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Project Cars Project Cars #314

Chevy 500: começa a preparação do Project Cars #314

E aí meus amigos do FlatOut!, estou aqui novamente para continuar a saga para tornar a Chevy 500 meu daily driver rapidamente e a distância, e no final dar aquele tapa de exclusividade que todo gearhead curte.

 

O primeiro contato com a “minha Chevy”

Depois de ter andado nela diversas vezes há quase 15 anos atrás e vê-la encostada no fundo de um galpão algumas vezes depois que mudei de cidade, em dezembro do ano passado fui ao encontro da Chevy pela primeira vez a reconhecendo como meu novo brinquedo. Foi como se uma paixão por uma amiga de infância que sempre foi ignorada tivesse desabrochado de repente depois de estarmos adultos, e acho que o fato de termos a mesma idade ajudou, e agora ambos estamos maduros para começar uma relação séria e duradoura. Ela estava lá largada, precisando de um belo trato, mas agora eu a olhava com outros olhos, cheios de segundas e terceiras intenções, e disposto a deixá-la como de volta como nova.

Mas já era possível ver os primeiros sinais de que eu a estava fazendo bem, trazendo de volta a ela a beleza da juventude. Como o jogo de pneus que comprei chegou antes de mim, o par dianteiro já estava no lugar, montado nas rodas originais que já estavam pintadas, destoando de tudo mais que estava em volta. Como vou utilizar as rodas originais, optei por comprar pneus nas medidas originais, 175/70 R13. O modelo que escolhi pelo preço, que foi bem bom por sinal, foi o bom e velho Pirelli P400. Quando escolhi as medidas originais e este modelo de pneu estava pensando que era a melhor opção visando a economia em um veículo para uso no dia a dia. Hoje, além disso, o conjunto das rodas originais com estes pneus também proporciona um visual sleeper a ela.

Logo em seguida foi hora de revirar as caixas de peças, ver o que estava bom, o que não estava e ver o que faltava. Pelo menos os detalhes de acabamento exclusivos da Chevy estavam todos lá, apenas empoeirados.

Na correria, com apenas três dias úteis para comprar tudo o que era necessário, tive que dar prioridade as compras, e acabei deixando os concertos em segundo plano. Mesmo assim, meu objetivo era deixá-la funcionando para que pudesse ir andando até o “chapista” para começar a funilaria da carroceria. Comecei pelo primeiro problema encontrado ao ver o que era necessário para colocar o motor em funcionamento, a linha de combustível, que faltava um pedaço, e o que tinha estava velho. Troquei todas as mangueiras e abraçadeiras, coloquei filtro novo, e com o pouco tempo foi o que deu tempo de eu mesmo fazer nesta visita.

Na hora de colocar o motor para funcionar, alguns problemas elétricos com os fios do painel, mas com um fio ligado direto na bobina fizemos o motor funcionar após 14 anos parado, um ano após ser retificado. Tive que deixá-la assim, demorou mais alguns dias para que ficasse pronta para ir funcionando para o “chapista”, mas o principal eu havia feito, tinha encaminhado as coisas.

 

A Tampa Traseira

Como a Chevy estava com um furgão, que ela possuía desde nova, pois seu primeiro dono foi uma empresa de café, não tinha tampa traseira. Voltando da viagem do fim do ano, comecei a busca pela tampa e demais peças. Após muitas procuras, encontrei tampas usadas em Blumenau e Apucarana, mas o preço da tampa mais o que iria gastar com frete estava meio salgado. Isso sem falar na tampa nova e original que achei em Porto Alegre, a R$2.200,00. Mas após procurar pelo BR inteiro, meu pai correu por todos os desmanches em Bagé, e no último deles encontrou uma tampa barata, estava meio ruim e sem todas as peças que a acompanham.

Então comecei a busca pelas peças da tampa, incluindo as peças da caçamba que fixam e fecham a tampa, enquanto isso o “chapista” iria recuperar a tampa que meu velho encontrou. Precisava do sistema completo de fechamento, incluindo as peças da caçamba em que encaixam as trancas, e após uma procura no ML encontrei um kit completo, não foi barato, mas considerando que estava difícil encontrar aquelas peças até mesmo avulsas, um kit completo para já resolver o problema, com peças usadas, porém muito bem conservadas, não dava para perder.

O passo seguinte foi as dobradiças, após tentar nos desmanches que tinham as tampas, e procurar por tudo que é lugar, aceitei a sugestão do meu velho e ele adaptou dobradiças de porta de fusca, e ficou bom. Ainda faltavam as 3 tampas internas, e a essa altura eu já tinha esquecido o papo de originalidade lá do início, então após ver os preços das tampas novas ou usadas que encontrei na net e que teria que comprar uma de cada lugar, mais uma vez acatei a sugestão do meu velho, e ele cortou as tampas a partir de uma chapa, e assim essas tampas ficaram sem as ranhuras das originais. Mas no final deu tudo certo, a tampa está montada, e só falta uma peça para completar o sistema de fechamento.

