FlatOut!
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Sessão da manhã

Acorde com 62 anos de Fórmula 1 subindo a montanha no Goodwood Festival of Speed

Antes de qualquer coisa, sim, sabemos que o vídeo foi feito em 2011. Mas é justamente aí que está o ponto em assistir a estes três minutos de largadas de carros de Fórmula 1 na famosa ladeira em West Sussex, na Inglaterra — e, principalmente, ouvir o ronco dos motores, que tanto mudou ao longo destas seis décadas. Este tipo de coisa é atemporal, e com certeza vai te fazer começar esta sexta-feira acelerando!

As coisas já começam para lá de interessantes quando o primeiro carro sai: é o Mercedes-Benz W135 de 1939 que, como o famoso W154, também competia no circuito de Grandes Prêmios que deu origem à Fórmula 1. Em vez do V12 com dois compressores mecânicos e quase 500 cv, porém, o W165 tinha um V8 de 1,5 litros, também supercharged, que entregava algo perto dos 260 cv a 8.000 rpm.

Seu ronco era uma verdadeira música mecânica e quase nos faz esquecer que a maioria dos carros nas ruas naquela época tinha um ronco bem menos estridente — nos parece impossível que, antes da década de 1940, um V8 pudesse girar a 8.000 rpm, mas era o que acontecia — felizmente. O próximo carro é o Lotus 49B, já de 1968 e equipado com o famoso V8 Cosworth DFV de três litros e 430 cv (naturalmente aspirado) girando a mais de 10.000 rpm — chamando a atenção, também, pela asa traseira elevada, algo comum naquele período de experimentações com o aparato aerodinâmico.

lotus-49b

A partir daí, temos um passeio por praticamente todas as eras da Fórmula 1, com o Renault RS01 1977 abrindo os anos de ouro dos turbocompressores com seu V6 de 3,8 litros e pelo menos 500 cv a 11.000 rpm, o Lotus 102 com seu V12 Lamborghini de 3,5 litros e 640 cv girando a mais de 13.000 rpm.

E é neste momento que começamos a sentir falta destes V12 absurdos, que foram seguidos pelos V10 ainda mais escandalosos representados aqui pelo avançadíssimo Williams FW15C, com freios ABS, controle de tração, suspensão ativa e um motor de 3,5 litros e 780 cv capaz de girar a 14.000 rpm e estourar tímpanos no processo (leia mais sobre os Williams projetados por Adrian Newey aqui).

O ronco maravilhoso da Ferrari 412 T1 e seu V12 de 3,5 litros, só porque ele não aparece no vídeo de Goodwood

Mas se você tem saudade dos V10, o vídeo também traz alguns daqueles que foram os F1 mai brutais dos últimos tempos: o Red Bull RB1 aparece com seu V10 Cosworth de três litros girando a quase 20.000 logo depois do Arrows-Asiatech A22, também escandalosamente alto.

E 2010, ano da Ferrari F10 V8 do vídeo, já havia a preocupação com a adoção dos motores V6 turbo em 2014 — o ano em que estamos, sempre ouvindo e repetindo que a atual gestão da Fórmula 1 está matando a categoria. O ronco estridente e muito alto que acompanhou a Fórmula 1 por quase cinco décadas deu lugar a um ronco bem mais contido (ou “sem graça”, como é mais comum dizer) dos V6 turbo.

O novo V6 Honda que será usado pela McLaren no ano que vem melhorou bastante as coisas (veja mais aqui), mas ainda sentimos falta dos motores de dez, doze ou até mesmo oito cilindros com rotações estratosféricas e seu ronco agudo e inesquecível.