FlatOut!
Image default
Pergunta do dia

Qual é o carro de corrida mais improvável já feito?

Abrimos o dia de hoje com Chris Harris acelerando (com direito a várias curvas feitas de lado) o Bentley Continental GT3-R, versão “depenada” de um dos grandes cupês de luxo vendidos atualmente, o Continental GT, inspirado no Bentley Continental GT3 que participa da Blancpain Endurance Series. O vídeo nos fez pensar o quanto é estranho ver um Bentley transformado em um carro de corrida e, em uma daquelas situações em que uma coisa leva a outra, surgiu a pergunta: que outros carros de corrida improváveis já foram feitos?

Vamos explicar melhor: o Bentley Continental GT definitivamente não foi criado para ser um carro de corrida — desde que o nome Continental começou a ser usado pela marca, em 1952, os modelos batizados com ele são enormes grand tourers de luxo equipados com motores que, apesar de grandes e potentes, não foram feitos para virar tempos em autódromo ou vencer provas de arrancada.

bentley_r-type_continental_sports_saloon_by_mulliner_30

O primeiro Bentley Continental, de 1952

Desde então a família Continental se dividiu em duas: de um lado, o Continental Flying Spur, sedã de extremo luxo que hoje é chamado de Flying Spur e equipado com um W12 biturbo de seis litros e 624 cv, e o Continental GT, cupê que foi lançado em 2003 e não mudou muito nem mesmo com a chegada de sua segunda geração. O fato é que todo Bentley moderno é um carro que beira as 2,5 toneladas e não é exatamente a primeira opção quando alguém decide fazer um carro de corrida (ou de arrancada…). Na verdade, temos quase certeza de que em 99,9% dos casos, ele nem é uma opção (a menos que você seja esse cara).

bentley_continental_gt_2

Acontece que, como já vimos em um dos primeiros posts da nossa série Lendas de Le Mans, a história da Bentley é intimamente ligada ao automobilismo e, logo entre seus primeiros triunfos nas pistas, lá nos anos 20, está uma bela sequência de vitórias nas 24 Horas de Le Mans — algo que só foi repetido novamente quase oito décadas depois, quando o Bentley Speed 8 venceu a edição de 2003 da corrida em La Sarthe. Então, dez anos depois, a Bentley decidiu retornar ao automobilismo com o Continental GT3.

492552015_640

O carro, equipado com um V8 biturbo de quatro litros com potência limitada a cerca de 500 cv (para ficar de acordo com o regulamento do FIA GT3), foi revelado no Goodwood Festival of Speed em 2013. A Bentley garante que removeu tudo o que acrescentava peso sem melhorar o desempenho, e isto incluiu quase todo o acabamento do interior, diversos sistemas elétricos e mais de 50 módulos eletrônicos.

O resultado? Um carro que, apesar dos 1.300 kg (cerca de 50 kg a mais do que a média entre a concorrência, que inclui caras como Ferrari 458 Italia, Lamborghini Huracán e Audi R8), foi capaz de vencer duas corridas em 2014 — em Sebring e Paul Ricard.  O fato de ter vencido é só um detalhe — o que conta é que é preciso ser meio louco para correr de Bentley.

mercedes-benz_amg_300_sel_6.3_race_car_6

Agora, não foi a primeira vez que alguém correu com um carro que não foi feito para isto. Como já contamos aqui, antes de se tornar a preparadora oficial da Mercedes-Benz, a AMG era uma equipe de corridas, e seu carro de estreia não poderia ser mais improvável: um Mercedes-Benz 300 SEL, que estava no topo da linha da Mercedes em 1971.

mercedes-benz_amg_300_sel_6.3_race_car_17 mercedes-benz_amg_300_sel_6.3_race_car_12

A AMG preparou o motor, um V8 de 6,8 litros, para entregar 438 cv e, apesar de trocar alguns componentes de aço da carroceria por peças de alumínio para reduzir peso, ainda manteve itens como direção hidráulica, suspensão a ar e quase todos os acabamentos do interior, incluindo a madeira no painel e os carpetes. O carro de 1.635 kg chegou em segundo lugar nas 24 Horas de Le Mans de 1971 nas mãos de Hans Heyer e Clemens Schickentanz, e colocou a AMG no mapa.

O carro que aparece no vídeo é uma réplica feita pela própria AMG. O carro original está desaparecido desde os anos 1970

Mas nós não nos referimos apenas a carros de luxo: há vários casos de carros populares, frugais e lentos, foram transformados em monstrinhos para a pista. Lembra da Stock Hatch, com compactos europeus como o Citroën Saxo e o Peugeot 106? E dos Trabant de corrida? Há diversos exemplos, e por isso queremos saber: qual é o carro de corrida mais improvável já feito? Você já sabe: a caixa de comentários está aberta e esperando suas sugestões!