FlatOut!
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Project Cars Project Cars #338

Chevrolet Silverado Turbodiesel: a história do Project Cars #338

Aquele dia, após chegar do colégio, ele correu para casa jogou sua mochila no sofá aos gritos de sua mãe para que guardasse no quarto pois se não… vocês imaginam. Aviso ignorado e acontece a corrida até o outro lado da rua na casa do vizinho para convidar o único garoto da mesma idade na rua para andar de bicicleta, eis que um muro surge entre ele e o amigo, sim a mãe do mesmo que não é muito disposta a deixar seu filho sair de casa além de estudar, ir para o colégio e voltar para casa…

Ele volta cabisbaixo, já é a trilhagésima vez que ela fala a mesma coisa: “Fulaninho não vai poder brincar hoje”. Já em casa e sua mae esporra-lhe novamente para tirar a mochila da sala antes que seu pai chegue. Ordem obedecida e senta-se na varanda de casa para pensar na vida com as mãos no queixo. Os segundos, minutos, horas se passam o fim da tarde chega e a solidão de uma criança que mora em uma rua nova da cidade. Ter apenas um vizinho da sua idade que não pode sair da prisão, no auge dos seus 7 anos, faz com que suas ideias para ocupar seu tempo começem a borbulhar. O que fazer? “Já sei! Vou tocar fogo em algo!”

Corre até a cozinha e como um ninja rouba uma caixinha sem que percebam. O crime perfeito, alguns papéis para cá, caixas de papelão para lá, e… voilà! Perfeito! A fogueira está acesa no terreno baldio na frente de casa, mas… pobre Zé Foguinho. Sua mãe percebe as labaredas, esporra-lhe mais uma vez e ele novamente fica sem o que fazer. O que resta? Sair para andar de bicicleta na rua com sua velha cross de aro reforçado que com ajuda de seu tio foi desmontada, arrumada e pintada. Era o orgulho dele, ele mesmo a fez, claro com ajuda do seu tio, o “professor pardal” da família. Mas naquela noite, algo iria começar. Será que foi ali? Ou será que foi apenas a fagulha que faltava para inciar aquela combustão interna?

Naquela época a rua era nova na cidade e por isso o calçamento era uma porcaria para andar. Por isso,  ele correu para a avenida que havia em uma das esquinas, lá poderia pedalar até se acabar.

Nos anos 90 asfalto em cidades interioranas eram algo apenas destinado a estradas ou ruas principais e aquela avenida era especial mas ele ainda não sabia disso. Com leis mais frouxas, a rua era o Santo Graal da cidade. Uma pista de testes de carros preparados.

O asfalto liso, o estacionamento de uma coperativa no início da reta, era tudo que preparadores e corredores poderiam querer. Então aquela foi uma das primeiras vezes que ele foi a noite para andar de bicicleta na dita cuja — sem sua mãe saber claro. Leis, mesmo maternas, haviam para ser quebradas, mesmo levando uma lambada de cinta.

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Então, um estridente berro foi ouvido, sua atenção se voltou mais a diante, borbulhos, espirros, lá longe no estacionamento da coperativa que beirava a avenida, mais roncos, pneus gritando e ele pedalando como um louco “o que é aquilo?”, a cena de corredores dos anos 90 sem celulares, sem cameras, sem whats, desafiando a polícia que pouco podia fazer com as velhas D20, Golzinhos CHT e outras tranqueiras. Eram carros de corrida de rua, eram os herois para ele?

Seguiram-se os anos e todos os fins de semanas seu programa era correr a noite assistir os testes as corridas as apostas, fuscas, gols, santanas, temidos opalas mavericks e os golzinhos e passat´s ap, ali foi a fagulha, ali iniciou-se a vontade de ser, ter e apreciar. Foram corridas vencidas, perdidas, brigas, policia, perseguições, motores quebrando, apostas pagas, fugas, reputações criadas, reputações destruidas, então ali foi o iníio daquela loucura toda que cada um justifica de alguma maneira, cantando, correndo, nadando, voando, a dele era apreciar maquinas que podiam-lhe dar prazer de alguma maneira.O  garoto sentado no meio-fio tinha o brilho nos seus olhos, aquele brilho!

Bueeeeenas indiada, após este momento reflexivo-histórico-emotivo vou me apresentar, claro que não sem antes agradecer os votos que recebi, Muito obrigado. Sou um usuário que acessa o Jalop… digo, FlatOut faz algum tempinho, mas sou mais do tipo que gosta de ler, aprender, escutar e ver quem sabe das coisas do que dizer que sabe e tentar ensinar quando não sabe nem pra si mesmo. Por este simples motivo me abstive de ser ativo em comentários ou discuções.

