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Aston Martin DB11 Volante: uma escultura de 510 cv, alumínio, couro e madeira a céu aberto

Não é tão fácil acertar a mão quando se tira o teto de um belo cupê para transformá-lo em um conversível – nem sempre as proporções casam, e o carro acaba perdendo boa parte do charme conferido pela silhueta original. Só que isto não aconteceu com o novo Aston Martin DB11 Volante, versão conversível do DB11. Ele não tem um motor V12 como seu irmão fechado (ao menos por enquanto) mas, meus amigos, que carro bonito ele ficou sem o teto!

Tudo bem, ainda acho o cupê mais bonito, mas as fotos deste post mostram que o pessoal da Aston acertou a mão na hora de arrancar o teto. É quase como se o carro tivesse sido pensado primeiro como conversível – basta observar como a linha de cintura do cupê já meio que sugeria um design pensado para “perder” o teto, e lembrar do fato de que o DB11 fechado oferece a opção pelo teto parcialmente pintado de preto, lembrando uma capota.

Olhando as fotos abaixo, dá para entender melhor o que estou falando. Repare bem como a porção traseira da carroceria é igualmente harmônica nos dois carros, apesar da diferença entre os formatos do teto e da capota de tecido.

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De acordo com a Aston Martin, a capota de tecido do DB11 Volante usa oito camadas de material isolante e pode ser acionada com o carro rodando a até 50 km/h (mesmo contra ventos de até 50 km/h), trazendo também um controle remoto para acionamento com o carro parado. A operação leva apenas 14 segundos na hora de abrir a capota e 16 segundos na hora de fechá-la, e o sistema ainda permitiu um espaço no porta-malas 20% maior em relação ao DB9 Volante.

A Aston diz que a capota foi testada exaustivamente para garantir uma vida útil de 100.000 ciclos (ou seja, pode abrir e fechar 100.000 vezes) em condições extremas, simulando dez anos de uso em um mês de testes, com direito a protótipos sendo testados no Círculo Polar Ártico e no Vale da Morte, no deserto de Mojave, na Califórnia.

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O conversível é feito sobre a mesma estrutura do cupê, um monobloco composto uma mistura de alumínio prensado, extrudado e fundido, e a fabricante diz que com isto o DB11 Volante é 5% mais rígido e 26 kg mais leve do que seu antecessor, o DB9 Volante. No total, são 1.818 kg com o carro vazio, ou 48 kg a mais que o cupê, por conta do mecanismo da capota e dos reforços estruturais. Em ordem de marcha, são 1.875 kg.

Para movimentar o carro, a Aston Martin optou por não oferecer seu motor V12 de 5,2 litros e 608 cv e 71,2 mkgf, ao menos por ora. Em vez disso, o conversível ficou apenas com o V8 de quatro litros biturbo, muito parecido com aquele usado pelo AMG GT e outros canhões alemães. Vale lembrar que, desde 2013, a Daimler AG é dona de 5% da Aston Martin e, em troca, fornece motores AMG para os carros da fabricante britânica. A ECU do motor, contudo, é da Aston, e faz com que a marcha lenta do V8 seja de apenas 650 rpm – devagar, quase parando, e praticamente sem barulho. Considerando a proposta mais requintada do DB11 Volante, faz sentido.

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São 510 cv a 6.000 rpm e 70,9 mkgf de torque entre 2.000 e 5.000 rpm. Acoplado a uma caixa automática de oito marchas com aletas para trocas de marcha, o motor do DB11 Volante é capaz de levá-lo do zero as 100 km/h em 4,1 segundos (0,1s a mais que o cupê) e entrega uma velocidade máxima limitada eletronicamente em 300 km/h. Na teoria, portanto, os quatro cilindros e 100 cv a menos do motor alemão virtualmente não comprometem seu desempenho. Filosoficamente falando, porém, os potenciais clientes da Aston Martin talvez sinta falta do V12 britânico, o que pode fazer com que a companhia mude de ideia mais adiante. Não seria a primeira vez que isto acontece.

Acontece que há outra questão aqui: a Aston Martin nunca se vendeu como uma marca de performance absoluta, apostando muito mais na experiência sensorial do que no desempenho bruto. Neste quesito, o V12 já faz concessões ao adotar o downsizing, girando menos que o 6.0 aspirado anterior. A diferença de quase 100 cv se traduz em uma perda irrisória no 0-100 km/h, e o ronco do V8 talvez seja um pouco menos inspirador, mas de um ponto de vista prático faz mais sentido oferecê-lo como única opção.

Todas as melhores partes do DB11 cupê estão na versão Volante: o capô de alumínio em peça única (clamshell, como dizem os brits), o acabamento de folheado de madeira atrás dos bancos dianteiros, o novo desenho da dianteira e as belíssimas lanternas traseiras em dois níveis. As rodas de 20 polegadas são exclusivas, e abrigam discos de freio ventilados de obscenos 400 mm na dianteira, mordidos por pinças de seis pistões. Os discos traseiros também são ventilados, com 360 mm de diâmetro e pinças de quatro pistões.

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O modo como a parte superior das lanternas fica sobre o deque traseiro é um dos grandes charmes do design do DB11

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A Aston Martin diz que certos elementos do DB11 Volante, como o volante aquecido e o sistema de climatização, criam um ambiente extremamente convidativo e estimulante para guiar com a capota aberta, e a gente não duvida – especialmente considerando os amortecedores adaptativos Bilstein, os três modos de direção (GT, Sport e Sport+, que alteram entre conforto e desempenho máximo modificando as respostas do motor, do câmbio, da suspensão e do sistema de vetorização de torque), o revestimento de couro do interior e o sistema de som Bang & Olufsen.

Continuamos meio chateados com a troca dos instrumentos analógicos de metal escovado por um mostrador de TFT com ponteiros virtuais e velocímetro digital, mas não há muito jeito de fugir disto, não é mesmo? É uma pena, porque o conta-giros que virava em sentido anti-horário, marca registrada dos Aston, saiu de cena.

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Se liga no tamanho dos discos, elcausurados como joias

No mais, a Aston Martin faz questão de mostrar que os britânicos sabem fazer conversíveis bonitos. E não vamos ficar surpresos se uma versão com motor V12 for lançada daqui a um ou dois anos, no máximo.

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