 

A viagem de busca da Chevy

No post passado falei que iria buscar a Chevy no feriado de páscoa no final de março. Pois bem, após um atraso aqui e outro ali, uma ida para revisão no motor sem ela estar toda montada, em que foi necessário retirar o motor para trocar o retentor do virabrequim, e retorno para concluir a montagem, fui buscá-la no feriado de Tiradentes no final de abril.

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Cheguei lá na quinta a noite com as ferramentas na mala, de carona com um tio, e fui direto para a casa da minha mãe em uma cidade vizinha para dormir. Na sexta de manhã acordei, após perder um ônibus para ir até Bagé, e encher o saco e apressar por uma carona, fui encontrar meu pai e então fomos buscá-la. Era por volta de 10:30 quando cheguei ao “chapista”, que havia concluído o serviço no dia anterior e já havia a deixado na frente da casa me esperando, com o carburador entupido. Tirei os giclês, assoprei, montei e ela voltou a funcionar normalmente. Tirei duas fotos e saí para começar a resolver os problemas para poder viajar.

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Saí pra correria, dirigindo ela pela primeira vez, sentindo como ela é e como ela estava, e uma das primeiras coisas que senti foi que não estava freiando, e dale freio motor até de primeira para parar na preferencial. Logo em seguida dei umas testadas e após umas bombadas no pedal o freio passou a funcionar, estava bem baixo, pegando só no fim do curso, mas pegando bem, ou seja, ia pisando sem freiar nada até que segurava de vez, mas nada que eu não tenha acostumado logo em seguida. Passei no lugar que ia fazer a geometria, não foi possível fazer na hora e tive que agendar para as 16 horas.

Saí dali e fui a uma auto elétrica, pois as luzes não estavam funcionando direito, pediram para eu deixá-la lá e retornar a tarde para buscar antes de levar a geometria, falei que não dava porque havia muita coisa a ser feita e pensei que teria que dar um jeito com a elétrica depois, só não sabia como. Dei uma passada na oficina que fez o motor, demos uma olhada no carburador, mas naquele momento o fdp estava funcionando perfeitamente e nada precisou ser feito. Já estava na hora de almoçar, e fomos deixar o carro de meu pai em casa para continuar a correr apenas com a Chevy.

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Almoçamos, fui até o centro pra ir ao banco, quando descobri que o freio de mão está com a catraca estragada e não está travando, está no jeito pra fazer maldade junto com a tração traseira, e não me preocupei com isso. Voltei para buscar meu pai e fui ao posto encher o tanque de 60 litros pela primeira vez e já verificar se o marcador de combustível estava funcionando, dei uma passada para ver uma casa que tenho lá e fomos para a borracharia, pois um pneu estava vazando e foi preciso apenas trocar a válvula.

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Fui ver umas coisas que precisava ver com meu pai, passei no mecânico que havia feito os freios, e ele falou para levar no dia seguinte para sangrar os freios novamente. Fui no “chapista” pagar o que faltava pela conclusão do serviço e, quando vi, já estava na hora de levar para a geometria, torcendo para tudo dar certo, pois não tinha dado tempo de erguer o carro para ver se havia folgas em algum lugar. Chegando lá, problemas, havia muita folga na direção e eu precisaria encontrar um lugar para concertar antes de voltar lá para fazer a geometria.

Ao sair estacionei para esperar meu pai que havia ido a um cartório assinar o recibo de transferência, e parei ao lado de um raro Brasília 4 portas. Havia perguntado qual oficina próxima que poderia fazer o serviço, fui lá, estava cheia e me indicaram um mecânico ali perto, que estava cheio de serviço e indicou outra oficina, que poderia fazer no sábado depois do almoço, mas se fosse preciso comprar peças, já estaria tudo fechado.

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Fui então para uma outra oficina que poderia fazer os concertos e a geometria, estava vazia, colocou a Chevy em uma plataforma e olhamos o que estava ruim para fazer um orçamento, o setor de direção estava condenado e os rolamentos de uma das rodas também, porém o serviço só poderia ser realizado na semana seguinte porque era necessário encomendar as peças de Porto Alegre. Cobraram caro nas peças, mas nada feito porque o prazo não era o que eu precisava.

