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Project Cars Project Cars #149

Uma Kombi preparada na pista: conheça a história do Project Cars #149

Então, amiguinhos. Estou aqui de novo para compartilhar com vocês mais uma historia envolvendo um Volkswagen. Sim: meus outros Project Cars são um Fusca e um Polo GTI, mas hoje a historia é sobre uma Kombi 2010/11 que comprei zero-quilômetro. Apertem os cintos e vamos nessa!

Posso começar o texto afirmando que é um carro fantástico… e para deixá-lo ainda mais fantástico, montei alguns acessórios, como vidros elétricos, travas, alarme e um radinho original VW que oferece a tecnologia Bluetooth e gostaria de deixar claro, que esse é o ápice de tecnologia oferecido nesse carro.

Minha ideia com relação a Kombi era de ser um utilitário de baixo custo, afinal até o fim de sua produção era a van mais barata que podia ser encontrada no mercado, então consegui unir a necessidade profissional/pessoal e cheguei à conclusão que seria a melhor escolha.

Porém minhas expectativas com a Kombi foram exageradas. Sinceramente eu esperava um carro 2010/11 e não um carro 1960/2011. A folga no volante era um opcional que eu não queria, o limitador de velocidade também. O câmbio, que piada, precisava ficar procurando as marchas. Tinha até cheat code: fazer redução da terceira para a segunda sem antes engatar a quarta era algo impossível. Ela também podia ter uma suspensão mais firme, apesar de ser muito confortável, e um motor com desempenho de 1.4 não de 0.8. Fico imaginando esse carro carregado ou em uma subida de serra e finalmente entendo o olhar de ódio que minha avó me fez quando ela me viu conduzindo a viatura, um colesterol do trânsito, a puxadora fila de tão lenta que é.

Analisando os fatos a primeira coisa que fiz foi instalar catracas na suspensão dianteira e ajustar os dentes da suspensão traseira e pronto! O carro agora estava no chão. Só não contava que quase todos os componentes da suspensão e até os eixos traseiros pudessem bater nas longarinas e que os pneus dianteiros fossem pegar tanto na caixa de roda. Ainda para ajudar, as longarinas da Kombi moderna na parte traseira, são diferentes das antigas. Nas mais velhas elas sobem livrando o eixo enquanto a moderna passa bem rente. Tive que inverter os terminais de direção, inverter a posição do amortecedor da direção, abrir caminho nas longarinas, até fazer uma tunagem nos canos de água do motor que passam perto da suspensão dianteira.

Mas quem disse que o barulho sumiu? Acho que são as molas. Uma outra consequência negativa que apareceu, foi o desgaste excessivo dos pneus dianteiros. A geometria da suspensão mudou com ela rebaixada… então quando a suspensão agia, as rodas abriam e fechavam esfolando os pneus. Em certas ondulações os pneus chegavam a cantar de tanto que o alinhamento corria. Para resolver isso, tive que mudar o ângulo dos terminais de direção. Foi uma obra de arte e pense num sobe e desce no elevador para achar o ponto certo. No fim ficou joia, e agora não gasta mais pneus.

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Uma coisa que estava me incomodando profundamente era a falta de direção hidráulica, um carro tão medíocre, que tem uma direção pesada e quanto mais carregado mais impossível ficava de manobrar. Fazer uma baliza era uma suadeira. Então comecei a pesquisar na net a procura de algo improvável: uma direção hidráulica para a Kombi. Pois acabei encontrando! Uma das partes boas é que a folga quase sumiu e a outra é que a direção ficou uma manteiga.

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Mais uma vez na net comecei a procurar uma solução para as marchas loucas, então achei o Short  Shifter da Empi para a Kombi e o punta tacco entrou em ação! Mas somente depois de eu ter feito um alongador para o pedal do acelerador… pois ele é tão distante do pedal do freio, que até dores no tornozelo e no joelho eu estava tendo.

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Quem nunca dirigiu uma dessas maravilhas tem que levar em consideração que a posição de dirigir uma Kombi é como se você estivesse sentado junto a uma mesa e os pedais do acelerador e freio, que deveriam ser alcançados somente com o leve movimento do tornozelo e perna, não são alcançados assim, normalmente o motorista tem que levar a perna de um pedal a outro. Pode não parecer, mas repetir essa manobra no trânsito é muito cansativo, pois o tornozelo não esta apoiado no assoalho aliviando o peso. Com o alongador o problema foi resolvido. Ficou “de fábrica”.

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Uma alteração interessante que fiz foi trocar o painel de instrumentos por um do Gol ou Fox não sei ao certo, notei que eles tem a mesma aparência interna, então desmontar um pelo outro não foi problema. Fiz essa troca porque o painel original não oferece leitura de giro e temperatura de água do motor e por capricho meu, gostaria de ter essas informações.

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Apostei que tudo funcionaria de primeira, mas não foi bem assim. O conta giros e a leitura da temperatura funcionaram como deveriam, porem a velocidade marcou bem errado, então tive que ir em uma casa de velocímetros para montarem um divisor e problema resolvido.

