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Autódromo ou arena? Fasp questiona uso de Interlagos para eventos não automobilísticos

Em 2005, o Autódromo de Interlagos passou à responsabilidade da SPTuris, uma empresa de capital misto responsável pelo turismo na cidade de São Paulo. A transferência se deveu à uma pressão do Ministério Público para que o autódromo passasse a gerar lucro, em vez de grandes despesas com sua manutenção e reformas. Assim, o espaço começou a ser explorado para outros fins, que não fossem automobilísticos, caso dos festivais musicais Skol Beats e Lolapalooza.

Até aqui tudo certo. Embora a atuação do Estado como empresário seja discutível, ao menos operação da SPTuris é uma tentativa válida de tornar o autódromo auto-suficiente. Alugá-lo para grandes eventos é uma forma de financiar o automobilismo, seja com subsídios à locação da pista, com a manutenção do autródomo ou até mesmo grandes reformas.

O problema é que o aluguel para eventos não-automobilísticos é mais caro (e consequentemente mais lucrativo) e agora Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp) está se queixando da priorização do calendário para esses eventos, reduzindo as datas livres para a realização dos campeonatos.

Em entrevista ao Estadão, o presidente da Fasp, José Aloísio Cardozo Bastos, disse que “a utilização de Interlagos virou um comércio”. Segundo ele, das dez etapas do Campeonato Paulista, só cinco foram marcadas até junho, pois a SPTuris pretende iniciar as obras de reforma no autódromo. Contudo, Interlagos será alugado em um final de semana para eventos comerciais de uma fabricante de automóveis e em outro para o festival Lolapalooza, o que levou Bastos a suspeitar de um favorecimento aos eventos não automobilísticos, uma vez que o aluguel para o Estadual custa R$ 13.410 por três dias, enquanto os demais eventos pagam R$ 305.435 por dia.

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Bastos ainda contou ao jornal que o campeonato está esvaziando devido à incerteza da realização das etapas: “Como um piloto vai chegar numa empresa e pedir patrocínio? Como conseguirá convencer o empresário se nem sabe em quantas etapas a marca dele vai aparecer?”.  A entidade chegou a publicar uma carta à SPTuris que circulou pelas redes sociais e pode ser lida abaixo:

A questão chegou à Câmara Municipal pelo vereador Floriano Pesaro (PSDB), que questiona a deturpação da finalidade de Interlagos. Em seu discurso na Câmara, Pesaro afirmou:

“Deixo claro que não tenho nenhum problema com que o Autódromo seja utilizado para outras atividades. O que não se pode é prejudicar sua atividade-fim, que é a utilização da pista, que são as corridas de automóvel. Senão, que se feche a pista e se loteie o espaço e se construam montes de prédios em volta, fazendo-se no local um auditório para shows.”

Aqui vale lembrar que o fim de Jacarepaguá começou quando o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, iniciou uma especulação imobiliária na região, que resultou no Pan de 2007 e agora na Olimpíada de 2016 — os dois motivadores da demolição do autódromo carioca.

A SP Turis, por sua vez, declarou que espera a SPObras (empresa da Prefeitura de São Paulo vinclulada à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) estabelecer o cronograma da reforma do autódromo, para abrir a agenda para o segundo semestre, e que “não é correto dizer que a administração do autódromo reduziu o número de datas da Fasp, uma vez que somente o calendário do primeiro semestre foi aberto e a comparação é com um ano inteiro”.