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Automobilismo Zero a 300

40 anos da Williams: a história contada por seus carros e pilotos em Silverstone

No último dia 2 de junho a Williams reuniu seus modelos históricos, pilotos e amigos da equipe para a comemoração dos 40 anos da equipe — a última grande equipe independente da Fórmula 1. O leitor Giorgio Pasquali esteve em Silverstone assistindo à festa de aniversário e nos enviou seu relato. 

Parece que até mesmo Sir Frank Williams, aos seus 75 anos, acha difícil acreditar que já se passaram 40 anos desde que ele e Patrick Head fundaram a Williams Grand Prix Engineering.

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O sol colaborou no início da manhã do evento mas, estando na Inglaterra, é claro que choveu ao longo do dia! Mesmo assim, o evento seguiu conforme o cronograma e tivemos a oportunidade de celebrar a história da Williams nesse 2 de junho especial.

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March 761: onde tudo começou…

Frank Williams era um mecânico de carros de corrida e até correu algumas vezes antes de fazer parte dos Grand Prix juntamente com seu amigo e piloto Piers Courage, em 1969. Os resultados foram aparecendo, com isso, o jovem Frank almejava maiores resultados e o sonho de projetar seu próprio carro. Foi então que alguns patrocinadores – Saudia Airlines, BelleVue Brewery – e Patrick Head se uniram para iniciar efetivamente a Williams Grand Prix Engineering atrás do volante de uma Brabham.

Naquela época, compraram um carro de segunda mão, pilotado pelo belga Patrick Nève. Conseguiram alguns motores Cosworth e fizeram modificações no carro para melhorar a segurança, desempenho e estabilidade. Sua melhor colocação foi um 7º lugar, porém Head estava se dedicando ao projeto do carro para o próximo ano, o que não possibilitava muito tempo para os acertos do carro atual.

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“O FW06 foi o carro com o qual construímos nossa empresa” – Frank Williams

O F06 foi o carro com que a Williams se consagrou, sendo o primeiro Formula 1 da equipe. Apesar de não ter o famoso efeito solo das equipes de ponta daquela época, o carro marcou presença no pódio em Watkins Glen. Tecnologicamente falando, estavam um ano atrás das melhores equipes. Mesmo desprovida de tecnologia de ponta, é considerado um dos melhores carros sem efeito solo já construídos. Terminou praticamente todas as corridas da temporada e proporcionou muito aprendizado à equipe tendo em vista que era uma situação completamente nova para todos. A temporada de 1978 foi muito trabalhosa, uma vez que Frank e seu Diretor Técnico Patrick Head estavam projetando o carro para 1979.

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Williams FW07 trouxe a primeira vitória para a equipe no GP de Silverstone

Clay Regazzoni havia recém entrado para a equipe e pilotou a FW07 em casa, garantindo uma vitória com vantagem de 24 segundos para o segundo colocado. Frank finalmente tinha um carro com potencial para chegar onde queria.

Segundo Sir Frank Williams, “aquela primeira vitória foi, sem sombra de dúvidas, um dos melhores dias da minha vida e na de Patrick. Eu me recordo de voltar para casa com minha esposa naquela tarde refletindo sobre o fato de que nós éramos uma equipe de GP moderna. Uma equipe de competição atualizada tão boa quanto qualquer outra.”

Em seguida veio o FW08/C. Seus pilotos eram: Keke Rosberg, Derek Daly, Jacques Laffite e Jonathan Palmer.

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Um começo tardio no desenvolvimento da FW08, o carro só fez sua estreia na 5ª corrida do campeonato de 1982, no GP da Bélgica. Até aquele ponto, a equipe corria com a FW07C do ano anterior. O motor Cosworth ficou pequeno perante os turbos rivais, mas a confiabilidade do motor aspirado ainda concedeu o título a Keke Rosberg.

A temporada de 1982 foi peculiar. Segundo Frank, consistência era o segredo para vitória daquele campeonato e Keke era um piloto consistente. Ele teve uma vitória e cinco pódios e ganhou o título por cinco pontos de diferença.

Para Frank Williams, “a FW08 foi um bom carro; um carro que Keke conseguiu pilotar de verdade. Mas ficou claro para nós que os motores turbo eram o futuro e nós já trabalhávamos duro para encontrar uma combinação de motor turbo ideal.”

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FW08/B

Quando falamos em F1 de seis rodas, é quase de imediato que surge aquela imagem da Tyrrell P34 na cabeça, não?

Bem, a Williams teve seu momento seis rodas também. O primeiro foi chamado de FW07/D de 1979 e o segundo foi o FW08/B de 1982.

Um projeto bastante interessante e com alguma lógica. A ideia era ter mais tração para o carro, utilizando as mesmas medidas dos pneus dianteiros na traseira do carro. Deu certo, segundo os tempos dos testes feitos, seria um carro competitivo, porém a FIA decidiu mudar o regulamento, proibindo carros de seis rodas, então o projeto ficou engavetado e ela nunca chegou a correr oficialmente.

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FW07 e FW10 em segundo plano. Quem poderia esquecer aquela pole de 1985? 

