FlatOut!
Image default
Project Cars Project Cars #21

Project Cars #21: a história do Opala SS4 1979 de Hugo Pompeo

Fala galera do FlatOut! Meu nome é Hugo Pompeo, tenho 22 anos e moro na cidade do Rio de Janeiro. Gostaria de agradecer a todos que votaram e torceram por mim, fico muito honrado de poder contar um pouco da minha história aqui no FlatOut!, uma galera que já acompanho desde o falecido Jalopnik Brasil. Mas estou aqui para contar para vocês como foi que comprei e decidi fazer um projeto turbo em um legítimo Chevrolet Opala SS4 1979.

Minha história com carros não têm ligação nenhuma com meu pai ou outro familiar. Na minha infância sempre gostei muito de Lego e desenhos animados onde tinham carros (Transformers, NASCAR Racers). Mas o que o Lego tem ligação com minha paixão por carros?

Bom, alguns devem saber que eram vendidos vários tipo de Lego (prédios, casas, até franquias famosas do cinema como Star Wars), e quando comprava um desses, nunca fazia o que mandava o manual. Em vez disso eu sempre juntava com minhas outras peças e fazia diversos carrinhos de Lego. Depois fui presenteado com uma miniatura de um Ferrari F50 (quem teve uma dessa levanta a mão!) e fiquei fascinado com aquela coisinha linda.

Na adolescência comecei a assistir muito a Fórmula 1 e Stock Car (não perdia uma corrida), e claro, como muitos leitores desse site, a série “Velozes e Furiosos” influenciou muito essa paixão por carros modificados, que só aumentou e acabou se tornando um vício nesses últimos anos.

Um fato engraçado que aconteceu na minha adolescência, em um dia que estava caminhando na praia da Barra da Tijuca, aqui no Rio de Janeiro, foi quando um Ferrari 430 passou muito rápido e aquele lindo som do seu V8 entrou na minha cabeça e comecei a rir sem parar. Algumas pessoas que estavam perto de mim deveriam estar achando que eu era maluco. Mais alguém aqui tem reações estranhas como a minha quando um carro exótico passa acelerando ao seu lado ou eu que sou maluco mesmo?

Quando completei 18 anos, claro que como todo gearhead, corri para a auto escola e fui tirar minha sonhada carteira de habilitação. Infelizmente foi um processo muito demorado porque descobri um problema genético na minha mão que fazia eu “perder” a impressão digital e assim perdi várias aulas por causa da minha digital não era aceita na maquina para registro das aulas. Resumindo: demorei quase um ano para receber minha carteira de habilitação.

Mas chega dessa enrolação e vamos ao que importa: como comprei o meu Trator SS (esse é um dos apelidos que meus amigos deram ao carro, além de Chevette Bigblock, Chevette SS e Opala Junior). Com 19 anos entrei para a faculdade de engenharia mecânica na PUC-RJ na metade do ano de 2012, lá conheci meu grande amigo Rafael Pozzan, que me “apresentou” o Fantástico Mundo dos Carros Preparados, pois nunca tinha conhecido outra pessoa com essa mesma paixão que eu tenho e não tinha contato com esse maravilhoso mundo.

Ele uma vez me perguntou se não tinha vontade de ter um carro, e eu respondi que até tinha vontade de ter um carro antigo no estilo muscle car, mas naquela época não tinha nenhuma noção de como funcionava um motor a combustão.

Eu trabalhava como vendedor em uma loja de um grande shopping daqui do RJ e estava juntando uma grana para viajar para os EUA com uns amigos. Até que alguns dias depois de comentar sobre minha vontade de ter um carro antigo, o Rafael me mostrou um anúncio de um Chevrolet Opala com as características faixas SS. Ele estava sem o volante SS, e também não tinha a manopla de câmbio do modelo, mas segundo o proprietário, no documento constava “GM Opala SS” e número do chassi começava com “5R87E” (para quem não sabe, essas letras e números indicam a versão SS nos Opalas 1979), e achar um SS de documento está cada vez mais difícil.

Depois de alguns dias tentando marcar um para ver o carro, conseguimos fechar para uma manhã de sábado, e a parte engraçada, foi que em vez de eu ir ver o carro, o carro veio até mim (Opala Delivery!).

