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Car Culture

A história dos conceitos esquecidos do Audi TT

Acredite se quiser, mas já faz 20 anos que o Audi TT começou a ser esboçado pelos designers J Mays, Freeman Thomas, e Peter Schreyer (sim, o cara por trás da evolução da Kia).  

Tudo começou no departamento de design do Grupo Volkswagen na Califórnia, no outono de 1994. O projeto 297 tinha como ponto de partida dois modelos: um cupê e um roadster. A ideia original era lançar uma versão de entrada com um motor 1.8 aspirado de 125 cv, um 1.8 turbo de 150 cv e um VR6 2.8 aspirado de 200 cv, mas entre o desenvolvimento do carro em 1994 e 1995 e seu lançamento em 1998, as outras duas fabricantes de luxo alemãs lançaram seus esportivos compactos na forma do Z3 e do SLK, e isso exigiu uma revisão na gama de potência do TT. 

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Assim, ele foi lançado com o motor 1.8 Turbo de 180 cv do Audi A3, que acabou chegando aos 225 cv, e tornou desnecessário o VR6 2.8 de 200 cv. O restante da história todos conhecemos bem: o TT foi apresentado na primeira edição do Salão de Frankfurt, tornou-se um sucesso de público, ganhou versão de produção, vendeu muito, agradou boa parte da imprensa e deu origem a uma segunda geração.

TTBook

O que quase ninguém sabia é que a equipe de designers da Audi nos EUA trabalhou em uma série de variações do TT, que acabaram nunca tornando-se realidade. Faz parte do desenvolvimento de um novo projeto: os departamentos e marketing, engenharia e design se juntam para definir todas as possibilidades viáveis de explorar o projeto comercialmente em forma de variações de modelos e carrocerias para obter o máximo retorno sobre o investimento feito.

Audi TT PLan

Nesses estudos foram idealizados duas versões de alto desempenho chamadas Spyder. Como o nome sugere, elas seriam baseadas no TT Roadster e teriam um para-brisa mais baixo e inclinado. O teto também seria mais baixo, e numa das versões ele seria formado apenas por uma cobertura de lona, de forma muito parecida com o que veio a ser o Porsche Boxster Spyder 18 anos mais tarde.  A outra, teria teto rígido e exigiu uma segunda janela lateral que acabou adotada no modelo final do TT Coupe.

Os dois TT Spyder usariam o motor 1.8 Turbo calibrados para produzir 230 cv, que seriam enviados ao tradicional sistema de tração integral da Audi. Ambos seriam produzidos pela quattro GmbH de modo praticamente artesanal e com materiais de liga super leve.

Infelizmente para nós (e felizmente para a Audi) os modelos nunca precisaram ser construídos. As duas versões convencionais foram suficientes para garantir uma boa lucratividade com o projeto, e a diferença de potência seria tão pouca que não justificaria o preço bem mais elevado cobrado pela produção artesanal.

Além do TT Spyder, os designers ainda esboçaram outras versões exclusivas como esta “barchetta” inspirada no Porsche 917…

Audi917   

… e este modelo com perfil de carro de corridas, com escape lateral e as icônicas rodas Porsche Cup, pensado para um programa de automobilismo para clientes da marca:

AudiCup

A versão de alto desempenho e com tração integral chegou apenas em 2003, com o lançamento do TT 3.2 VR6 de 250 cv com câmbio DSG, mas foi apenas na geração seguinte lançada em 2006 que o Audi TT finalmente ganhou as versões S/RS da quattro, e os modelos de corrida, disputando as 24 Horas de Le Mans e o DTM.

Isso tudo nos leva a imaginar uma realidade paralela onde os modelos Spyder foram lançados e o pequeno TT disputou campeonatos automobilísticos mundo afora, mas também é uma clara lição de como é feito o planejamento dos novos modelos e que algumas novidades para o público já foram pensadas pelos engenheiros e executivos com muita antecedência.