Durante a sessão de Qualify do GP de Silverstone, Keke Rosberg estabeleceu um recorde de velocidade de 258,94 km/h que durou até 2002! O recorde foi quebrado por Juan Pablo Montoya também em uma Williams! Fantástico, não?

Já dava para perceber a superioridade dos carros da Williams, a determinação e o foco da equipe. Os motores turbos marcaram essa era. Havia ainda alguns problemas de confiabilidade quanto ao funcionamento dos turbos, mas era um passo que a Williams deveria dar se quisessem vencer corridas e ganhar a briga entra as outras equipes.

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Honda FW11/FW11B

Em março de 1986 Frank sofreu um grave acidente que o deixou paraplégico. Patrick não se deixou abalar e continuou liderando a equipe até o retorno de Frank.

A disputa pelo título estava muito acirrada. A Williams tinha chance de conquistar o campeonato mundial com seus dois pilotos, mas depois de uma disputa interna entre Mansell e Piquet, somada a um pneu estourado de Mansell e uma parada praticamente obrigatória para Piquet no GP da Austrália abriram caminho para Alain Prost faturar o título de pilotos. A Williams conseguiu somente o título de construtores. Ao menos em 1987 Nelson Piquet conquistou o título de pilotos.

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Williams-Renault FW14B

Os fãs devem lembrar muito bem das gloriosas manhãs de domingo e dos inesquecíveis e imbatíveis carros azul, branco e amarelo da temporada de 1992. Um verdadeiro marco histórico, divisor de águas na história da Fórmula 1.

É considerado um dos carros de GP tecnologicamente mais avançados já construídos. Este carro estreou um conjunto de transmissão semi-automática, suspensão ativa e controle de tração, fazendo este exemplar ser praticamente imbatível nas pistas.

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Além da superioridade tecnológica, seu motor Renault V10 3.5 tinha 30 cv a mais que os outros carros. Claire Williams diz que com a tecnologia do carro teria sido possível controlá-lo dos boxes.

Mansell venceu as cinco primeiras corridas da temporada de 1992, todas elas com a pole, seguido pelo seu companheiro de equipe Riccardo Patrese. O ciclo foi quebrado por um brasileiro no GP de Mônaco. Lembram das últimas voltas? Ayrton Senna deixou Mansell sem ponto de ultrapassagem e o brasileiro acabou vencendo. Naquela época, houve muitos comentários, queríamos ver o melhor piloto no melhor carro, e isso aconteceu em 1994, mas a Williams não tinha mais o melhor carro e todos sabem como essa história terminou.

Das 16 corridas do campeonato daquele ano, Mansell conquistou 14 poles e nove vitórias. Patrese teve oito pódios e uma vitória no Japão, terminando o campeonato de construtores com 165 pontos, 65 a mais que o rival mais próximo, a Mclaren.

Um fato muito especial é que este carro não dava o ar da graça nas pistas desde 1992. Foi realmente fabuloso vê-lo novamente. O ronco é absolutamente incrível. Enquanto escutava ela rasgar a reta de Silverstone eu imaginava como teria sido o Grid cheio e o número de decibéis gerados na largada. Fabuloso!

Frank Williams orgulha-se: “Este é um carro dos sonhos, um triunfo da engenharia de Patrick e Adrian. O campeonato daquele ano foi clímax da minha carreira porque o carro era rápido em qualquer lugar. Não tinha pontos fracos.”

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Williams FW36

Depois, o FW36 foi o primeiro a receber um motor Mercedes e, com as novas regulamentações dos carros híbridos em 2014, o primeiro propulsor turbo desde o fabuloso FW11/B do campeonato de 1987.

Acredito ser um dos carros mais belos da F1 atual. As cores da Martini Racing são tão nostálgicas que caíram muito bem no design dos carros atuais. Essa pintura não era vista nas pistas desde o final da década de 70.

A Williams obteve nove pódios com esse carro, fazendo um campeonato forte e terminando com seus dois pilotos no pódio em Abu Dhabi, garantindo um terceiro lugar no campeonato.

Em seguida a chegada mais esperada do dia, depois do FW14B, Sir Frank Williams é ovacionado pelo público

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Foto histórica: Martin Brundle, Damon Hill, Riccardo Patrese, Nigel Mansell, David Coulthard, Keke Rosberg e Nico Rosberg

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E o registro oficial dos 40 anos da equipe Williams: Felipe Massa, Lance Stroll, Antônio Pizzonia, Paul Di Resta, Martin Brundle, Claire Williams, Riccardo Patrese, Nigel Mansell, Keke Rosberg, David Coulthard, Damon Hill, Pastor Maldonado, Karun Chandok, Alex Wurz. À frente, entre os carros, Frank Williams e Patrick Head, os donos da festa:

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Claro que este foi um breve relato do evento, e que teria muito mais a se falar dessa magnífica equipe e seus carros. Um pequeno vídeo do que aconteceu no dia do evento em:

Foi um grande dia de fortes emoções, e não me sentiria bem em não compartilhar isso com outros entusiastas como eu.

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Agora, encerro com mais uma frase de um homem que demonstrou toda sua determinação, dedicação e foco nos últimos 40 anos:

If I had to choose one favorite Williams driver I would have to choose Ayrton he was something really special” – Sir Frank Williams.

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