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Aeroscreen: veja como foi o primeiro teste da proteção de cockpit da Indy

Como já havíamos dito há alguns dias, a era dos cockpits expostos está chegando ao fim. A Fórmula 1 decidiu que usará o halo como proteção para seus pilotos nesta temporada de 2018, e a Indy anunciou que irá adotar um para-brisa aerodinâmico, o Aeroscreen, a partir de 2019.

A solução da Indy foi indiscutivelmente mais harmoniosa que a da Fórmula 1, e tem até um background histórico se você considerar a semelhança com os defletores dos carros do passado. O dispositivo é produzido pela PPG Aerospace, e usa um material chamado Opticore, que é um tipo de policarbonato usado em canopis de aviões militares (como o F-16), para-brisas e janelas de helicópteros e aviões civis.

Diferentemente do halo, o aeroscreen abrange todo o campo visual do piloto, e por isso havia preocupações a respeito de distorções de imagens ou reflexos causados pela iluminação natural e artificial. Na Fórmula 1, por exemplo, Sebastian Vettel disse que ficou um pouco tonto, possivelmente devido à refração ou algum tipo de distorção causada pela lente. Por esse motivo, este foi o foco principal dos primeiros testes com o aeroscreen, realizados no último sábado (10) por Scott Dixon.

Os resultados aparentemente foram positivos, e agradaram tanto o piloto quanto os organizadores da Indy. Na entrevista após o teste, Dixon disse que “é um pouco diferente pilotar atrás de algo tão espesso” e que não percebeu nenhuma distorção nem teve problemas com reflexos.

A principal diferença, segundo Dixon, é que não há fluxo de ar no cockpit. “Não há buffeting, e é muito suave. Parece um carro com bom isolamento acústico”, disse. Por outro lado, a ausência do fluxo de ar no cockpit esquentou as coisas para o piloto. Dixon disse concisamente que é preciso melhorar o arrefecimento do cockpit e a ventilação para o piloto.

Isso acontece por dois motivos, principalmente: o para-brisa também serve como um defletor de ar, passando diretamente sobre o cockpit — é o mesmo efeito dos para-brisas Brooklands e dos carros conversíveis.

O outro é que o cockpit esquenta naturalmente devido às linhas hidráulicas de freio e embreagem, na parte da frente, à parede corta-fogo na parte posterior e ao próprio calor do corpo do piloto. E com o fluxo de ar positivo de alta pressão sobre o cockpit, o ar contido dentro do cockpit acaba retido. É mais ou menos o efeito daquelas cortinas de ar usadas nas portas de estabelecimentos comerciais para impedir que o ar refrigerado saia e o ar quente da rua entre.

 

Dixon também falou que leva alguns instantes para acostumar a visão, o que pode indicar que existe alguma refração na lente. No vídeo é possível ver que a refração acontece em um maior grau nas bordas. Veja a perna do mecânico na captura de vídeo abaixo:

FlatOut 2018-02-12 às 13.22.38

 

Por outro lado, esta refração parece acontecer somente em determinados pontos do cockpit. Do ponto de vista do piloto tudo parece sem nenhum tipo de afetação:

FlatOut 2018-02-12 às 13.26.08

Jeff Horton, diretor de engenharia e segurança da Indy, diz que Scott também não teve problemas para entrar ou sair do carro e que, no futuro, será preciso um pouco de fluxo de ar no cockpit, e que eles sabiam que isso seria necessário.

 

Horton também diz que é preciso alguns desenvolvimentos a respeito da sujeira e riscos que possam acontecer com o para-brisa: “Pensamos em usar películas, que nem o piloto usa no capacete, fabricadas pela Race Optics. A cada pitstop o mecânico pode removê-la. Quanto à chuva, há muitos produtos repelem a água. Precisamos decidir se as películas permanecem ou se elas são tiradas em caso de chuva. Mas a proteção fica a 25º de inclinação e em alta velocidade, então estamos certos de que a água irá se dispersar”.

O próximo teste ainda não tem data, mas o dispositivo será testado em um circuito de rua com o mesmo dispositivo usado neste teste de Phoenix. Caso o desenvolvimento corra como esperado, o aeroscreen deverá ser implementado a partir da temporada de 2019.