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Car Culture

Carro por assinatura – ou “Como ter um carro diferente todos os meses sem ter um carro”

Por algum motivo ainda muito discutido pelos cientistas sociais acredita-se que as novas gerações não se interessam por carros e que, por isso, em um futuro não muito distante ter um carro na garagem será um hábito do passado.

Diante desta hipótese, as fabricantes entenderam que precisarão se reinventar para sobreviver. E como parte desta reinvenção, as fabricantes estão experimentando novos modelos de negócio, como o desenvolvimento de tecnologias e prestação de serviços. A Tesla, por exemplo, já foi além dos carros e criou a Powerwall, uma divisão de tecnologia que pretende mudar a forma que se produz e consome energia elétrica. Ford, Chevrolet e Daimler-Benz por sua vez apostaram em serviços de car sharing, aos quais você se associa e, quando preciso, solicita um carro, usa o quanto for necessário e o devolve à prestadora do serviço no destino ou onde você o retirou.

É um distanciamento um tanto radical do atual modelo de propriedade de carros: no sistema de car sharing você basicamente aluga um carro por algumas horas ou minutos e o devolve depois de usar. O carro não fica parado na sua garagem em momento algum, e sim à disposição de outra pessoa.

No meio termo entre a propriedade de um automóvel e o sistema de carsharing há um terceiro modelo surgido no início desta década: a assinatura de carros. A ideia é atrair os clientes que tem como hábito trocar de carro a cada três ou cinco anos, geralmente adquiridos por meio de leasing.

Funciona da seguinte forma: o usuário paga uma assinatura mensal para ter acesso a uma frota de veículos sempre novos e mantidos pela operadora do serviço. Mas, diferentemente do car sharing, o usuário pode permanecer com o carro sob seus cuidados durante toda a duração do contrato (e suas eventuais renovações), ou ainda substituí-lo por outro modelo quando precisar ou quiser um carro diferente.

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A primeira fabricante a apostar nesse modelo foi a Cadillac, que lançou neste mês o Book By Cadillac. Por US$ 1.500 mensais o usuário pode escolher entre cinco modelos diferentes da marca de luxo americana e usá-lo por quanto tempo quiser, sem limite de quilometragem. A mensalidade inclui as despesas de manutenção, licenciamento e seguro, o que significa que o usuário só precisa bancar o abastecimento do carro e eventuais gastos com pedágios e estacionamento (e multas também). O contrato permite que o usuário troque de carro até 18 vezes em 12 meses, ou uma troca a cada vinte dias, e os carros oferecidos pelo serviço são o SUV Escalade, o sedã full-size CT6, o crossover XT5 e os esportivos ATS-V e CTS-V.

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O preço parece um tanto salgado — especialmente se você considerar que a renda mensal média de uma família americana é cerca de US$ 4.200. Contudo, o modelo mais barato da frota é o XT5, que parte de US$ 40.390 e tem seguro médio de US$ 2.500 por ano, enquanto os mais caros são o Escalade e o CTS-V, que chegam aos US$ 85.000 — equivalentes a 56 mensalidades do serviço. Não é a solução ideal para qualquer motorista, mas certamente soa interessante para quem não está disposto a se preocupar com as despesas extra e manutenção do carro, mas também não abre mão da conveniência de se ter um carro pronto à disposição na garagem.

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A ideia não é exatamente nova: desde 2014 há uma série de startups oferecendo o mesmo tipo de serviço de vehicle subscription (ou “carro por assinatura”) com valores mais atraentes e modelos mais simples. É o caso do Clutch, que tem dois planos de assinaturas com opções diferentes de carros por US$ 850 e US$ 1.300.

 

E no Brasil? Tem algo parecido?

Sim. Temos. Mas é realmente parecido, e não idêntico. Trata-se do programa “Carro Fácil” do grupo Porto Seguro. Por enquanto ele está disponível apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro. A principal diferença para o modelo dos americanos é que o Carro Fácil usa contratos de 12 ou 24 meses e o preço varia de acordo com o modelo escolhido. Por isso você não pode fazer a troca de modelo antes do final do contrato — você pode trocar de carro todos os anos, mas não todos os meses.

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Os preços vão de R$ 1.480 pelo Hyundai HB20 1.0 até R$ 5.500, que você paga pelo Audi Q3, e, como nos serviços americanos, a assinatura inclui todas as despesas com manutenção, seguro e tributos. Também há um limite de 25.000 km por ano, com a opção de “comprar” mais 10.000 km por um acréscimo de R$ 350 na mensalidade.