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Um dos 350 Toyota 2000GT que existem no mundo está à venda por US$ 1 milhão

Parabéns a você que guardou todas as suas economias para comprar um Toyota 2000GT e só estava esperando um deles aparecer à venda, porque chegou a hora! Bem, alguém aí deve ter feito isto, não é mesmo? Não? Bem, sem problemas. Sempre que um Toyota 2000GT aparece à venda, é uma boa oportunidade para falarmos sobre um dos maiores clássicos da indústria automotiva japonesa.

Sim, no mesmo País que deu ao mundo o Nissan Skyline GT-R, o Toyota Supra Mk4, o Mazda RX-7 e diversos outros esportivos lendários, um grand tourer com um seis-em-linha de dois litros e 150 cv é considerado um verdadeiro mito sobre rodas. Há até quem o chame de “o primeiro supercarro da história do Japão”, mesmo que ele não tenha um V8, V10 ou V12 girador atrás dos bancos.

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Não é para menos: o motor alimentado por três carburadores Solex tinha comando duplo no cabeçote e foi projetado com a ajuda da Yamaha — e esta é uma história curiosa que já contamos aqui: o 2000GT foi, na verdade, projetado pelo designer alemão naturalizado americano Albrecht Graf Von Goertz em parceria com a Nissan.

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O projeto foi recusado em 1964 porque o motor não atendeu às expectativas da Nissan, e então Goertz e a Yamaha levaram o cupê esportivo para a Toyota, que o apresentou em 1965. A Nissan se arrependeu quase imediatamente e acabou lançando o 240Z, que seguia mais ou menos a mesma fórmula, em 1969.

Em 1967, o 2000GT começou a ser produzido, e continuou até 1970. Não há concordância a respeito da quantidade de exemplares produzidos, mas fala-se em algo entre 343 e 351 exemplares (por isso arredondamos ali em cima). E ele era um carro e tanto!

A Toyota aceitou a proposta da Yamaha porque sua imagem junto ao público era a de uma marca extremamente conservadora, meio “careta”. Ou seja: era necessário um carro bonito, luxuoso, veloz e bom de guiar. Se hoje estamos falando do 2000GT com tanta admiração, é porque eles conseguiram fazê-lo exatamente assim.

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A construção monobloco com carroceria de alumínio garantia o baixo peso de 1.120 kg e também uma carroceria bastante rígida, enquanto a suspensão independente por braços assimétricos nas quatro rodas dava conta da dirigibilidade precisa, ao mesmo tempo em que proporcionava a relativa maciez que se espera de um GT. Tanto que a Road & Track avaliou uma unidade de pré-produção e o comparou positivamente ao Porsche 911, que havia sido lançado havia apenas três anos e já havia se tornado referência em condução esportiva. O 2000GT tinha diferencial de deslizamento limitado e era capaz de chegar aos 217 km/h — desempenho que lhe valeu o título de “primeiro supercarro japonês”, mesmo que não seja tecnicamente um supercarro.

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E não apenas isso: a carroceria inspirada pelo Jaguar E-Type também foi alvo de elogios (para este escriba, que já diz isto com receio de ser crucificado, é ate mais bonita que a do britânico), bem como o interior confortável, luxuoso e ergonômico, ainda que fosse meio apertado. A R&T disse que o 2000GT era um GT de luxo “impressionante para estar dentro ou dirigir, ou simplesmente admirar”.

E isso continua sendo verdade, mesmo quase cinco décadas depois. E dá para comprovar com este exemplar que está à venda no eBay.

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Trata-se de uma verdadeira joia, com apenas 3.728 km (2.317 milhas) rodados e apresentação impecável. De acordo com o anunciante, o exemplar vermelho “Solar Red”, nº 193, foi fabricado em janeiro de 1969 e entregue a seu primeiro proprietário, na Suíça, em 1971. Depois de passar por alguns donos, todos da mesma cidade, Safenwil, o carro foi parar em uma coleção particular e ficou lá por 30 anos. Em 1993, o carro — que já estava bem conservado, diga-se — passou por uma restauração mecânica e estética completa, e está como novo desde então.

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O detalhe mais interessante, do ponto de vista de um colecionador, é o fato de este ser um dos 62 exemplares com volante do lado esquerdo, destinados à exportação. O valor pedido, sendo assim, é plenamente justificado: US$ 999,5 mil (demos outra arredondada, afinal faltam apenas 500 dólares para um milhão), ou R$ 3,91 mihões em conversão direta. Se fosse um leilão, certamente o preço final seria ainda maior.