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Os carros que tiveram vida curta e poderiam ter durado mais — ou não

Nesta semana foi divulgada a notícia de que o Mini Coupe e o Mini Roadster, variações mais descoladas — e menos práticas — do hatchback alemão que é releitura de um clássico britânico, não chegarão à nova geração, que já inclui o Mini Cooper, o One e, em breve, contará também com o Countryman. A razão? São modelos de nicho que, vendendo pouco, não se enquadram na nova estratégia de mercado da BMW para a linha Mini.

Não é exatamente uma surpresa — já em abril do ano passado a Mini dava indícios de que sabia que sua linha estava grande demais e que a descontinuação de certos modelos era considerada. Ao todo, até agora são sete modelos: hatch, conversível, Coupe, Roadster, a perua Clubman, o SUV compacto Countryman e o “suv-cupê” Paceman — uma estratégia ousada, pensando em fisgar com um Mini vários tipos de proprietários.

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A confirmação veio na semana passada, quando o chefe de planejamento de produto da Mini, Patrick McKenna, revelou ao site AutoGuide que o Coupe e o Roadster deixarão de ser produzidos no ano que vem — ou seja, 2015 será o último ano-modelo de ambos e que a vida deles foi bem curta, visto que foram lançados em 2012 — três anos, apenas.

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Mas por que estamos falando disso? Porque não é a primeira vez que um modelo é lançado e descontinuado em um curto período de tempo — nem a segunda, nem a terceira. Por isso, decidimos selecionar alguns outros carros que duraram pouco — no máximo, cinco anos — e deixaram o mercado sem sucessor (ao menos até o momento). Vamos lá?

 

Suzuki X-90: 1995-1997

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Com plataforma dividida com o Vitara de primeira geração (conhecido como Sidekick), o X-90 foi um mini-SUV de dois lugares com dimensões de Kei Car, porém um motor de 1,6 litro e 95 cv (kei cars têm motores limitados a 600 cm³), transmissão manual de cinco marchas ou automática de quatro marchas e tração traseira ou integral. A carroceria tinha um formato peculiar (nos lembra o Gurgel XEF) de três volumes e teto targa. Parecia uma boa fórmula.

Contudo, não era um carro prático, nem espaçoso, e seu visual era um tanto incomum demais. Sua missão de substituir o Suzuki Samurai (que nada mais é do que segunda geração do Jimny) nos EUA se mostrou um fracasso, e menos de 500 unidades foram vendidas em seu último ano de fabricação. A revista Top Gear até o colocou entre “os 13 piores carros dos últimos 20 anos” em 2013.

 

Pontiac GTO: 2004-2006

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O GTO dispensa apresentações, mas nós vamos apresentá-lo mesmo assim: lançado em 1964, o Pontiac GTO pode ser considerado o primeiro muscle car da história. Idealizado por John DeLorean (sim, aquele John DeLorean), o GTO foi o precursor da onda dos cupês americanos estilosos, relativamente baratos, grandes e dotados de potentes motores V8.

Em 2004 — exatamente 30 anos depois que o primeiro GTO foi descontinuado —, a Pontiac decidiu reviver o nome, batizando de GTO a versão cupê do Holden Monaro (conhecido por aqui como “Omega australiano”. Era um carro bacana, com um V8 de 5,7 litros e 354 e câmbio manual, mas os americanos não curtiram muito o visual moderno. Eles preferiram comprar o Mustang, que lembrava muito mais o clássico de 1964, e assim o GTO saiu de linha em 2006.

 

Pontiac Solstice: 2005-2009

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Três anos depois do fim do GTO, a crise econômica de 2009 trouxe a ruína à própria Pontiac, que foi extinta pela General Motors no ano seguinte. O Solstice foi um dos modelos que surgiram e desapareceram nos últimos anos da marca — lançado em 2005 como modelo 2006, era um roadster compacto com dois motores de quatro cilindros: 2.4 aspirado de 175 cv ou 2.0 turbo de 260 cv.

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O visual acertado e a proposta inovadora tornaram seu sucesso nas vendas uma grata surpresa — o carro vendeu muito bem, com direito a um aumento na produção inicial de 7.000 para 10.000 unidades, e a Pontiac até investiu numa versão cupê com teto targa, que foi lançada em 2008 como modelo 2009. Infelizmente, foi neste mesmo ano que a GM decidiu fechar as portas da sua tradicional divisão, dando fim a uma trajetória promissora para o roadster.

