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A Koenigsegg acaba de lançar o terceiro carro f*** do ano: conheça o Gemera de 1.700 cv

Caramba, o que está acontecendo com o mundo nesta semana? Ela começou com a volta do Alfa Romeo Giulia GTAm, depois trouxe o McLaren 765LT e o novo Porsche 911 Turbo S. E como se não pudesse melhorar, a Koenigsegg aparece com o carro mais insano, absurdo, desnecessário, sem sentido e desejável que alguém poderia conceber: um super GT de motor central-traseiro com quatro lugares, 1.700 cv e um nome no pretérito mais-que-perfeito: Gemera.

Sim: 1.700 cv. São 425 cv por ocupante — mais ou menos como dar um GT convencional para cada um e depois juntar tudo em um carro só. Tão impressionante quanto isso, é o fato de que, mesmo com um conjunto mecânico mais potente que toda a linha Volkswagen somada, ele tem espaço para a bagagem dos quatro ocupantes. Aliás, não se trata de um 2+2, com espaço apenas para crianças ou praticantes de ioga nos bancos traseiros. Ele transporta mesmo quatro adultos e ainda sobra espaço para porta-copos e telas adicionais do sistema multimídia e até uma base de recarga de celulares por indução.

O problema mesmo deve ser usar esta base, porque com 356 kgfm o conjunto literalmente arremessa o carro até os 100 km/h em 1,9 segundo e, segundo Christian von Koenigsegg, o empurra até os 402 km/h. Esperamos que ele coloque esta velocidade máxima à prova, porque isso fará dele o carro de quatro lugares mais rápido da história.

É realmente algo jamais visto, o que corrobora a descrição do carro por Christian von Koenigsegg: “uma categoria completamente nova, na qual um megacarro ganha interior espaçoso e preocupação ambiental”.

Sim: preocupação ambiental porque, desta vez, os 1.700 cv não são produzidos por um imenso V8 com dois turbos que desperdiçam mais gasolina que o governo venezuelano. Desta vez o carro tem três motores elétricos e um motor 2.0 biturbo de três cilindros. Dois motores elétricos ficam nos eixos, e o terceiro fica conectado ao virabrequim do 2.0. Sozinhos eles produzem 1.100 cv e podem levar o Gemera aos 300 km/h, além de empurrá-lo por 50 km.

Já o 2.0 produz os outros 600 cv e 61 kgfm com a ajuda de dois turbos e abastecido com etanol. Ele também é a primeira aplicação em série do motor “Freevalve”, que substitui as árvores de cames por atuadores eletromecânicos no comando de válvulas. É o fato de queimar etanol e ser razoavelmente eficiente para um motor de 600 cv que faz Koenigsegg dizer que seu novo “megacarro” é ecologicamente correto. Gostei desse ponto de vista que me permite queimar combustível sem culpa.

Brincadeiras à parte, ainda não consegui digerir muito bem as características do carro. Ele é um “megacarro” de 1.700 cv e 402 km/h, mas tem quatro lugares e até ISOFIX na traseira. Ele tem motor central-traseiro, mas tem espaço para bagagem e quatro suecos. Ele tem três metros de entre-eixos, mas apenas duas portas — duas portas enormes que dão acesso ao banco traseiro e se abrem para o alto. E elas têm um nome igualmente impossível: “Portas Automatizadas de Atuação Rotacional Sincro-helicoidal da Koenigsegg”, mas pode chamar de portas enormes e complicadas e incríveis.

O carro ainda não foi avaliado, mas sendo um Koenigsegg, o Gemera certamente será um grande carro. Mas nem precisaria, porque ele é um sopro de novidade em um mundo ligado em carros elétricos tediosamente voltados a serem patinetes fechados de quatro rodas, SUVs que gastam o combustível que os elétricos economizam e urbanistas que desejam que o mundo volte a andar de trem.

Ele é um carro que, se fosse anunciado com antecedência — ou por um engenheiro menos conhecido —, ninguém acreditaria na viabilidade, porque ele pega tudo o que sabemos sobre os GT, os supercarros, os sedãs e vira ao contrário. O Corvette tem motor central-traseiro e espaço para bagagem, mas não tem espaço para quatro pessoas. O McLaren F1 também tem espaço, mas leva “apenas” três — e um deles precisa ser seu assistente nos pedágios e cancelas eletrônicas. Na última vez que alguém tentou fazer um sedã de quatro lugares e motor central-traseiro, o resultado foi a Ferrari Mondial, que é, de longe, a Ferrari menos valorizada e mais rejeitada da história.

Mas o Gemera é diferente: a Koenigsegg encontrou um jeito de colocar as malas atrás do motor, quatro pessoas na frente e ainda deu 1.700 cv para que ele pudesse atingir velocidades que um carro híbrido do futuro deveria atingir regularmente.

E a história tem um final feliz, porque ele não terá uma produção limitada em 10, 25 ou 50 carros como seus pares. A Koenisegg pretende fazer 300 destes a um preço de 1,7 milhão de euros (R$ 7,8 milhões, aproximadamente). Não é nada razoável para um carro de família, mas se você considerar que este carro já nasceu como um pedaço da história do automóvel e que não há nenhum outro carro capaz de fazer o que ele faz, o preço começa a soar razoável.

Esta é, cada vez mais, uma época incrível para se gostar de carros.


 

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