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Project Cars Project Cars #258

Project Cars #258: mais reparos, uma internação e o primeiro encontro do Tobias, meu Fusca 1300

Olá, meus caros amigos gearheads. Tudo bem com vocês? Bom, gostaria de inicialmente agradecer a todos pelo feedback positivo na área de comentários, é realmente gratificante ver que as pessoas apoiam o projeto e estão gostando de como o carro está ficando. Agora vou mostrar para vocês a fase de exílio do Tobias, eu não diria que todo Project Car tem esta passagem simbólica, mas a falta de espaço me distanciou do carro por meses a fio, que foram agonizantes e cruéis. E muita gente tem seus períodos de paralisação involuntária dos projetos, vou contar a minha.

Continuando de onde paramos, o Tobias “não era meu” (apesar do documento dele no meu nome dizer o contrário), ou melhor dizendo, não era o carro que meu pai havia planejado para me dar de presente. Então eu ganharia outro carro, que fosse prático para o dia a dia e mais fácil de manter, contudo, o consórcio tinha termos muito específicos: O carro precisava ter cinco anos no máximo e o valor era de 16 mil dilmas, o que acabou limitando minhas escolhas entre Mille, Clio, Ka e Celta. O Mille sem escada no teto não teria graça, já havia um Clio habitando a garagem e o Ka me parecia feminino demais, então alguns dias depois um sortudo (ou não) Celta Life veio parar nas minhas mãos, carinhosamente apelidado de Fúria da Noite (caso não tenha entendido a referência, é do filme “Como Treinar seu Dragão”).

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Agradeço ao meu amigão Rodrigo por ter tirado essa foto

Aí que entra o problema: cabem somente três carros na garagem de casa, e com o Celta agora eram quatro, matemática básica. Como diria meu professor de física “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço”, logo o Tobias precisaria de um novo lar temporário, pois deixá-lo do lado de fora seria perigoso demais (nossos queridos clássicos são desdenhados por companhias de seguro) e estava fora de questão. Por sorte do destino, meu tio tinha uma vaga na garagem do prédio dele para o fusquinha descansar.

Alguns dias antes da chegada do meu novo brinquedinho de quatro rodas, dei ao Tobias alguns caprichos, como as faixas brancas que eu tanto desejava e as calotas de Fusca que tiveram de ser adaptadas ás rodas de Brasília, reorganizei a elétrica do carro (na qual o funileiro tinha feito uma verdadeira bagunça na remontagem do carro, ao melhor estilo seta que dá a ré), contudo, as “branquinhas” não me agradaram tanto e também não ficaram bem encaixadas nas rodas, por isso deixei os pneus pretos borrachudos como sempre. Mas, como nem tudo são flores para besouros veteranos, o Tobias ficou doente, começou a tossir e desmaiar sem motivo, além disso, suas energias estavam se esvaindo.

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Dias antes de seu “enterro”

A marcha lenta do carro simplesmente não conseguia se manter, bastava tirar o pé do acelerador para que o carro morresse, pior ainda, a incapacidade do Tobias de ficar ligado também prejudicava qualquer tentativa de manter o carro funcionando tempo o suficiente para manter a bateria carregada, fazendo com que toda vez o Fusquinha precisasse de chupeta para conseguir ligar, aliás, tirei e coloquei o banco traseiro desta bicheira tantas vezes que já virei profissional no assunto.

E naquele fatídico Abril de 2015, o Tobias desceu para o estacionamento tenebroso do prédio do meu tio, e lá dormiu pelo que pareceram eras e eras. Mas devo dizer que nunca foi minha intenção, por diversas vezes passava no prédio e tentava ligar o pobre coitado, mas aparentemente o quadro de dificuldade em aguentar a lenta se complicou para um grave caso de não querer ligar mesmo plugado na bateria de outro carro.

Fiz incontáveis tentativas falhas de curar meu velho amigo, mas nada dava resultado: chupeta, tranco suspenso (macaco + quarta marcha + magia negra = carro funcionando), regulagem e gasosa no carburador mas nada feito. Eu me tornei vítima do trio parada dura: giclê entupido, platinado desgastado e bateria arriada.

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Uma das várias tentativas de tirar o Tobias de seu sono

Quando finalmente chegou Agosto, o mês mais amargurado do ano em minha opinião, talvez pela falta de feriados, eu estava simplesmente desgostoso com a situação do meu Fusca, queria tirá-lo de lá a qualquer custo, ainda mais depois de ver os anúncios do BGT15, a Meca para os donos de Volks aqui no Brasil. Fiz uma derradeira tentativa de ligar o carro… e nada. Eu estava realmente frustrado… quando então meus amigos Gabriel e Rodrigo avisaram: o Flatout havia aberto inscrições para o Project Cars. Oras bolas, se me faltava mais alguma motivação, era essa.