 

Mercury Cougar: 1999-2002

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A história é parecida com a do Pontiac GTO: a divisão “de luxo” da Ford ganhou seu pony car em 1967 com o Mercury Cougar, versão de visual mais refinado do Ford Mustang que durou até meados da década de 1970, quando a plataforma deu lugar à do Ford Thunderbird e a abordagem mudou, transformando o Mercury Cougar em um grande cupê de luxo. De qualquer forma, o Cougar sempre foi um clássico cupê americano de tração traseira.

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Quer dizer, isto até a chegada da oitava geração, que aproveitou a plataforma do sedã Mondeo para se transformar em um cupê menor e de tração dianteira com apelo esportivo, com motores quatro-cilindros de dois litros e 127 cv, e V6 de 2,5 litros e 172 cv.

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Deu certo, pois o Cougar ajudou a Mercury a se fortalecer entre o público jovem e até ganhou um irmão gêmeo europeu, o Ford Cougar. Contudo, a reestruturação de todas as divisões da Ford em 2002 deu um fim a vários modelos — entre eles, o Cougar. O que é uma pena, pois o carro tinha potencial, com quase 180 mil unidades produzidas em quatro anos de existência.

 

Ford Thunderbird: 2002-2005

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Falando no Thunderbird, ele também merece seu lugar nesta lista — não pelo clássico modelo lançado em 1955, nem pelos obscuros T-Birds dos anos 1990, mas sim por sua última geração, a 11ª. Lançado em 2002, o T-Bird do século 21 era uma reinterpretação moderna do clássico dos anos 1950 e, de cara foi bem recebido pelo público e vendeu muito bem em seu primeiro ano — mais de 30 mil unidades.

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Contudo, o sucesso não se repetiu nos anos seguintes — talvez porque o motor V8 de 3,9 litros e 280 cv pedisse por um câmbio mais esperto, e não o automático de cinco marchas que era a única opção.

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Sendo assim, depois de sucessivas quedas nas vendas ano após ano, a Ford decidiu descontinuar o Thunderbird para sempre em 2005 — em uma ironia triste, exatamente 50 anos depois do lançamento do Thunderbird original.

 

Citroën Bijou: 1959-1964

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O Citroën 2CV é um dos carros mais icônicos da marca francesa — sua receita que unia visual excêntrico, robustez mecânica (apesar da aparência frágil), baixo preço e praticidade o tornaram um dos símbolos do pós-guerra. Seu sucesso foi tanto que ele deu origem a modelos como o Dyane (uma versão mais luxuosa do 2CV), o Ami (com a clássica coluna “C” invertida), e o Bijou.

Apesar do nome absurdamente francês, o Bijou era a aposta da Citroën para conquistar o mercado britânico, que preferia um design mais esportivo e refinado em detrimento da praticidade e do visual utilitário do 2CV. A estratégia deu errado, em boa parte, graças ao alto preço e ao baixo desempenho do motor de 500 cm³. O carro vendeu muito pouco, mas a Citroën insistiu em fabricá-lo por seis anos — de 1959 a 1964, período em que apenas 207 carros foram feitos. Cerca de 40 ainda estão nas ruas.

 

Nissan Figaro: 1991-1992

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Agora, este aqui é o mais breve da lista, tendo sido produzido por apenas alguns meses entre 1991 e 1992. O Figaro era baseado na primeira geração do Nissan March, equipado com um motor 1.0 turbo de 60 cv e, acredite se quiser, levava quatro pessoas. Ele fez parte de um projeto idealizado pela Nissan em 1989, chamado Back to The Future, que culminou no lançamento de mais quatro veículos especiais, todos baseados no Micra (que era o nome do March por lá): os hatches Be-1 e Pao, a minivan S-Cargo e o próprio Figaro.

O pequeno roadster era claramente inspirado no Datsun Fairlady lançado em 1959 e, apesar de ter durado tão pouco, foi um enorme sucesso — sua produção teve que ser aumentada de 8.000 para 10.000 unidades para atender à demanda, e há várias celebridades que já tiveram um Figaro na garagem, como a cantora soul Amy Winehouse e o deus da guitarra Eric Clapton.

Temos certeza de que vocês podem nos ajudar a lembrar de outros carros que tiveram vida curta e poderiam ter durado mais (ou não). Deixe a sua sugestão nos comentários!

[ Foto de abertura: Theo Civitello ]