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Já era quase 18 horas e já havia desistido de encontrar alguém que fizesse o serviço, então fui para uma das maiores autopeças da cidade tentar encontrar as peças que precisava, para depois ver o que eu conseguiria fazer com elas. Cheguei lá, me surpreendi ao encontrar o mecanismo de direção completo em estoque, peguei os rolamentos e mais algumas peças, joguei tudo na caçamba e fui deixar meu pai em casa, tudo já estava fechando e eu precisava decidir o que fazer, agora que já tinha as peças.

E então, agora que era final da tarde de sexta e estava com as peças, tirei a carta da manga para continuar resolvendo os problemas da Chevy, e fui a um primo que poderia me ajudar. Cheguei lá já colocando a Chevy pra dentro do pátio, mostrando as peças na caçamba e pedindo socorro. Ele estava começando a fazer um engate de reboque para o carro dele, parou tudo e então começamos a mexer na Chevy. Erguemos e colocamos a dianteira sobre cavaletes e começamos a tirar o mecanismo de direção, após a retirada precisamos soldar uns pinos da abraçadeira da coluna de direção que já estavam gastos, e na hora de montar trocamos alguns parafusos e porcas das abraçadeiras de fixação da caixa de direção, e pouco tempo depois a direção nova já estava no lugar.

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Direção trocada, hora de trocar os rolamentos da roda direita, desmontamos o cubo de roda e logo de cara já percebemos que o retentor estava estourado, e eu não havia comprado o retentor. Antes de retirar as pistas externas dos rolamentos de dentro do cubo resolvemos conferir se os rolamentos que me venderam estavam corretos. O rolamento menor (externo) estava correto, com 30mm de diâmetro, porém o rolamento maior (interno) tinha vindo com 45mm e o correto era 50mm. Montamos os rolamentos velhos de volta sem retentor e deixei para sábado cedo retornar a autopeças para trocar o rolamento e pegar um retentor.

Saí do meu primo, fui ao meu pai um pouco, e de lá fui buscar minhas ferramentas que haviam ficado na casa de minha mãe e estavam com meu tio, peguei as ferramentas, andei 50 metros até a esquina e fiquei parado na rua a primeira vez com ela, o carburador entupiu de tal forma que não consegui nem tirá-la do ponto de ônibus onde havia parado, empurrei um pouco pra frente, peguei uma chave de fenda, tirei giclê, chupei giclê, e tudo resolvido. Pelo menos ela foi boazinha e esperou eu pegar as ferramentas, nesse momento pensei que a sorte estava comigo. Bora voltar pra casa do meu primo, agora com minhas ferramentas pra agilizar um pouco mais as coisas. Cheguei, pedimos uma pizza, comemos, e voltamos a mexer na Chevy, já era próximo da meia-noite.

Desta vez partimos para a elétrica, as luzes traseiras estavam funcionando tudo errado, desmontamos e fomos atrás dos problemas. Além de uma lâmpada queimada, os aterramentos que são feitos nos parafusos de fixação das sinaleiras não estavam aterrando na carroceria porque havia ficado tinta entre parafusos e carroceria após a pintura. Raspamos atrás dos parafusos, raspamos também os contatos de todos os polos das lâmpadas, que estavam oxidados depois de tanto tempo sem funcionar, havia fios ligados errados também.

Depois foi só montar tudo corretamente e tudo voltou a funcionar como se deve. Verifiquei os fusíveis, e havia vários “jumpiados” com fio de cobre, ou mesmo arame. No meio disso, além de diversos outros pequenos concertos, aproveitei para encurtar a mangueira do respiro do radiador e arrumei a capa da correia dentada, que estava com folga e às vezes ficava pegando na polia do comando fazendo um barulho nada agradável.

Fomos dormir e uma forte chuva começou, e cedo levantei para ir a autopeças, quando a chuva parou, mais uma vez pensei que estava com sorte. A autopeças abria 8h30, e lá estava eu estacionando em frente as 8h30, o vendedor que me vendeu as peças estava chegando para trabalhar, me viu e perguntou: “O rolamento tava errado?”…pensei uma coisa e respondi outra, fomos trocar o rolamento e não tinha o correto, pelo menos ele indicou lugares ali perto para comprar peças elétricas e o rolamento. Passei na loja de elétrica, comprei um punhado de fusíveis e algumas lâmpadas, fui à outra autopeças e comprei o rolamento e o retentor e voltei para casa do meu primo.

Cheguei lá, peguei as coisas na garagem e já fui desmontando o cubo de roda, e pensando que o DIY tava me salvando, aliando a rapidez com a economia de uma grana. Meu primo levantou, tomamos um café e terminamos de trocar os rolamentos, e então já estava pronto para ir fazer geometria.

