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Sessão da manhã

As mais incríveis disputas com monopostos de Fórmula 1 vs. carros de rua

Por que alguém colocaria um carro de Fórmula 1 para disputar tempos com carros de rua em um autódromo? O padrão de desempenho de um monoposto da mais alta categoria do automobilismo é virtualmente incomparável (nos anos 1980 e 1990, talvez apenas os protótipos Le Mans se aproximassem) e, no fim das contas, uma corrida como esta acaba não significando muita coisa do ponto de vista técnico. Mas elas são tão legais de assistir!

Talvez seja por isso que, de vez em quando, as fabricantes de automóveis acabem deixando que seus carros percam uma corrida contra um monoposto de Fórmula 1, guiado por um profissional. Claro, perder uma corrida nunca é legal, mas perder para um F1 é diferente — ainda mais por uma diferença pequena em um carro que, decididamente, não é tão potente. É bom para a imagem do modelo.

Lembramos disso quando vimos o vídeo abaixo, gravado no início de 1991, pouco depois do recesso da Fórmula 1. Na época a McLaren era a maior equipe do mundo, tendo vencido o título de construtores pelos três anos anteriores consecutivamente (1988, 1989 e 1990). Senna já era bicampeão, e dificilmente um piloto de F1 teria uma imagem tão forte quanto a dele.

Não fica muito claro, mas aparentemente a corrida foi promovida pela Honda. Além do McLaren MP4/5B, cujo motor é um V10 Honda de 3,5 litros, os rivais são um Honda Concerto, sedã vendido na Europa e equipado com um motor 1.6 16v de 130 cv; e um Porsche 911 Turbo. O primeiro, provavelmente para ter sua imagem associada às corridas; o segundo, talvez apenas para tornar as coisas mais interessantes.

E os carros de rua também foram pilotados por profissionais. Allan McNish, que venceria as 24 Horas de Le Mans três vezes em 1998, 2008 e 2013, ficou com o Porsche 911 Turbo, o famoso 930 — que era movido por um flat-6 de 3,3 litros e 300 cv. Mesmo tendo saído de linha dois anos antes, em 1989, o Porsche 930 ainda era referência em desempenho, chegando aos 100 km/h em 5,1 segundos com velocidade máxima de 260 km/h.

Já o Honda Concerto, que definitivamente não era um esportivo, foi pilotado por Gareth Rees, que na época era piloto profissional (ele chegou a ser campeão da Fórmula 2 britânica em 1996) mas, em 1998, aposentou-se das pistas para tornar-se comentarista automobilístico.

Em tese, o fato de os três carros serem pilotados por profissionais no circuito do Estoril, em Portugal, tornaria as coisas mais justas, bem como o gap de mais de um minuto para o Honda e 50 segundos para o Porsche. No entanto, é óbvio que os tempos já haviam sido calculados para que o McLaren MP4/6 de Senna vencesse — senão, ficaria muito implausível, concorda?

De qualquer forma, é divertido ver a disputa e ouvir os comentários dos pilotos. McNish diz que pilotar um Porsche 911 Turbo é ainda mais difícil do que um carro de corrida — e nem é pela natureza arisca do 930, mas sim pela diferença no comportamento da suspensão e na posição de pilotagem: como o carro de rua é mais alto, os pontos de referência mudam completamente. Senna, por sua vez, manifesta clara satisfação em voltar a pilotar um monoposto depois de três meses dirigindo apenas carros “comuns” (se é que um Honda NSX é um carro comum…).

De qualquer forma, como já dissemos, esta não foi a única vez que carros de rua disputaram corridas com um monoposto de Fórmula 1. Que tal, por exemplo, uma briga entre um Ford Cougar, um Focus do WRC e um carro de fórmula 1 da Stewart? Foi exatamente o que Jeremy Clarkson promoveu em seu especial Jeremy Clarkson: Head to Head, lançado em 1999.

Assista antes de continuar lendo, pois não adianta: não vamos dar spoilers. Você só precisa saber que Jeremy Clarkson pilota um Ford Cougar, cupê de esportivo baseado no Mondeo, e equipado com um motor V6 de 2,5 litros e 170 cv; que o Ford Focus WRC fica nas mãos de ninguém menos que Colin McRae; e que o carro de Fórmula 1 usado pela Stewart Grand Prix em 1999 — o SF3, equipado com um V10 Ford Cosworth de três litros e quase 800 cv — ficou com John Herbert, colega de Rubens Barrichello na equipe. Herbert seria o responsável pela única vitória da Stewart em suas três temporadas de F1, em Nürburgring.

Quer mais? Que tal esta corrida entre um Mercedes-Benz Classe A de primeira geração (W168), um Classe E de segunda geração (W210), e um McLaren Mercedes de Fórmula 1 conduzido por David Coulthard (na época, McLaren e Mercedes ainda eram fortemente ligadas). A ideia é a mesma da primeira corrida que mostramos e, novamente, é fácil ver que tudo foi devidamente calculado para tornar tudo mais emocionante, com Coulthard ultrapassando seus dois rivais no último instante. É entretenimento, e não ciência!

Para os fãs da Scuderia, que tal uma briga de família? Os carros de rua são um Fiat Bravo (versão hatchback de duas portas dos nossos conhecidos Brava e Marea) e uma Ferrari 550 Maranello — grand tourer com um V12 de 5,7 litros e 485 cv (curiosidade: mesma potência da F40!), capaz de chegar aos 100 km/h em 4,4 segundos, com máxima de 320 km/h. O carro de F1, por sua vez, aparentemente é o F310, usado na temporada de 1996 e equipado com um V10 de três litros (daí seu nome).

De acordo com os comentários do vídeo, o Fiat Bravo é levado na pista por Nicola Larini, que era piloto de testes da Scuderia na época. A 550 Maranello fica com Eddie Irvine, enquanto um jovem Michael Schumacher dá conta do monoposto — e vence, claro.

Mas a gente tem quase certeza de que estes são só alguns exemplos de vídeos deste tipo. Você deve conhecer outros, e pode deixar o link na caixa de comentários!