Nesse dia conheci outro grande amigo chamado Eric Marçal, que conhece bem mais de Opala que o Rafael. Quando vi o carro chegando fiquei impressionado com o tamanho dele, porque nunca tinha visto um Opala de perto.

Foi paixão à primeira vista. Depois de passarmos os três admirando o carro, o Eric veio para mim e falou baixinho: “Compra esse carro pois além de ser um SS original e está muito inteiro e o cara está pedindo um valor muito baixo”.

Então fechei a compra do carro e no dia seguinte fiz a transferência do dinheiro que estava reservado para minha viagem para os EUA e fui buscar o Opala.

OP2

Primeira foto do SS4 na sua nova casa.

Quando contei para minha mãe que tinha comprado um Opala ela falou: “Você ficou louco?!”

Ninguém minha família apoiou essa loucura que eu tinha feito, foi um momento muito difícil para pois é muito ruim saber que nem sua própria mãe não apoiava o sonho do seu filho. Meus amigos ficaram p… depois de falar para eles que não iria mais viajar porque tinha comprado um “carro velho”, como eles dizem.

Mas eles tinham um pouco de razão para falar isso porque eu não entendia nada sobre carros, gastei todo meu dinheiro e desisti de uma viagem para os EUA por causa desse “carro velho”. Será que eu fiz a escolha certa? Hoje posso dizer que não me arrependo em nenhum momento de ter trocado essa viagem pelo carro que fez uma grande mudança na minha vida, porque tudo que entendo de mecânica hoje foi adquirido fazendo suas manutenções e no convívio com grandes amigos que conheci por causa desse Opala.

Tenho certeza que esse conhecimento adquirido vai me ajudar bastante na minha vida como futuro engenheiro mecânico, pois claro que vou querer trabalhar com algo relacionado a carros.

OP3

Uma das fotos que mais gosto, no falecido Autódromo de Jacarepaguá-RJ em 2012.

Peguei o carro em uma terça-feira e no final de semana seguinte fui a um encontro de carros antigos. Adivinhem? Fiquei enguiçado por causa da bomba de combustível. A parte engraçada disso é que para fazer o carro andar, eu e dois amigos que me ajudaram, usamos a bomba d’água elétrica do limpador de para-brisa para injetar gasolina na cuba do carburador (Gambiarra mode on !), mas deu certo e conseguimos levar o Opala para casa. Decidi então fazer uma pequena revisão, verifiquei freio, mangueiras e comprei uma bomba de gasolina nova.

Então em uma quinta-feira à noite decidi ir ao encontro semanal do Opala Clube do Rio de Janeiro pela primeira vez com meu Opala. Chegando lá muitos gostaram de ver um legítimo Opala SS4 1979, a conversa estava muito boa.

Mas chegou a hora de ir embora, o carro morreu e não quis pegar mais de jeito nenhum. Até que outro grande amigo Felipe Santos matou o mistério: engrenagem do comando de válvulas tinha quebrado. DICA: Quem tem ou pretende ter um Opala, a querida GM fez uma grande cagada ao fabricar as engrenagens do comando de válvulas de um material muito frágil, e se você pretende preparar um motor de Opala (seja o de quatro ou o de seis cilindros), a troca dessas engrenagens por uma de alumínio é obrigatória.

Para trocar a engrenagem do comando de válvulas é preciso resfriar o comando de válvulas e aquecer a engrenagem (finalmente as aulas de física do colégio serviram para alguma coisa!), porque não é possível encaixá-los sem realizar esse procedimento. Mas como fazer isso morando em um apartamento?

Simples, vá para a cozinha da sua mãe e faça isso:

OP4  OP5

Mãaee! O que tem de almoço?! Comando de válvulas com engrenagem frita!

 

OP6 OP7

Detalhe da engrenagem antiga com alguns dentes quebrados no lado esquerdo dela. Engrenagens de alumínio instaladas. 

Depois disso, já aconteceram alguns pequenos upgrades, mas falarei mais sobre eles no próximo post. Também contarei o motivo que me levou à decisão de turbinar o motor quatro-cilindros — foi uma situação vergonhosa e engraçada ao mesmo tempo. Até lá, galera!

Por Hugo Pompeo, Project Cars #21

0pcdisclaimer2