Cheguei para fazer a geometria e o local já estava fechando, mas como eles sabiam que eu estava desde o dia anterior na correria pra fazer, e os mecânicos estavam babando na Chevy, falaram pra eu colocar no elevacar pra fazer começar o serviço, e na volta precisei desentupir o carburador duas vezes para continuar na correria.

Voltei ao meu primo, almoçamos, fiquei arrumando mais umas coisinhas pequenas, mas necessárias, e coloquei um segundo filtro de combustível entre a bomba e o carburador, na tentativa de amenizar os problemas de entupimento do carburador até que o problema fosse solucionado. Então fomos sangrar os freios, primeira pinça, beleza, segunda pinça, nəpnɟ. O sangrador estava estourado, com um teflon tampando para não vazar fluido. Resolvemos isso colocando solda na peça, aproveitando para estrear os eletrodos para alumínio que meu primo tinha.

Na hora de colocar na pinça de volta, não pegou rosca, pois a rosca na pinça já havia espanado. Pensamos um pouco, tiramos a pinça fora para dar uma olhada, mais um tempo sem saber o que fazer e saímos para uma oficina de um conhecido em busca de um macho para fazer uma rosca nova. Chegamos lá, era uma oficina de motos, esperamos o senhor dono da oficina chegar, e logo ele conseguiu um macho de 5/16” e ainda arranjou um parafuso para colocarmos de tampão. Na volta, uma passada no posto para comprar fluido de freio, pois já havíamos perdido um monte na brincadeira. Montamos a pinça, sangramos, aparentemente tudo certo.

Já era quase 18 horas, começava a anoitecer, ainda havia algumas coisas a fazer, nem tinha começado a mexer no carburador que estava ficando cada vez pior. Eu tinha duas opções: tentar terminá-la no domingo, sem nada aberto na cidade, para viajar na segunda ou desistir para já retornar no domingo de carona com meu tio. Era hora de decidir, levá-la ou deixá-la, e fui sensato, resolvi deixá-la com meu primo para ele fazer os acertos finais antes de colocá-la na estrada.

Havia se passado menos de 32 horas desde que havia pegado a Chevy no “chapista”, depois de toda a correria eu havia adiantado bastante a situação, mas não era a hora, e eu sabia que isso poderia acontecer antes de ir até lá. Então aproveitei para ir ao posto, pois uma das coisas que ainda não tinha feito era a substituição dos fluidos da transmissão. Troquei o óleo do câmbio, o do diferencial não foi possível trocar, mas já comprei para meu primo trocar depois. Neste trajeto percebi que o freio continuava baixo e na volta, mais uma vez carburador entupido.

Acertei umas coisas com meu primo e fui me despedir do meu velho. Na volta qualquer pisada no acelerador já era o suficiente para engasgar e morrer, voltei usando só a lenta e subindo marcha, sorte que não tinha subida. Então voltei para o meu primo para deixar a Chevy aos cuidados dele, e ali no portão da casa dele a deixei, já pensando em quando iria voltar.

Mas enquanto esperava minha mãe me buscar, houve tempo para uma leitura no que eu havia encontrado no porta-luvas no meio daquela correria toda, o manual do proprietário. Ali eu vi que ela foi vendida em setembro de 1989, fez a revisão de 2.500km em outubro de 1989, e a de 10.000km em janeiro de 1990, e depois não fez mais revisões na css. Hoje ela está com 59 mil km no odômetro, que não possui o dígito das centenas de milhares, o motor já passou por duas retificações, então eu acredito que ela esteja com 359 mil km, o que para mim não é problema, aliás, quero chegar logo no meio milhão.

 

Uma leve alteração na proposta

Pois bem, inicialmente eu buscava um veículo original com uma leve customização, mas a reforma começou e foi tomando outro rumo, com o tanto de peças que tive que ir trocando, e ainda terei que trocar, fui deixando a originalidade de lado e agora os planos mudaram um pouco.

Vou fazer uma preparação mecânica aspirada bem leve, fazer a conversão para voltar a utilizar álcool como combustível, com a meta de chegar próximo de 100cv de potência e 15kgfm de torque, sem aumentar muito o consumo para não afetar o uso no dia-a-dia. Os detalhes das modificações virão nos próximos posts, conforme forem acontecendo. E enquanto não trago ela pra Curitiba, algumas peças para a preparação e customização já começam a chegar e ficam no aguardo.

 

Agora vai!

A Chevy ficou em boas mãos com meu primo, que está deixando tudo certo para quando eu voltar, que será dia 13 de maio, e dia 15 chegarei em Curitiba. No próximo post contarei como foi a viagem e já mostrarei o início das modificações que farei estando com ela junto de mim. Até breve!

Por Marco Antônio Guterres, Project Cars #314

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