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Acidente assustador de Mark Webber e vitória da Porsche marcam as 6 Horas de São Paulo

Ontem (30), o Autódromo de Interlagos recebeu a última etapa do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) da FIA — e foi palco de um dos acidentes mais impressionantes do ano, que envolveu dois velhos conhecidos: o australiano Mark Webber e a Curva do Café. O piloto passa bem e, mesmo com o acidente, a Porsche ainda teve motivos para comemorar.

Faltavam 25 minutos para o fim da prova e Mark Webber estava em sexto. Na entrada da Curva do Café, Porsche 919 Hybrid do australiano tocou a Ferrari 458 de Matteo Cressoni (um dos retardatários) e os dois carros se chocaram violentamente contra o muro. Muito mais rápido, o carro de Webber ficou totalmente destruído.

O trecho que culmina na Curva do Café é um dos mais rápidos do circuito. Começa na Junção, uma curva para esquerda que os pilotos fazem com capricho para carregar o máximo possível de velocidade na chamada “subida dos boxes” e contornar a curva totalmente flat (pé embaixo) a bordo de qualquer carro. Acontece que é preciso estar no traçado correto para que isto seja possível. Além disso, como fica em um aclive, a Curva do Café tem baixíssima visibilidade (que também é limitada pelo guard rail à esquerda) e pouca área de escape — quando algo dá errado, algo dá errado.

Ao cruzar com a Ferrari de Matteo Cressoni, Webber saiu do traçado e os dois pilotos acabaram se acidentando, quem se saiu pior foi o australiano — seu carro ficou reduzido a estilhaços e a célula de sobrevivência começou a pegar fogo. Felizmente a equipe de salvamento agiu rápido e o piloto foi removido do carro com segurança.

Apesar da gravidade do acidente e de o carro ter ficado irreconhecível, Webber saiu sem ferimentos graves e ficou “acordado e alerta” depois do acidente — e até acenou para uma foto enquanto estava imobilizado na maca.

Quando falamos em dois velhos conhecidos, nos referimos ao acidente de Webber em 2003, quando o piloto bateu seu Jaguar de Fórmula 1 no mesmíssimo trecho:

Vale lembrar que qualquer acidente na Curva do Café é seguido de momentos de tensão — o trecho já foi um dos mais perigosos do circuito, e a questão começou a receber mais atenção em 2007, quando o jovem Rafael Sperafico, que corria pela Stock Car Light, morreu depois de bater na barreira de pneus, voltar para a pista e ser atingido por outro carro. Desde então, pilotos como Nonô Figueiredo e Luciano Burti cobraram providências para aumentar a segurança no trecho e a administração da pista adotou chicanes no local, que são usadas até hoje.

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Sendo assim, acidentes como o de Ricardo Malanga que, em 2009, bateu seu Puma nº7 no trecho do Café em uma prova da Classic Cup (foto acima) — cujo relato você pode ler no Blog da Equipeficaram mais raros, mas ainda acontecem, e a batida assustadora de Webber nos lembra disso.

Agora, se um dos Porsche 919 teve um fim tão trágico, o outro carro alemão — no qual revezaram os pilotos Romain Dumas, Neel Jani e Marc Lieb — só deu alegria à equipe, recebendo a bandeira quadriculada em primeiro lugar. Foi a primeira vitória da Porsche no WEC desde as 24 Horas de Le Mans de 1987, quando Hans-Joachim Stuck, Derek Bell e Al Holbert venceram ao volante do Porsche 962C.

A prova também foi marcada pelo retorno de Emerson Fittipaldi às pistas — infelizmente o veterano brasileiro teve problemas no câmbio de sua Ferrari e chegou em penúltimo — e pela aposentadoria do dinamarquês Tom Kristensen. O piloto que mais venceu em Le Mans (nove vezes, seis delas em sequência entre 2000 e 2005) se aposentou em Interlagos, tendo dividido o volante do Audi nº1 com Lucas Di Grassi e Loîc Duval e encerrado a carreira em grande estilo, levando para casa o troféu do terceiro lugar.

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