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Apollo IE: o supercarro nascido das cinzas da Gumpert com fibra de carbono exposta e um V12 Ferrari de 780 cv

Você provavelmente lembra do Gumpert Apollo, um supercarro alemão “alternativo” que podia não ser o mais bonito do mundo (mas também não era horrível como se costuma falar por aí), mas era extremamente rápido. Equipado com um V8 Audi biturbo de quatro litros e até 800 cv, o Apollo chegou a virar 7:11 em Nürburgring Nordschleife e a ser o carro mais rápido da pista do Top Gear. O Apollo foi produzido a partir de 2005, mas em 2013 a Gumpert fechou as portas problemas financeiros – como aconteceu com diversas outras pequenas fabricantes de carros depois da crise mundial de 2009.

O caso é que a Gumpert não morreu, não completamente. O fundador, Roland Gumpert, já não está mais envolvido com a companhia, que agora é controlada por investidores chineses e adotou o nome Apollo – que, de toda forma, é mais sonoro. Agora, eles acabam de apresentar seu novo supercarro, o Apollo IE, ou Intensa Emozione.

Sim, o nome do carro só não é mais cafona porque é em italiano (Intense Emotion ficaria ainda pior, por exemplo), mas pelo menos há uma boa razão para a escolha: o coração do carro é um V12 Ferrari de 6,3 litros derivado daquele usado na F12. Com uma nova ECU e novos sistemas de admissão e escape projetados pela italiana Autotecnica Motori, o V12 entrega 780 cv a 8.500 rpm e 77,4 kgfm de torque a 6.000 rpm. A rotação máxima é de 9.000 rpm. Sem eletricidade, sem indução forçada. Soa bacana, não?

Você talvez lembre que, no início do ano passado, no Salão de Genebra, a Apollo apresentou o conceito Arrow, sugestivamente pintado de laranja e preto (as cores da equipe Arrows de Fórmula 1), o carro ainda usava o conjunto mecânico e a plataforma do Gumpert Apollo, porém trazia um estilo muito mais elaborado inspirado nos caças F22 Raptor.

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De lá para cá, a saída de Roland Gumpert abriu espaço para que Norman Choi assumisse como CEO. O investidor de 45 anos vindo de Hong Kong decidiu mergulhar de cabeça e criar um novo produto totalmente do zero. Então, ele contratou um time de engenheiros italianos, chineses e alemães para criar um monocoque de fibra de carbono (o Gumpert Apollo usava uma estrutura tubular de cromo-molibdênio) e uma nova carroceria, também de fibra de carbono. O resultado foi revelado ontem (24) em um evento na Itália, onde os dois primeiros exemplares foram apresentados na presença de Choi e de boa parte dos envolvidos: Paolo Garella, que já trabalhou com a Scuderia Jim Glickenhaus no SCG003 e desenvolveu o monocoque; Joe Wang, britânico de 27 anos e foi o designer-chefe da carroceria e Jakub Jodlowski, que foi o responsável por toda a modelagem em CAD.

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Graças a eles, e mais um time de alemães cujos membros foram os responsáveis pela construção de boa parte dos conceitos da Audi nos últimos anos, não foi preciso mais que 19 meses para o Apollo IE ficar pronto.

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A carroceria cheia de recortes lembra outros supercarros conceituais recentes, mas há toques de personalidade como o formato dos faróis e lanternas e saída de escape em forma de uma estrela de três pontas. A asa traseira é ligada ao teto por uma “barbatana”, como nos carros de Fórmula 1, e há muitos pontos onde se pode ver a estrutura e o conjunto mecânico do carro entre os elementos aerodinâmicos.

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De acordo com Wang, o designer-chefe, a parte mais complicada foi criar um carro legalizado para as ruas sem diluir os elementos mais agressivos do carro, como o enorme splitter frontal, os espelhos retrovisores e os faróis e lanternas. O carro até pode ser legalizado, mas olhando os longos balanços dianteiro e traseiro fica evidente que, mesmo com o lift kit, que levanta a suspensão em 50 mm (aumentando a altura de rodagem de 110 mm para 160 mm)  para transpor rampas e obstáculos.

 

Por dentro, o carro também tem um visual futurista, com painel digital, fibra de carbono exposta e bancos do tipo concha embutidos à estrutura. O revestimento de couro vermelho, o volante com jeito de manche e todas as reentrâncias e protuberâncias podem ser meio bregas, mas nisto podemos até dizer que o Apollo Intensa Emozione mantém certa coerência estética com o Gumpert Apollo, no sentido de ter uma carroceria com jeito de esporte-protótipo e interior ousado um pouco além da medida.

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É nos detalhes, porém, que o carro impressiona. A estrutura e a carroceria de fibra de carbono nua são só o começo: ao abrir a porção traseira, se vê as travessas de fibra de carbono feitas sob medida que deixam espaço de sobra para o motor e a admissão, que é de fibra de carbono vermelho escuro pois, de acordo com Wang, esta é a parte “quente” do carro”. Poderíamos jurar que a airbox/admissão é o ponto mais frio do cofre do motor.

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O motor é acoplado a uma caixa sequencial Hewland de seis marchas, com trocas feitas pelas aletas no volante. A força é levada para as rodas traseiras, e é suficiente para levar o carro até os 100 km/h em 2,7 segundos com máxima de 335 km/h, de acordo com a Apollo.

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A distribuição de peso é de 45/55, dianteira/traseira e, com o monocoque de 105 kg, o peso total fica em 1.250 kg em ordem de marcha, com tanque cheio e todos os fluidos. É um carro grande, com cinco metros de comprimeito, 1,98 metro de largura e entre-eixos de 2,69 metros. A suspensão usa um sistema com braços triangulares sobrepostos e amortecedores pushrod da Bilstein. As rodas são BBS, de alumínio forjado, e 21 polegadas, com discos de freio de carbono-cerâmica e pinças Brembo de seis pistões na dianteira e quatro pistões na traseira. Os pneus são Michelin Pilot Sport Cup 2.

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A impressão que dá é que se trata de um daqueles especiais de track day feitos em pequenas quantidades na Europa, porém com carroceria futurista e um V12 Ferrari na traseira. De fato, a Apollo planeja fazer apenas dez unidades do Intense Emotion, que serão altamente customizáveis em termos de cor e acabamento e custarão a partir de US$ 2,7 milhões (R$ 8,75 milhões em conversão direta). De acordo com a companhia, no preço está incluso o acesso ao programa Time Attack, no qual os donos de Intensa Emozione poderão levar seus carros para acelerar em circuitos do mundo todo, com apoio de engenheiros da Apollo. Os dados colhidos durante as sessões serão usados no desenvolvimento de futuros modelos, incluindo o Apollo Arrow.