FlatOut!
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Project Cars Project Cars #06

BMW 2002 1968: a conclusão do Project Cars #06

Depois de um duro dia no trabalho que culminou ao salvar a vida de um amigo, sigo para a garagem onde entro na minha Porsche 912, coloco um Ray-ban aviator e arranco rápido, mas elegantemente, para estradinha sinuosa e sem trânsito que leva até minha casa.

É exatamente assim que todos os dias terminam para alguém que dirige um carro antigo, exceto por alguns pequenos detalhes, como o fato de que o carro teria que esquentar por uns 5 minutos antes de sair, haveria um imenso congestionamento a ser encarado sem ar-condicionado até minha casa, e de que não sou um agente da CIA prestes a me aposentar, como é o caso de Robert Redford na cena final do filme Spy Games, que descrevi acima…

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Na vida real fico com as mãos imundas tirando a capa da Frida, viro a chave e tento encontrar o ponto exato do acelerador em que o motor não morre e não afoga (um processo que exige pelo menos duas tentativas, as vezes mais), passo praticamente parando por pontos milimétricamente estudados das rampas da garagem para não raspar nada, e depois, já parado no trânsito, procuro encontrar alguma estação sem interferência no rádio da década de 60 que só sintoniza se eu estiver com a mão no dial. O que nem faz diferença, porque o carro faz tanto barulho que não consigo ouvir nada mesmo, e vou suando até chegar em casa.

Mas não estou reclamando. No trânsito parado, um senhor em uma BMW 320 novinha faz sinal de positivo, dentro do túnel subo o giro, fazendo tanto barulho que as crianças nos carros ao lado tampam os ouvidos, e onde quer eu vá, respondo pacientemente a todos que me perguntam que ano é a minha Alfa.

A Frida, pelo tipo de preparação que recebeu, está longe de ser um carro confortável, e muito menos fácil de dirigir. A pretensa suavidade da injeção, não compensa a rispidez do volante aliviado e nem a estupidez do comando de 300°, ainda assim é surpreendente como mesmo no transito ela funciona bem. Quando a pego, fica muito difícil trocar por outro carro. Mérito não só da preparação, mas principalmente da filosofia de simplicidade e eficiência da BMW daquela época.

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Só que não tem jeito, mais hora menos hora ela tem que voltar para a garagem. Uma reunião em um local que não conheço bem, qualquer lugar com manobristas, e principalmente sair com minha esposa, exigem outro carro…. Ela (a esposa…) não gosta de andar em carros “velhos”, e a solução de mentir sobre o ano do carro já não funciona mais.

Melhor assim, menos peso no carro é igual a melhor performance. E isso nos leva a outro grande atrativo da Frida; meu moleque, ou melhor, copiloto, convenientemente pesando menos de 30kgs, participou de toda a história da Frida, e é com ele que costumo fazer passeios mais longos. É incrível como nos aproximamos nestas horas, embora praticamente não falemos durante estes passeios, porque não precisamos falar nada para compartilhar a sensação (e também porque a Frida fala muito e alto demais).

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Afinal, para mim, essa é a essência de um Project car, e embora este post seja a conclusão do PC#6 após quase 2 anos e 5 posts (P1, P2, P3 e P4) aqui no Flat-Out, a história não termina aqui. E ainda hoje, quando sair do escritório, sem glamour, sem Rayban e sem ar-condicionado, vou continuar escrevendo a história da Frida.

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Obrigado a todos pelo apoio e paciência, especialmente ao Barata e a turma do FO pelo convite, ao Poomah, Marcos Amorin e muitos outros pelas palavras de apoio e dicas técnicas, claro, ao Doge pelas risadas!

Por Marcelo R., Project Cars #06

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Uma mensagem do FlatOut!

Marcelo, essa acelerada em Interlagos é o melhor destino que sua Bimmer 2002 poderia ter. Já falamos várias vezes, mas é sempre bom ver um belo clássico fazendo o que ele deve fazer, rodar por aí como se o tempo não tivesse passado para ele. Parabéns pelo projeto e obrigado pela participação!