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As primeiras experiências ao volante dos nossos leitores

A primeira vez de um entusiasta ao volante é inesquecível. Pode ter sido no colo do seu pai, ou com o seu velho no banco do carona, te ajudando (e te julgando…), ou até mesmo escondido dele. Talvez tenha sido sua mãe, seu tio ou irmão mais velho o responsável pela primeira vez que você pegou o volante de um carro e o conduziu sozinho. Não importa: todo mundo tem uma história para contar a respeito deste momento.

Inspirados por uma cena deletada do primeiro “Velozes e Furiosos”, lá de 2001, com Dom, Brian, Jesse e Leon falam sobre a primeira vez em que dirigiram, pedimos para que vocês contassem suas experiências. Agora, selecionamos algumas das histórias para este post.

São histórias contadas pelos nossos leitores, editadas para melhor compreensão. É importante também observar que muitas delas aconteceram há alguns anos, e na prática as coisas funcionavam de forma meio diferente – muita gente aqui dirigiu pela primeira vez antes de ter idade legal para fazê-lo. Não encorajamos que ninguém dirija um carro em vias públicas sem estar apto para tal, mas seria hipocrisia fingir que estas coisas não aconteceram.

As imagens, quando não fornecidas pelos próprios comentaristas, são ilustrativas.

 

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Foto: Outlaw250

Borba_WRC: Minha primeira vez no volante foi quando eu tinha uns 5 anos, meu pai me colocava no colo e deixava o volante todo para mim. Ele só acelerava e trocava as marchas na rua de casa. Acontecia quase sempre quando chegávamos em casa depois da escola. E a primeira vez em que eu dirigi sozinho, com meu pai no carona, foi quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, pouco antes dele falecer, no mesmo carro – um Marea Turbo que ele mesmo preparou pras noites de Tarumã. A gasolina das veias dele é a mesma que corre nas minhas. Saudades, pai.

Para quem se perguntava se valiam histórias sobre dirigir no colo do pai, só virando o volante. Que história! Triste, porém bonita.

 

Edgar Diniz: Passo 01: Cada pedal tem uma função (13 anos)
Passo 02: Saia da ladeira sem deixar o carro morrer (13 anos)
Passo 03: Saia da ladeira de ré sem deixar o carro morrer (13 anos)
Passo 04: Vá buscar pão (14 anos)
Passo 05: Vá buscar a carne do churrasco, carvão e álcool enquanto eu coloco a cerveja para gelar (14 anos)
Passo 06: Vá de carro na casa do amigo (15 anos)
Passo 07: Pode ir com o carro para o colegial (15 anos)
Passo 08: Pode ir passear com o carro, mas tenha juízo (16 anos)
Passo 09: Será que sua mãe vai ter um infarto se você comprar um carro? Comprei um chevette hatch 1980 (16 anos)
Passo 10: Filho, acho que bebi demais. Leva o carro para casa (na rodovia Raposo Tavares, por uns oito quilômetros, aos 17 anos)

Se meu pai tinha juízo? Não, não tinha. Mas me tornei um motorista de mão cheia (para os padrões civis)!

Pois é, Edgar, muita gente passou por uma sequência parecida com esta antes de aprender a dirigir “de verdade” – com pequenas variações. É ou não é?

 

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Foto: Autos Segredos

Marcello Kozik: Foram duas primeiras vezes.

A primeira foi mais ou menos em 1982. Eu tinha 4 anos de idade. A família inteira tinha lotado um Opala do meu pai. Um tio que foi dirigindo me colocou no banco do motorista, entre as pernas dele. Certa altura, ele colocou minhas mãos no volante e mandou eu segurar firme e fazer o carro ir reto, enquanto ele acendia um cigarro. Aceso, ele deixou conduzir o Opala por mais umas quadras.

Meu pai tinha um Fusca 1978. Numa tarde de domingo, em 1986 ou 87, meu tio Leone sentou no lugar do passageiro e me fez tirar o carro da garagem. Fomos para a rua e andamos algumas vezes ao redor da quadra de casa. Sempre em primeira e segunda. Demos a ré algumas vezes também. Lembro bem dele falando que só essas três marchas estava bom por enquanto, as outras eu engataria quando fosse mais velho.

