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Baidu, o “Google chinês”, está fazendo um carro autônomo – e parece que ele funciona!

Você não precisa nem ser ligado em tecnologia para conhecer a fama do Baidu — basta ter acesso a um computador e o hábito de baixar programas gratuitos (os chamados freewares). Qualquer um que já tenha instalado um destes no computador sabe que, se você não tomar cuidado, aquele gravador de discos ou cliente de torrent pode esconder programas como o Hao123 e o Baidu. Na verdade, mesmo que você tome cuidado por cada uma das etapas da instalação do seu programa, um destes dois enxeridos acabe dando um jeito de ser instalado também. Ou até ambos.

A Baidu é a empresa que comanda o maior site de buscas operante na China — como você sabe, a Internet por lá é meio estranha e tem vários sites grandes, como o Google, banidos. É até curioso: na China, usar o Baidu é algo que as pessoas fazem de espontaneamente. Por aqui, a gente procura evitar ao máximo, mas nem sempre consegue. Com o Hao123, que também pertence à Baidu, é a mesma coisa: você não sabe como aquela barra de ferramentas que altera seu mecanismo de pesquisa e sua página inicial foi parar no seu navegador, mas ela está ali, à espreita, pronta para complicar sua vida online.

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Nunca, nunca, nunca deixe de ler o que telas como esta dizem

“Beleza, FlatOut, valeu pela dica. Mas por que estamos falando disso, mesmo? Eu acho que sei me virar muito bem na Internet, obrigado!”, talvez você diga. Antes de tudo: sim, a gente sabe que você é expert na hora de instalar programas no seu computador, mas estes chineses sabem o que estão fazendo: não é difícil topar com o Hao123 ou o Baidu na sua máquina sem fazer ideia de como eles foram parar ali. Segundo, o Baidu está fazendo um carro autônomo, como o Google, lembra?

Desde 2010 o Google realiza testes com carros autônomos. No início eram modelos conhecidos, como o Toyota Prius, mas no ano passado a empresa apresentou seu próprio projeto — um carro com jeito de brinquedo que não tem qualquer tipo de interface de comando e está bem mais perto de uma caixa com rodas, bancos e um motor.

Neste post, explicamos como os carros autônomos do Google enxergam as ruas:

Os carros são robôs equipados com lasers que mapeiam todo o ambiente ao redor do carro em 3D, além de radares com alcance de 150 metros nas quatro direções — alcance maior do que a visão de qualquer motorista. Contudo, o trabalho não estaria completo sem os sensores, que transformam pedestres, ciclistas, motociclistas e carros em caixas coloridas, de tamanhos diferentes, que são interpretadas de formas diferentes.

O “cérebro” do carro usa as caixas como referência para manter uma distância segura dos obstáculos na via, mesmo em movimento. Como a animação mostra, o carro corrige automaticamente a trajetória para passar em segurança pelas caixas roxas (carros, picapes e caminhões) com relativa facilidade. O problema maior são os pedestres e cicilistas, representados pelas caixas amarelas e vermelhas, respectivamente. Seu comportamento é mais imprevisível — por isso, a ajuda de pilotos de teste é imprescindível mesmo em um carro autônomo.

Neste ritmo, o Google acredita que seu carro autônomo estará pronto para ser lançado comercialmente até 2018, quando as pessoas precisarão de uma carteira de habilitação especial, com requisitos muito mais rigorosos, para conduzir um carro autônomo (ou ser conduzido por um).

O caso é que a Baidu decidiu seguir os passos do Google não apenas como site de buscas, mas também como desenvolvedora de carros autônomos. Nesta semana, seus dois protótipos — dois BMW Série 3 Gran Turismo — acabaram de realizar a primeira bateria de testes em vias públicas. Em um percurso de pouco mais de 30 km/h, os carros enfrentaram trânsito, realizaram manobras comuns no dia-a-dia e, em rodovias, atingiram velocidades de até 100 km/h.

De acordo com a Baidu, o princípio de funcionamento de seus carros autônomos é o mesmo do Google: os carros têm câmeras e sensores que “observam” seus arredores e ajudam o automóvel a manter distância deles, enquanto um “cérebro eletrônico” — que a Baidu chama de AutoBrain aprende os padrões das ruas e cuida para que, com centímetros de precisão, o carro se posicione da maneira mais segura a qualquer momento, em qualquer situação.

“Fazer um carro que rode de forma totalmente autônoma em condições diferentes é um grande desafio para qualquer um”, diz Wang Jing, vice-presidente sênior da Baidu e chefe da divisão de veículos autônomos da empresa. “No caso de Pequim, fica ainda mais complexo por causa das condições do piso e do comportamento imprevisível dos motoristas”.

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“Os chineses dirigem mal”, foi aparentemente o que ele quis dizer, talvez insinuando que seus carros autônomos poderão fazer melhor.

Imaginamos como seria a versão comercial de um dos carros autônomos da Baidu — será que você seria forçado a instalar o Hao123 no sistema de navegação para fazer o carro andar? Será que um dia você iria acordar com um carro autônomo na sua garagem sem fazer ideia de como tirá-lo dali, iria pesquisar alguns tutoriais na internet e nenhum deles daria jeito? E como ele faria para estacionar — onde você quer ou onde o carro quer? Aliás, será que ele não estacionaria quando quisesse?

Brincadeiras à parte, a Baidu parece estar levando isto a sério. Eles querem colocar seu veículo autônomo nas ruas até 2018 (mesmo prazo estabelecido pelo Google, vale lembrar) mas, diferentemente da empresa do Vale do Silício, a Baidu não pretende vendê-lo ao público. Em vez disso, a companhia espera firmar uma parceria com o governo chinês para empregar veículos coletivos que se dirigem sozinhos, como ônibus e bondes.

Nos perguntamos se as pessoas poderão escolher utilizá-los ou acabarão entrando neles sem ao menos saber como…