Bom quando participei da promoção da Dunlop despretenciosamente não imaginei que poderia ter alguma repercussão a minha querida Silverado e por alguns comentários me incentivando a participar do Project Cars (Renato Souza quem o diga), quando abriram as inscrições tive de participar e de quebra arrastei minha namorada que em breve também postará a apresentação dela com o Fuscão 1970.

Me chamo Jonathan Eevel Fontoura, tenho 28 anos, sou proprietário de uma Lancheria Árabe que produz Shawarmas (vai pro google e pesquisa se não sabe o que é), mas de árabe não tenho nada, sou descendente de Russos pode ser que dai venha o Q de louco que tenho, no meu curriculum egocentrico e exibicionista coleciono duas fugas da policia bem sucedidas, 2 carros reformados (pois restauro é algo bem feito e reformado é algo que um garoto sem dinheiro faria), um acidente com uma EQM (Experiencia de quase morte) e um motor moido após tentar ser grandão (Um passat 1.5 carburador simples vs uma Dodge Ram 2009 hahahahaha sim pode rir) na estrada e aprender que a gente tem que saber nosso lugar no mundo. Também trabalhei ótimos 3 anos onde aprendi muita coisa na Editora que produz a Revista Classic Show (Leitura obrigatória para gearheads que curtem antigos), foram de muita valia, aprendi muito mesmo sobre carros e carros antigos e lá foi com a ajuda de um colega o Ilustrissimo amigão Alessandro Toniazzo, que comprei meu primeiro carro, um Dodge Magnum V8 (Sambei na cara da sociedade)…

Ok ok se você chegou até aqui lendo tudo você realmente é esforçado, vou tentar ser mais resumido na história até chegarmos na silverado.

Com 17 anos comprei o Dodge Magnum. Era minha paixão, mas eu era quebrado (sigam a conta),  recebia na época R$ 450, ganhei mais R$ 1000 de meu pai para dar entrada no Dodge, meu amigo queria R$ 4500. Então, como um irmão, ele me parcelou o restante em dez vezes de R$ 350. Era a receita para o desastre. Seguindo a conta eu recebia os R$ 450, dava quatro passos fora da sala do chefe, deixava R$ 350 para meu colega, outros R$ 50 iam direto para a loja de celulares, e sobrava R$ 50. Com um V8. Para o mês inteiro. Sim! Totalmente sem noção — mas com um Dodge!


Tempo passa e fui gastando mais do que recebia, aprendi o que era cheque especial da pior maneira, me enterrei em contas. Então fiz uma das maiores (mas necessárias para pagar as contas) mer*** da minha vida, na internet conheci um enrolão, que sem esforço fez a cabeça de um garoto de 17 anos e troquei meu Dodge por este Opala da foto mais R$ 4.000. Ah, mas é um Opala lindo e mais R$ 4.000… É exceto por eu descobrir que era um Pumala ou Opuma. O dono anterior deu um banho de tinta e para esconder. Tinha alguns pontos de ferrugem… tasca lhe fibra, jão! Foram duas alegrias.

Opala2alegria

Com a venda do Opala para o RJ consegui R$ 4.000 por ele, um preço justo devido ao problemas que tive com ele e repassados para o novo comprador antes de fechar o negócio. Então o que comprar? Corri por muitas revendas e nada de interessante, eis que na internet achei um Passat em na minha cidade, 1.5 pacato LS 1983 vermelho… R$ 3.500, achei justo, o carro era bom e o comprei, quando percebi a mer** que fiz pois ele não assustava nem uma Jog (sim sou do tempo da Jog, mas se é mais novo pode trocar por Honda Biz).

Foi então que surgiu uma brilhante ideia: largar para as cobras, desistir, simplesmente só usar o carro até acabar. Após um tempo depressivo começei a gostar novamente de carros, foi apenas uma recaida, juntei uma grana suada e o reformei modificando alguns detalhes, a parte preto fosca foi homenagem aos passatões de corrida que via quando era criança lá na avenida passando o salame na galera…


Mas a gente vai crescendo, as contas também, buscamos saltos maiores, por motivos de emprego como vendedor precisava de um carro mais, confiável. Corri por muitas revendas novamente e o que poderia me animar, mas que fosse bom de motor, completinho, bonito para mim e que atraísse mulheres (esta parte funcionou – conheci minha linda e amada namorada).

Bom entre um Uno e um 206 1.6 Soleil, a balança pendeu para o francês. Foram bons anos: carro muito confiável, completo, confortável, nota 10. Lembram da experiência de quase morte? Certa manhã viajando a trabalho com pancadas de chuva durante o caminho e uma pista totalmente danificada com ondulações, faltou braço (o que nunca acho que tive), creio eu, pois não lembro do acidente por causa da pancada na cabeça.