Alguns anos depois, esse mesmo tio estava lá em casa em uma tarde de domingo e sofreu um ataque cardíaco. Na época não tinha ambulância e nem samu, tinha que correr para o hospital. Nessa tarde eu levei ele de carro para o hospital. Fiz metade do trajeto em menos da metade do tempo. No restante fomos mais devagar, pois o tio Leone já tinha dado o último suspiro. Ele faleceu indo para o hospital, dentro do carro.

Ao menos ele te deixou esta lembrança, Marcello!

 

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Rodrigo Leite: O primeiro carro que dirigi foi um Fusca. Tinha nove anos. Aquela receita básica de engasgadas, trancos, olhar meio assustado e muita emoção. Antes disso, aos seis anos, fui apresentado aos minibugues – todo shopping que se prezava, na época, tinha uma pista deles. Já saí acelerado, tangenciando em curvas e andando em velocidades que faziam o monitor dos bugues pedir para eu aliviar o pé.

Depois do Fusca, dirigi outros carros: Santana, Uno, Voyage… E, curiosamente, meu primeiro carro foi justamente o primeiro que dirigi, o Fusca, aos 14 anos. É óbvio que se tratava de outra época, década de 90, onde um policial te parava sem carta e, se você não tivesse fazendo nada muito errado, te encaminhava pra casa, ou dava um sermão no seu pai.

Tive o Fusca por bons anos, até os 20, para ser mais exato. Nele aprendi a dirigir devagar, rápido, a puxar cavalo de pau, a fugir da polícia – sim, quem dirigia sem carta tinha que se virar às vezes! Nele tive minha primeira batida (e chorei igual criança) montei o primeiro som, a primeira roda esportiva… É um carro do qual tenho saudades até hoje – e que me arrependo demais de ter vendido…

Todo mundo deveria poder manter por toda a vida o primeiro carro que teve. Ainda mais se foi o carro no qual você aprendeu a dirigir!

 

Marajó SLE

Glaukin: Minha mãe era divorciada, criou 4 filhos praticamente sozinha e fazia questão de participar de tudo o que podia nas nossas vidas. E ela assistia Fórmula 1 com as crias no tapete da sala todo domingão de manhã, notando ali que todos os filhos eram fãs de carro.

Ela sempre colocava um de nós no colo pra pôr o carro na garagem – óbvio que, com 4 anos de idade, eu nem tinha força pra virar o volante da Marajó SL/E vermelha que ela (e todos nós) amava. Dona Vânia fazia isso conosco desde tão cedo que não me recordo quando foi que começou.

A primeira vez de fato dirigindo foi com essa senhora me levando num loteamento, me colocando no volante e falando “aqui você não vai matar ninguém se não a gente”. Era ponto de embreagem, quebra-molas desafiadores e por último uma rua bem íngreme, mais desafiadora do que qualquer flerte para um moleque nos meus 14 anos.

Desde aquele dia eu sofro de abstinência quando fico muito tempo sem dirigir. Obrigado, Dona Vânia. Você é a mais sensacional de todas as mães.

Como dissemos, nem sempre é pai quem ensina os filhos a dirigir. Parabéns à Dona Vânia!

 

Utzig: Foi a mais sem graça de todas: Uno 2011 da autoescola. Antes disso o véio não deixava, política dele que eu iria aprender no lugar correto e pra evitar que eu pudesse pegar o auto escondido (sendo que eu jamais faria isso). Poxa, ele só deixou eu sentar na frente como manda a lei: depois dos 10 anos HAHAHAHA.

Mas a primeira (ou as primeiras) experiências na autoescola foram legais, e engraçadas. Além dos erros mais normais dos aprendizes, o instrutor era um gauderião: não raras vezes vinha de bombacha e toda a vez me oferecia o CD da banda gaúcha dele – que acabei comprando. Sem falar dos dias em que ele pedia pra parar no mercado, quando dormiu na avenida, quando ficava trovando os contatinho no seu Nokia 1220, e assim vai…

Na verdade, aprender a dirigir só na autoescola é mais comum do que parece. Surpreendente, não?

 

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Carlos Eduardo: De mexer no carro, teve o Verona a álcool do meu pai, que as vezes ele pedia pra eu deixar esquentando, isso eu tinha uns 8 anos. Mas de dirigir, deve ter sido no mesmo Santana 96/97 no qual fiz minha primeira cagada, aos 10 anos. Isto foi em 2000 e o meu pai se ferrou.