Outra coisa que não me agradava era à força do motor e consequentemente a velocidade final. Descobri que o motor da Kombi tinha uma calibração que favorecia o torque a baixo giro, então tinha corte de giro a 5.500 rpm e em quarta marcha o corte era a 4.500 rpm limitando a 130km/h.

Depois de algumas horas na frente do computador, descobri que era possível retirar o limitador do corte de giro, também descobri que a coroa e pinhão do Gol a ar são mais longas que o da Kombi se não me falha a memória iguais ao do tão falado SP2, e que o comando de válvulas precisaria ser trocado para ter eficiência em giros mais altos. Mas na hora do vamos ver acabei decidindo por transformar o motor para 1,6l, fazer o cabeçote e o escape.

No final das contas, deu mais trabalho do que o esperado, mas posso dizer que o resultado ficou excelente. O torque mesmo com a relação alongada ficou muito bom e o carro conseguiu desenvolver ate velocidades impressionantes no vácuo e na descida. Cheguei até a cogitar a montar um supercharger, já que o cofre do motor da Kombi tem espaço, mas acabei deixando de lado. Percebi que com meu estilo de direção eu acabaria em um caixão branco igual à Kombi.

Uma vez na BR estava alcançando o Top Speed quanto um Monza com duas varas de pesca saindo pela janela decidiu não levar a Kombi a sério. Ele entrou acelerando na rodovia e sem pensar duas vezes se colocou a poucos metros a minha frente. Não deu outra: comecei a me aproximar ainda mais, pois estava no vácuo do Monzão. Por um instante me senti na Nascar! Deu para perceber que o motorista e o passageiro estavam se perguntando como era possível.

Fiquei na perseguição por uns instantes, notei que o Monza havia chegado no Top Speed dele, até que eles desistiram e me deram passagem. Ou tentaram… pois quando saíram da minha frente quem disse que eu conseguia passar? A Kombi mostrou toda sua vantagem aerodinâmica me deixando por ali mesmo, lado a lado com o Monzão e as varas de pesca saindo pela janela. Mas ok, cheguei aonde queria e o momento “Dias de Trovão” chegou ao fim.

Um outro VW serviu de doador de peças para a Kombi. Acabei trocando o banco do motorista, freios dianteiros e rodas. E para trocar as rodas deu trabalho: o desenho arcaico das pontas de eixo da Kombi me fizeram gastar algum tempo num torno procurando o ajuste certo para encaixar as novas rodas. Nesse tempo perdido no torno, acabei montando barras estabilizadoras da Empi para dar uma travada na carroceria e na suspensão. Alguns testes práticos depois as barras mostraram sua eficiência, quando fui subir um meio fio e uma roda traseira ergueu-se e ali ficou girando em falso. Em vez de retirar as barras, montei um blocante e pronto! Problema resolvido.

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Participei de dois track days com o carro, um em Curitiba e outro em Brasília. Participar do track Day é uma forma bonita de dizer que fui fazer bagunça. Porque os tempos de volta apesar de terem me deixado na lanterna nos dois eventos deixaram a Kombi orgulhosa!

Hoje, posso dizer que a Kombi está aposentada das pistas, cheguei a conclusão que se a ideia é andar rápido, não é o carro ideal para esse tipo de evento então foquei e resto do projeto para se tornar um carro família.

Consegui achar no Mercado Livre o tecido Laguna dos antigos GTI para o interior do monstrão. A única coisa que pequei, foi não acreditar em um anúncio sobre o Laguna liso. No anúncio era descrito que aquele tecido custava o olho da cara, porque sua cor era equivalente ao Laguna vermelho. Achei que fosse papo de vendedor, comprei o mais barato e me dei mal: recebi um tecido bem mais claro, por um terço do preço. Montei assim mesmo, que se dane. Ficou bem bonito, apesar dessa diferença me incomodar.

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Para deixar o carro mais confortável, também montei um sistema de ar-condicionado. O Fornão agora pode ser uma geladeira quando for necessário. Nos dutos de distribuição do ar-condicionado dentro da cabine, existe um sistema de iluminação muito legal que resolveu o problema do “buraco negro” que são os bancos traseiros quando não existe luz na garagem, agora nada se perde lá atrás.

Uma outra tunagem que prova que não tenho a capacidade de ser cirurgião foi tentar instalar um logo de GTI no volante. É uma plaquinha retangular com o GTI em relevo que tirei do Polo e a ideia era instalar no volante da Kombi. Para isso acontecer eu precisaria fazer uma pequena incisão e remover algum material do volante para poder encaixar o logo. Claro que tudo deu errado: cortei torto, errei na quantidade de material a ser retirado, ficou bem longe do que eu esperava. Até tentei usar silicone vermelho para dar uma enganada, mas só piorou tudo! Deixei desse jeito, depois compro um volante novo.

Por enquanto é isso, pessoal. No próximo texto conto mais. Até lá!

Por Plautos Lins, Project Cars #150

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