Enfim, por sorte do destino não era minha hora. Na frente de casa havia um querido chapeador, justamente pai do meu amigo que nunca podia sair de casa, conseguimos reformar ele, ficou realmente bom, pegamos a carroçeria de um 2007 e instalamos no que sobrou do meu…

Agora com um carro batido fui em busca de outra coisa para obviamente me livrar dele, mesmo bom eu estava sem vontade de tê-lo mais. Corri novamente nas revendas e ninguém, mas ninguém mesmo o queria, não por estar ruim, e sim por eu ser sincero contar do acontecido e mostrar o que foi feito, aí obviamente… queriam me pagar um pacote de bala 7 Belo por ele, no máximo. Uma das ultimas revendas que fui (de um árabe….por que será?) aceitou sem pestanejar o Pug pelo valor médio da Fipe, mas com uma condição, só aceitaria em uma S10 que ele tinha (que adivinhem… tinha batido de frente, vi na hora).

Ok era melhor do que o Pug mutante, mas uma S10, blargh, caminhonete blargh… Ok ok ok vamos lá! Antes de fechar o negócio ouvi uma maldição que pegou “Você não vai adorar tanto caminhonetes que não vai querer mais carros”. Ok novamente. Ri do vendedor. S10 comprada, lá se vão mais alguns anos de diversão e… carros? Não obrigado.

S10

Então chegamos na parte principal antes de toda esta história desnecessária sobre minha vida automobilística: a Silverado!

Depois da S10 eu já tinha um certo apreço pelas pick-ups, mas tinha algo no meu intímo que fazia com que cada vez que eu via uma Silverado meu coração batesse mais forte.

Voltando aos meus 15 anos, pouco tempo após aprender a dirigir, ainda manetão do genero que “treme ao trocar de marcha para não apagar” estava em casa ajudando meu irmão a carpir um lote (não foi uma piada) e meu tio (o professor pardal) que trabalhava com agricultura havia comprado uma Silverado novinha com suspensão elevada, estribos, aquele seis-cilindros turbo diesel monstruoso. Eu apenas babava. Dirigir a picape só na imaginação.

Então tocou o celular do meu tio (coisa rara na época) e era um amigo que havia furado o pneu no outro lado da cidade estava sem estepe. Meu tio desligou e contou para nós, meu irmão mais velho que estava na época de caçar cocotas e já sabia dirigir, simplesmente saltou na frente e disse: “Eu vou! Deixa eu ir?”

Eu continuei a fazer o que estava fazendo sem pretensão alguma, e a mágica aconteceu: lembro de cada palavra proferida por meu tio: “Jonathan quer ir? Sabe dirigir? Te garante?”. Quase extasiado eu respondi que sim. Claro! Mantive toda a serenidade sem mostrar nenhum sentimento, mas traduzindo era: “Pqp! Como vou dirigir aquilo? Eu mal sei dirigir, mas eu vou dirigir! Jesus! É o dia mais feliz da minha vida! Ah meu Deus, eu vou ter um ataque, cara que delícia!

Então entrei todo pachola como um rei, meu tio rindo de canto, mas nem dei bola, chave na ignição e bora! Nada disso, pequeno gafanhoto. Nada de ligar. O que será que acontece? Tentei novamente, meu tio continuou a rir e me mostra a mágica que, naquela época, era algo incrível: um sistema onde você passava a chave em algum ponto do painel para destravar a ignição. Me senti na estrela da morte de tanta tecnologia…

Caminhonete ligada, agora realmente lá vou eu, dirigindo sem dificuldade e a cada acelerada tento um orgasmo (ah, meu irmão ficou emburrado demais. Foi prazeroso ver! Só quem tem irmão sabe) naquela voltinha prometi a mim mesmo, um dia teria uma Silverado.

silverado propaganda epoca

Voltando a minha atual Silverado, a sua história começa quando encontrei triste deprimida, jogada em um canto desmontada pois o dono da revenda havia comprado ela de um cara que, creio eu não ser nada, mas nada cuidadoso com ela, também acredito que ele tenha batido ela, comprei por um preço bem em conta, havia sido dado um banho de tinta, mas estava com a mecânica muito, mas muito mau estado. Sem contar o motor, que já havia sido feito mas com a turbina babando um pouco, o restante estava uma porcaria.

Mas isso é algo para o próximo post junto com mais fotos dela e detalhes, antecipando a parte essencial do post, o projeto que ainda estou desenvolvendo nela é um daily com muita, muita potência e torque. Torque!!! Abraços a todos!

Por Jonatan Fontoura, Project Cars #338

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