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Project Cars Project Cars #339

Project Cars #339: começa a preparação do meu Peugeot 106 1.6 aspirado!

Morar em Salvador trás inúmeras vantagens (não tantas como antigamente), mas ser entusiasta automotivo aqui é um exercício de perseverança, para não dizer masoquismo. Não temos autódromo, até mesmo o kartódromo está oficialmente desativado, embora continue sendo utilizado pelos guerreiros amantes do kart. O grande evento do ano era a prova da Stock Car, realizada no circuito de rua na região do Centro Administrativo da Bahia e, na carona, acontecia na semana posterior a Stock Car, a etapa de arrancada da Copa Nordeste.

Com o fim da etapa da Stock Car a única prova oficial de arrancada realizada na terra do dendê foi extinta. Que “Belo cenário”.

arrancada

Nota: Ressalto a heróica atuação do CARB, Clube de Arrancada Baiano. Entidade formada por entusiastas e que vem “tirando leite de pedra” promovendo provas de arrancada a cada dois meses.

Mas como ter amigos não tem preço. Recebi o convite para conhecer o HRMB 2k12 (Honda Racing Meet and Barbecue). Esse nome complicado resume a idéia central do evento: Hondas (MUITOS deles), corridas, bate-papo/reuniões descontraídas e bastante churrasco.

O evento aconteceu em novembro de 2012. Não pensei duas vezes, explodi os cofrinhos de moedas, comprei as passagens no melhor esquema “Casas Bahia” e parti para SP.

HRMB

Cheguei em uma sexta-feira, véspera do evento. O Bruno Guerreiro foi me buscar no aeroporto a bordo do seu 106 branco, agora batizado como “Pai Mei”. No mesmo dia tive a oportunidade de conhecer a Oficina MK, o hilário mecânico “Careca” e o Mark Kuhn, responsável pelo 106 Viagra dotado de motor traseiro central originado de uma Hayabusa

Chega o sábado, dia de cair na estrada em direção a pista de Saltinho.  O comboio formado foi bacana e a viagem contou com uma estratégica parada para um rápido café da manhã, alguns momentos mais, digamos, puxados na estrada e após uma última parada para abastecimento, chegávamos a pista.

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Apesar do “Honda” no título, o evento é marcado por carros de diversas marcas e sabores de preparação. Tal qual o Picanto com alívio de peso extremo da foto a seguir:

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Resumindo, um dia memorável!

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Veja mais fotos aqui.

 

O Terceiro Ato

Inicialmente o termo Swap soava como uma obra de ficção científica muito distante da minha realidade, principalmente após “apanhar” de oficina em oficina. Mas, a curiosidade aliada aos projetos que acompanhava nos fóruns me fez pensar na remota possbilidade de, um dia, trocar o motor do Smurf. Mas, por hora, eu seguia firme com a ideia de turbinar o pacato 1.0 (achando que seria simples).

O carro já estava com o motor revisado, montado e instalado e, conforme citei no último post, tive que meter a mão na massa para deixar a alimentação do carro em dia.

Em uma das incontáveis conversas, o Guerreiro me chama via chat e digita a frase: Achei um motor pra tu”. Como assim? Que motor? De quem? Qual o valor?…

Perguntas, sim, elas brotaram aos montes!

O Guerreiro explicou que se travava de um 1.6 8V “muito bem-nascido”. Se tratava do motor que ele utilizou no primeiro swap que seu 106 sofrera. Depois foi vendido para outro amigo entusiasta, o Renato Locardi. O motor estava no 106 utilizado pelo pai dele no dia a dia. Acontece que este 106 acabara de ser adquirido pelo Mark para ser transformado no Viagra, o mesmo com motor de Hayabusa que citei acima!

Oportunidade não bate a porta duas vezes. O problema é que, só para variar, estava sem um Real no bolso. Desta vez o Mark fez um belo gesto e me vendeu o motor parcelado tendo como única garantia a minha palavra. Gesto raro hoje em dia. Negociação fechada, fiz questão de providenciar o envio do motor após quitar o mesmo. E assim foi feito.