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A tristeza do abandono

Fui até minha oficina de confiança e combinei um horário para tirar o Tobias daquele buraco negro de solidão e esquecimento.  No dia primeiro de setembro as 10 horas da manhã, amarrado por uma corda em um Palio 1.8 o Fusca emergiu triunfante das trevas e viu o Sol pela primeira vez em quase cinco meses… Eu estava disposto a compensá-lo por tamanho desleixo de uma vez por todas. Do prédio ele foi rebocado diretamente para a oficina, de onde só saiu uma semana depois: perfeitamente regulado, de bateria nova, vidros elétricos funcionando (outra burrada do funileiro na hora de montar o carro), de visual repaginado e pronto para as ruas.

Aliás, um ponto importante: a ignição eletrônica com a instalação custaria o dobro do planejado, por isso o carburador foi higienizado e regulado, foi colocado um novo filtro de combustível e o platinado foi trocado por um novo, e rodarei assim até uma próxima oportunidade de instalar o módulo de ignição por um preço mais camarada.

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De visual repaginado

O dilema das vagas foi resolvido: O Celta e o Clio revezariam os dias do lado de fora em favor do Tobias, e agora que ele estava rodando poderia ser usado tranquilamente. Para comemorar, ele recebeu meio tanque de gasolina aditivada e foi passear. Infelizmente foi neste momento que fui informado pelo frentista sobre uma falha gritante do carro que eu ainda não tinha reparado justamente por ter andado pouquíssimo com ele antes e depois da reforma: Ele não tinha tampa no bocal de combustível. Resultado? Combustível vazando no paralama direito queimando a tinta novinha. Comprei a peça e mandei o carro ser lavado, por sorte um pouco de cera resolveu o problema sem machucar a pintura.

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Uma pecinha boba que quase colocou tudo a perder

Com o carro lavado pude reparar melhor na qualidade da funilaria e tapeçaria que foram feitas no fusquinha. O interior ficou soberbo, a nova forração do teto, os bancos pretos e a forração das portas combinaram bem com o carro e o serviço foi extremamente bem executado, com exceção dos ganchos dos quebra-sóis que acabaram sendo “engolidos” pelo novo forro, resultando no inconveniente de sempre ter de levar um óculos escuro para evitar ser cegado pelos majestosos raios do Sol… Bom, pelo menos eu fico mais estiloso com óculos escuros. Faltam alguns detalhes como uma nova tampa no porta-luvas, mas será providenciado em breve.

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Não ficou perfeito, mas é um belo interior

Quanto a funilaria… Bem, não tive a mesma sorte, com o carro pintado foi possível ver que o cara não foi tão “profissional” quanto se esperava, Deu pra ver que o filho de uma meretriz do funileiro não foi cuidadoso na hora de deixar a carroceria lisa e existem várias pequenas falhas na pintura, além de claro, uma “mancha” gigantesca que existia no carro antes da reforma (possivelmente massa de algum reparo anterior) atrás da porta do motorista e que ainda está lá, mesmo que um pouco mais discreta, mas que pode ser vista por ser mais opaca que o resto do carro. Além disso, o cara demonstrou ser bem porcalhão, deixando cair respingos de tinta no painel, nas maçanetas e até mesmo na polia do motor.

Resumindo a ópera: Se eu pudesse voltar no tempo e escolher outra pessoa para fazer o serviço, com certeza escolheria qualquer outra funilaria que não a deste cara, inclusive, se hoje alguém me pede recomendação de local para cuidar destas coisas, eu faço indicação negativa desta oficina para ninguém mais entrar na sinuca de bico que eu entrei. Por enquanto não estou com condições financeiras (nada como uma crise marota para testar instintos de sobrevivência né?) para refazer a funilaria do carro, mas daqui um ou dois anos pretendo mandar o carro novamente para uma oficina para deixar a carroceria nova e talvez até trocar o tom de azul se eu enjoar.

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Primeiro evento do Tobias pós restauração

Com o carro pronto e lavado pude levar o Tobias para o Ferrugem Fest, e os deuses dos carros abençoaram a estreia dele com um céu azul de infernais 35 graus, lá ele conheceu seus semelhantes: Fuscas, Variants, Brasílias e Kombosas aos montes. Finalmente o velho senhorzinho havia sido reintegrado a sociedade, minha missão estava quase completa.

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O próximo e último episódio vai demorar um pouco pra sair mas envolve um escapamento novinho em folha para melhorar o ronco e quem sabe adicionar uns cavalinhos, um ajuste na altura do carro para melhorar o stance e mais alguns detalhes que faltam para considerar o carro “pronto”. Abraços e até a próxima.

Por Bruno Pelegrine, Project Cars #258

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