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Arrinera Hussarya 33: 700 cv, motor americano e comandante inglês no primeiro supercarro da Polônia

Se todas as propostas de supercarro se concretizassem, nossa lista de carros dos sonhos ficaria tão confusa e intensa quanto um tópico bombando no Reddit. Infelizmente a maioria dos supercarros lado B dos últimos anos ficou só na promessa, com honrosas exceções como Koenigsegg e a Gumpert. Outro supercarro que dava pinta de que ficaria só no discurso acabou dando o ar de sua graça no Salão de Poznan, que rolou de 10 a 12 de abril de 2015 na Polônia. É o Arrinera Hussarya 33, o primeiro supercarro polonês.

O nome Hussarya é uma homenagem aos hussardos, cavaleiros poloneses considerados invencíveis. A cavalaria pode até ser polonesa, mas o comandante será o britânico Lee Noble, criador de supercarros como Ascari, Ultima e Noble, ainda que o engenheiro não esteja mais à frente do negócio.

 

Apresentado em junho de 2011 como conceito, ele mudou bastante até chegar a sua versão final, essa que você vê acima. Tem gente que a define como Ferraghini, por conta do estilo déjà vu, mas o Hussayra pelo menos ficou mais harmônico. Bem mais interessante do que o primeiro conceito, que você pode ver nas imagens abaixo.

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Nas origens, ele tinha um quê de Aventador. Mas ainda não tinha nome, o que explica por que o fundador da Arrinera, Lukasz Tomkiewicz, trata os dois como veículos distintos.

“O conceito de 2011 é completamente diferente do Hussarya em termos de componentes, materiais e motor. Falando genericamente, são mundos distintos. Eles até podem ser parecidos, de relance, por terem proporções e formato semelhantes, assim como o ângulo do parabrisa, mas são completamente diferentes. O conceito de 2011 nos ajudou a desenvolver certas ideias, a implementar algumas melhorias com relação à refrigeração do motor, mas aquele projeto está morto e enterrado. Desde maio de 2011 estamos focados no Hussayra”, diz o executivo, em polonês, no vídeo abaixo.

Sem uma ficha técnica mais completa no site, o modelo tem diversas informações de motorização espalhadas por aí, mas a mais confiável parece ser a que consta do folheto em PDF no próprio site. Ele informa que o Hussarya usa um motor V8 7.2 de  743 cv e 89,7 mkgf. Seria o suficiente para ele ir de 0 a 100 km/h em 3,2 s e de 0 a 200 km/h em 8,9 s. Mas não há informações sobre massa ou dimensão.

“Nós limitamos a velocidade dele eletronicamente a 340 km/h, mas já o testamos, sem limitações, a mais de 370 km/h. Fabricantes de carros de nicho não podem se dar ao luxo de projetar o motor, a transmissão e todos os mínimos detalhes de um veículo. É óbvio que é preciso recorrer aos serviços de empresas globais. É esse o motivo de muitos fabricantes de pequeno volume usarem motores de empresas conhecidas. Existem exceções, que fabricam seus próprios motores. Mas aqui tenho uma surpresa: apesar de o motor do Arrinera Hussarya ser baseado em uma plataforma global, seu projeto será dedicado a este carro”, diz Tomkiewicz. “É um V8 de mais de 700 cv, feito nos EUA.”

Nosso palpite é que seja um motor Chevrolet, possivelmente um small block de curso ampliado. “A transmissão é feita na Itália, pela CIMA. Além de custar uma fortuna, ela consegue lidar com torque alto. É a mesma usada em supercarros como os Pagani ou Koenigsegg. ”

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Alguns sites dizem que o motor é um LS9 6.2 e que o carro pesa 1.300 kg, tem 4,45 m de comprimento, 2,06 m de largura e 1,19 m de altura, mas não dá para confiar porque, aparentemente, o motor está errado. Já entramos em contato com a assessoria da marca, mas ela ainda não nos deu retorno. Aguardem atualizações.

Ainda que a empresa não seja das melhores em RP, a entrevista em vídeo de Tomkiewicz permite saber alguns detalhes interessantes do carro. “Já gastamos mais de 2,4 milhões de euros no desenvolvimento. E devemos gastar mais uns 500 mil euros em testes e em ajustes finos de estilo, que faremos em 2015. O chassi é feito com ligas aeronáuticas, com reforços de fibra de carbono e kevlar na seção central. Isso o torna um chassi híbrido. Não partimos para um chassi inteiramente de fibra de carbono porque, primeiro, temos de pensar nos custos. Segundo, porque ele não traz vantagens suficientes de tempo e de dinheiro para ser adotado”, diz ele. Segundo o folheto do carro, ele é o primeiro a usar grafeno em peças de sua carroceria, o que as tornaria mais resistentes e leves.

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“Chassi, parte mecânica e aerodinâmica estão prontos, mas ainda temos de focar no interior e no chassi. Queremos que o carro se destaque por dentro. Não teremos plásticos. Só componentes de fibra de carbono, kevlar e uma primazia no segmento de supercarros, um revestimento de nitrito de titânio. No chassi, quem vai trabalhar é o Lee Noble, em testes no Reino Unido. Temos de ajustar o aerofólio e os freios aerodinâmicos. A parte cinemática está pronta, mas queremos ter certeza de que o aerofólio mudará da posição neutra para 55º em 0,8 segundo. Isso é crucial em alta velocidade”, diz Tomkiewicz.

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A explicação para o 33 do nome do carro é a quantidade inicial de sua produção, que será oferecida em uma série especial. “Ainda não definimos preço, mas devemos cobrar cerca 300 mil euros por cada um, sem contar os opcionais”, diz o CEO da Arrinera. A versão “comum” terá custo estimado, por enquanto, em 200 mil euros.

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Com a bênção de Lee Noble, o que tornaria o carro polonês? “Muita gente trabalhou nele, inclusive engenheiros italianos, mas nós o chamamos de supercarro polonês porque a maior parte de seu desenvolvimento foi feito aqui, por poloneses. O carro será fabricado pela SILS Gliwice (uma espécie de “fabricante sem marca”, que fornece serviços de fabricação para outras marcas) numa cidade ao sul da Polônia e a montagem deve levar menos de 200 horas”, diz Tomkiewicz.

A expectativa é que as vendas comecem no final de 2015 ou no início de 2016. No mais tardar. E já tardou um bocado…