Aquele fodendo Santana GLS 2.0 andava como o diabo foge da cruz. Meu pai, de ressaca, me chama para que eu “treine” pra dirigir, e saio com ele no banco do passageiro. Entro na esquina e vem um Corsa preto na direção contrária, muito rápido. Com 10 anos e reflexos de merda, piso fundo no acelerador, subo na calçada (nem tinha desfeito todo o giro do volante) e o Santana só parou 20 metros depois da esquina porque bati na lixeira e em um coqueiro do vizinho (que ficavam alinhados). O coqueiro estava podre e nisso ele tomba pra frente. E leva o segundo coqueiro, que tabém estava podre.

Pelo que lembro, o vizinho nem reclamou tanto porque os coqueiros estavam podres. Só precisou refazer a lixeira (pode ser que nem tenha reclamado porque ele próprio tinha capotado sua Silverado no dia anterior).

Meu pai nem me bateu ou reclamou. Na verdade só na hora de reparar o Santana, já que a barra de direção foi pro cara**o e, com isso, a roda direita não virava e também nem girava. O reparo para deixar o carro rodando (sem contar a lataria), se não me engano. foi uns R$ 1.200. Isso em 2000, quando uma garrafinha de Coca-Cola de 290 ml custava meros R$ 0,50, e o pão francês custava R$ 0,10. Por causa dessa batida que descobri que aquela cor de merda que ele tinha era BEGE URANO.

Caramba, esta história foi eletrizante do início ao fim!

 

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Guilherme Moraes: Terrível. Com uns 16 para 17 anos, estava prestando vestibular, e após um dia exaustivo de prova durante o “agradável” calor de novembro ou dezembro, meu pai foi me buscar no local de prova. Durante o retorno para casa, percebi que ele tomava outro caminho diferente do habitual. Até que chegamos em uma ladeira de paralelepípedo sem saída, ele parou o carro, um Verona GLX, saltou para fora e falou: “vai pro volante”.

Na hora eu comecei a suar frio. Estava exaurido após horas fazendo a prova e ele mandou eu subir o morro, botar em ponto morto e descer de ré. Eu não tinha a menor noção do peso da embreagem e do acelerador, então logo que fui subir comecei a cantar pneu feito louco, afinal era uma ladeira desgraçada. Depois de algumas tentativas, muita fumaça e cheiro de borracha, vários curiosos começaram a olhar das janelas dos prédios e ele viu que estava chamando atenção demais. Então mandou eu pular pro carona e voltamos para casa.

Posteriormente esse veio a ser o carro que eu mais utilizei pra sair com amigos e “amigas” e é o carro que ele tem até hoje.

Pois é, aprender a dirigir sob pressão pode ser uma experiência traumática. Mas as boas lembranças com o carro permanecem.

 

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Anderson Soglon: O meu foi sem graça, no carro da autoescola, meu pai comprou um Gol “bola” 96/97 enquanto estava aprendendo e não me deixou sair de casa enquanto não estivesse com a CNH na mão (apenas eu estava fazendo carteira, ninguém tinha em casa).  O máximo que ele me deixava fazer era ligar o carro para não arriar a bateria ou causar algo no motor por falta de uso.

Quando minha CNH chegou na auto escola ele ainda me fez ir de ônibus buscar ela, pra só então depois, poder sair.

Ao menos você deve ter aproveitado ao máximo a primeira vez: devidamente habilitado. Não é bom?

 

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Renan Carvalho: No dia em que fiz 12 anos, mais precisamente no dia 6 de janeiro de 2000, papai me colocou entre o encosto do banco e o volante de seu Mille Smart bordô. Fiz tudo direitinho, nem parecia a primeira vez. Isso ocorreu porque na casa de praia eu sempre pedi para tirar o carro de um lado da rua e colocar no outro para lavar. Carros que eu lavava todo santo dia. O Smart de papai, o Fire azul de meu avô é o Monza GL também azul de uma tia avó que morava em frente. Nesse mesmo dia lavei todos e e troquei todos de lado.

O que fica é a lembrança e o nó na garganta porque todos se foram, os carros e seus respectivos donos, principalmente meu pai que ontem faria 73 anos de idade…

Inclusive neste momento estou na casa de praia olhando o local exato de onde estes carros ficavam (na foto acima).

Já dissemos, mas não custa repetir: esta lembrança do seu pai vai ficar para sempre com você. Que os carros façam parte disto, tanto melhor.