetros do controle de estabilidade para que ele permita que a traseira deslize por aí, livre, leve e solta — e sem desligar o controle completamente. Como ele faz isso?

É um sistema bem sacado e se baseia praticamente apenas na programação dos controles eletrônicos do carro. Lembra que o sistema de tração integral consegue colocar o torque onde bem entender? No modo Drift ele manda 70% da força para as rodas traseiras para manter a derrapagem controlada até onde você conseguir. Para que o controle de estabilidade não entre em cena matando o motor e freando as rodas (veja como ele funciona neste post explicativo que fizemos há algum tempo), a programação do Drift Mode torna as babás eletrônicas mais permissivas em relação ao destracionamento e o ângulo de guinada.

Enquanto isso, a ECU continua recebendo todos os parâmetros lidos pelos sensores de posição do carro, das rodas dianteiras e do volante e é aqui que entra a boa sacada dos engenheiros: os sensores capturam os comandos do motorista — qual pedal está pressionado, em que ângulo está o volante, quanta carga há no acelerador —, qual a velocidade de cada roda e em que posição o carro está. Se a posição do volante não estiver adequada com a guinada do carro, por exemplo, o controle de estabilidade entra em ação. Enquanto o motorista mantiver todos os parâmetros de leitura adequados por conta própria, o controle de estabilidade fica ali sem dizer nada, só olhando…

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Se você quiser explicar isso para seus amigos não-tão-gearheads, diga o seguinte: os sensores conseguem identificar a velocidade com que o carro está desgarrando a traseira e saber se o motorista está dando conta de controlá-la. Enquanto não identificar uma perda de controle, o sistema não fará nada para corrigi-la.

Eles irão entender.

Dave Pericak, o chefão da Ford Performance, afirmou que o Drift Mode “é uma excelente ferramenta de aprendizado para te ajudar a desenvolver suas habilidades – o sistema trabalha com você, e não contra você”.

Em teoria, também é possível desligar completamente o controle de estabilidade e confiar nas suas próprias habilidades para controlar as derrapagens. Contudo, Periack garante que o carro sempre será mais fácil de controlar com o ESC ligado e que ele não interfere na diversão. Na verdade, ele diz que é como a rede de segurança embaixo de um trapezista. “Ela está lá, mas você ainda tem que subir lá em cima e fazer as acrobacias sozinho”.

Nós adoraríamos transformar esta teoria em prática. Você não?