“Ah tá, trazer um motor de São Paulo para Salvador é simples, ah é!”

Caros leitores, trazer este motor foi um verdadeiro desafio logístico que só foi bem-sucedido graças, mais uma vez, a ajuda de amigos. Um deles, Vitor Valência, conseguiu o contato de um caminhoneiro que faz o roteiro SP/BA com certa frequência.  Como o caminhão que ele dirige não pode circular na região onde estava o motor, mais uma vez o Guerreiro e o Mark me salvaram. O Mark cedeu o carro pessoal dele para transportar o novo coração do Smurf, enquanto o Guerreiro se ferrou para deixar o motor na empresa onde o mesmo seria coletado.

Após angustiantes semanas de espera, o mecânico me liga e informa que uma carreta de três eixos parou na frente da oficina onde estava o 106 e descarregou o novo motor.

 

Começa oficalmente o Projeto 1.6 8v Aspro

O processo de swap foi bastate tranquilo. O novo motor possui praticamente as mesmas dimensões do anterior, bastou remover o antigo e instalar o novo, ligar os conectores, ECU, bateria, mangueiras, etc, e o TU5JP estava pronto para ser acionado.

motor-instalado

Ok, a instalação, visualmente falando, não ficou das melhores, mas plenamente funcional. Após retirar o carro da oficina, instalei o filtro de ar da admissão, no respiro de óleo (provisório) e fiz uma limpeza no cofre.

Após o swap, hora de tirar o pó das peças guardadas e começar algumas melhorias. A primeira delas, foi a pintura da tampa de válvulas para fazer jus ao apelido do motor, “Silvertop”.

Nada como um motor saudável:

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Tampa em processo de pintura. Apliquei o procedimento básico de pintura que aprendi: Lixamento, limpeza, descontaminação, base e pintura.

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Tampa pintada e instalada, com a devida substituição da junta.

Dica: Sempre use juntas originais. As paralelas acabam vazando e não valem a “economia”.

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Limpeza da flauta e troca do kit de reparo dos bicos que foram limpos e testados em bancada.

Próximo passo, melhorar a admissão de ar. Para tanto, instalei um CAI (Cold Air Intake) composto por tubulação de alumínio de 3”, um filtro de ar protegido por uma estrutura em fibra de carbono (CDA) além das conexões em silicone.

Outro upgrade necessário. Substituir a linha de combustível, já que a nova bomba empurra a 3bar.

Utilizei mangueiras de 8mm na linha e aeroquipes padrão AN6 no cofre.

A montagem deu um certo trabalho pois não comprei as tais chaves de alumínio para rosquear as conexões. Recorri ao improviso.

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Aeroquipes instalados no cofre.

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Como nem só de upgrades vive um projeto automotivo, momento bricolagem. Vetorizei o leão utilizado na logo da Peugeot (nos carros Old School) e outro amigo, Pedro Pellegrino, usinou a badge em sua CNC. O resultado ficou muito bom!

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Algumas mangueiras de silicone depois.

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Mais DIY. Desta vez transformei um extintor Xing Ling em reservatório de óleo (não me perguntem porque comprei este trambolho). Utilizei uma mangueira aeroquipe AN10, conectores AN10 (um reto e outro de 90∞) e niples com rosca AN10.

Cofre finalizado.

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Farol Intake

A curiosidade é uma forte motriz criativa, mas as vezes nos leva a certas enrrascadas. Vivi umas delas ao pesquisar na internet outros projetos que envolvessem 106 quando me deparei com a foto abaixo:

referencia-farol

Ao descobrir a funcionalidade que, basicamente, permite a entrada de ar mais frio no cofre e, consecutivamente na admissão. Inicialmente procurei por faróis projetores, mas além da dificuldade de achá-los em solo brasileiro, o valor cobrado era muito alto (para meu bolso).

