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Car Culture

Click-click: por que os piscas do seu carro fazem esse barulho?

Por mais diferentes que os automóveis sejam uns dos outros, há muita coisa que todos eles têm em comum. E não estamos falando apenas das coisas que fazem um carro ser um carro, como quatro rodas, um volante e motor – existem coisas que todo carro precisa ter por força da lei – itens fortemente regulamentados, como o conjunto de iluminação. Todo carro precisa ter faróis, lanternas, luzes de freio e de ré e, claro, os piscas.

Também chamados de pisca-piscas, sinaleiras, luzes de direção ou setas, eles servem para indicar a intenção do motorista de realizar uma conversão à direita ou à esquerda – e, por isto, devem acionadas metros antes da suposta curva, e não durante a mesma. Mas isto é papo para outra hora, até porque você já sabe, não é?

O que você talvez não saiba é como o pisca do seu carro funciona – e por que ele faz aquele som de clique em sincronia com as setinhas no painel.

Aliás, as próprias setinhas são um ícone padrão, e é por causa delas que chamamos os piscas de “setas”. No painel do seu carro, elas podem estar juntas (como no Fusca ou na primeira geração do Fiat Uno) ou separadas, piscando individualmente, em sincronia com as luzes do lado de fora. Você provavelmente já tinha reparado nisso, também.

Certo, mas como os piscas… piscam? E por que eles fazem este barulho?

O pessoal do Jalopnik explicou esta charada há algum tempo, com direito a um pequeno vídeo mostrando os piscas em ação e os pequenos dispositivos que os fazem funcionar. É bem interessante:

O vídeo mostra os dois tipos principais de piscas que existem: os com relé térmico e com relé eletrônico. Ambos atuam pelo mesmo princípio, porém por meios ligeiramente diferentes.

Carros mais antigos, como o Jeep que aparece primeiro no vídeo do Jalopnik, usam o relé térmico. Outros, mais modernos, usam um relé eletrônico – mas não precisam ser muito mais modernos, como demonstra o Fusca que aparece depois.

Para entender melhor as coisas a partir daí, talvez seja melhor sacar o que um relé faz. Um relé é, na prática, um interruptor – dispositivo responsável por cortar ou estabelecer contato em uma corrente elétrica. A diferença é que, quando atua, o relé o faz de forma intermitente. É graças ao relé que as luzes de direção piscam – sem ele, elas ficariam acesas o tempo todo, e só apagariam quando desligadas.

O relé térmico, como o nome diz, funciona por temperatura. A pequena peça tem uma plaqueta bimetálica (composta por duas camadas de metais diferentes) posicionada entre dois contatos. Os dois metais possuem coeficientes de expansão térmica diferentes – ou seja, precisam de temperaturas distintas para se expandir ou se retrair. Ficou claro? Então podemos prosseguir.

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O circuito elétrico a que este relé está conectado é responsável por acender os piscas em si e a luz correspondente no painel em sincronia. Quando você liga a chave de seta, a plaqueta de metal do relé se aquece e começa a se dobrar até fazer uma tira de metal menor tocar no contato inferior. Esta tira se aquece e força a plaqueta maior a voltar a sua posição original e tocar no contato superior. A esta altura, a tira menor deixa de tocar o contato inferior e resfria, assim como a plaqueta, e as duas retornam a sua posição original. Então, a plaqueta maior começa a aquecer de novo e o processo se reinicia até a chave de seta ser desligada.

Este relé costuma ficar debaixo do painel do carro, sob a proteção da coluna de direção ou na caixa de fusíveis – que, em alguns casos, fica no cofre do motor. O clique que se ouve é o som dos da plaqueta de metal se dobrando e se movimentando ritmicamente.

Este vídeo (do qual o frame acima foi extraído) explica com mais detalhes que o pessoal do Jalopnik

Os relés eletrônicos têm funcionamento mais simples. Um pequeno chip é responsável por enviar um pulso elétrico de forma intermitente a uma bobina de cobre. Esta bobina é um eletroímã, que cria um campo magnético responsável por puxar para si uma pequena placa de metal sobre os contatos que fecham o circuito das luzes de direção.

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Com os piscas desligados, o campo magnético gerado pelo eletroímã mantém a placa longe dos circuitos. Quando você aciona a alavanca, o chip começa a enviar o pulso elétrico intermitente. Quando a corrente elétrica é interrompida, a plaqueta encosta nos contatos e fecha o circuito, acendendo as luzes. A corrente retorna logo em seguida, o eletroímã atrai a plaqueta e corta o circuito. Novamente, o clique que se ouve é o som de uma plaqueta de metal se movendo – que também serve como lembrete de que o pisca está ligado (e sinal de que está funcionando corretamente).

É por isto que os intervalo das luzes do pisca variam de carro para carro – relés diferentes funcionam a velocidades diferentes, dependendo da programação e da quantidade de energia necessária para que atuem.

Existem, contudo, carros modernos que dispensam os relés e enviam sinais eletrônicos digitais para que os piscas se acendam de forma intermitente. Neste caso, costuma-se emular o som do relé pelos alto falantes do carro.