Conversando com outro entusiasta proprietário de 106, ele me mostrou que era possível alisar as lentes originais dos faróis. Bingo! Mataria dois coelhos com uma cajadada só. Faria a tomada de ar e, de quebra, faria o retrofit para melhorar a péssima iluminação dos faróis originais. Simples (no papel)!

A ideia ficou no papel até que, em um determinado dia, a inspiração surgiu e resolvi meter a mão na massa.

Primeiro passo, desmontar o farol.

farol-desmontado

Em seguida, cortei a lente e, proporcionalmente, a parte interna da estrutura, incluído parte do defletor. Como não tinha referências, foi no “olhômetro”. Continuei criando as peças que isolariam a parte funcional do farol com da tomada de ar. Criei moldes em papelão e os repliquei em peças de policarbonato.

Com a estrutra base pronta, fiz uma pintura básica e iniciei a construção do duto de ar interno que foi feito a partir de um pedaço de tubo de PVC.

Estrutura concluída. Hora de iniciar o retrofit. Adquiri um par de projetores bi-xenon que utiliza lâmpadas H1. Pintei os defletores de preto. Fixei os projetores e montei o farol, ainda sem as lentes. Testei o funcionamento e tudo ok.

Para finalizar, a pior parte do projeto. Lixar, lixar e lixar! Lixei, por incontáveis horas as lentes do farol. Explico. Utilizar lâmpadas xenon em faróis projetados para lâmpadas halógenas causa a dispersão do foco, causando ofuscamento nos motoristas que trafegam em sentido contrário. Por isso utilizei projetores, fiz máscara negra nos defletores e alisei as lentes. Após lixar as lentes, levei as mesmas para serem polidas por dentro e por fora. Além do polimento elas receberam um produto para proteger dos raios UV(A e B).

farol12 farol11

A cereja do bolo. Desenvolvi, utilizando a plataforma Arduino, uma “borboleta eletrônica” para a tomada de ar. A mesma é acionada a partir de uma chave instalada no painel. Assim, em caso de chuva forte, posso fechar a mesma. Como o CAI não está conectado diretamente a tomada de ar do farol, o motor funciona perfeitamente admitindo o ar que normalmente chega ao cofre.

A seguir um vídeo demonstrativo:

 

Freios

Melhorar a capacidade de frenagem de um carro preparado é uma etapa prioritária.

Providenciei um kit de pinças, pastilhas e discos de 266mm. As pinças vieram de um ZX Coupê 2.0. Mas basicamente é o mesmo conjunto usado em algumas versões do 306.

As peças estavam bem sujas. Realizei um banho químico “home made” com desengraxante e depois pintei as pinças.

Freios instalados. Nos freios traseiros, o conjunto foi revisado. Cilindros e lonas novos foram instalados e o fluído devidamente substituído.

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Dica: Caso encontre dificuldade em achar as lonas originais, use as da foto abaixo. São da Frasle e compatíveis com os Fiat 147.

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Rodas

Tive a sorte de contar com mais um amigo formado neste universo automotivo. Ele me ofertou um jogo de rodas Tsuya Spank aro 15 e com offset bem próximo ao original da Peugeot. Uma raridade.

Arrematei o jogo. Ao receber as rodas percebi que a cor que estavam pintadas não combinariam com a proposta do Smurf.  Mais uma etapa DIY.

Apliquei removedor (e me queimei algumas vezes hahahah). Lixei, lixei, lixei, limpei, descontaminei. Depois, primer, lixa, primer, lixa, tinta, tinta, tinta, lixa, verniz, verniz e verniz. Ufa!

 

Conclusão

Pois é. Muitos avanços e muitos ainda estão por vir. No próximo post, continuarei a compartilhar mais uma ida ao HRMB, os upgrades que o carro sofre, principalmente na suspensão, interior, e na eletrônica embarcada, com direito a um indicador de marchas para câmbio manual!

Até lá!

Por Cristian Privat, Project Cars #339

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