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Técnica

Como funciona a Ferrari F12tdf, a versão ainda mais insana de 780 cv da F12 Berlinetta

Com um V12 de 6,3 litros e 740 cv na dianteira, a Ferrari F12 Berlinetta já era impressionante — seu motor é um dos naturalmente aspirados mais potentes do planeta, capaz de levá-la até os 100 km/h em 3,1 segundos e aos 200 km/h em 8,5 segundos. Até a chegada da LaFerrari e seu conjunto híbrido de 963 cv, a F12 era a Ferrari de rua mais potente de todos os tempos.

Há algumas semanas, no entanto, a fabricante italiana apresentou uma versão especial ainda mais potente da F12 Berlinetta: a F12tdf, limitada a 799 unidades. O motor de 6,3 litros recebeu algumas modificações importantes para entregar nada menos que 780 cv. Sim, quase 800 cv em um motor naturalmente aspirado! Como isto é possível?

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Foi exatamente isto que a Ferrari decidiu explicar neste vídeo, publicado em seu canal do YouTube. O vídeo é curto, com pouco mais de dois minutos, mas é o suficiente para entender as modificações no motor V12. Vamos dar uma olhada?

O que temos aqui é, em boa parte, o mesmo V12 de 6.262 cm³ com diâmetro x curso de 94×75,2 mm; taxa de compressão de 13,5:1 e capacidade para girar a quase 9.000 rpm. A potência máxima de 780 cv chega às 8.500 rpm, enquanto o pico de torque de 71,9 mkgf ocorre às 6.250 rpm (sendo que 80% já estão disponíveis desde as 2.500 rpm). É um motor que gosta de girar alto, e isto certamente tem a ver com alguns elementos dos motores de competição da Ferrari que foram incorporados a ele.

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Para começar, a caixa de ar do motor é mais leve. O coletor de admissão é novo, e um atuador hidráulico altera a posição das cornetas da admissão (os trumpets mencionados no vídeo) de acordo com a velocidade do motor, a fim de mantê-los sempre em uma posição que favoreça o fluxo de ar para dentro do motor. As válvulas de borboleta também são maiores e mais eficientes.

O cabeçote recebeu tuchos de válvulas mecânicos (atuados apenas pelo contato com o comando de válvulas), mais adequados a motores que giram alto — e também responsáveis pela maior abertura das válvulas de admissão, garantindo que mais mistura ar-combustível entre no cilindro e melhorando a eficiência da combustão.

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O aumento na potência, somado à redução de peso — de 1.525 kg para 1.415 kg, ou 110 kg a menos — conseguida com o emprego extensivo de fibra de carbono na carroceria e no interior (além de alumínio no assoalho) garantem um desempenho ainda mais impressionante em linha reta: 0 a 100 km/h em apenas 2,9 segundos, 0 a 200 km/h em 7,9 segundos e máxima superior a 340 km/h.

A aceleração logicamente não foi a única preocupação da Ferrari na hora de melhorar a F12 Berlinetta. A dinâmica também recebeu atenção, e ela veio na forma do Passo Corto Virtuale.

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Como sabemos, carros de entre-eixos mais curto sofrem menos com a inércia polar nas curvas, e mudam de direção mais rápido. No entanto, a F12 Berlinetta tem 2,72 metros entre os eixos, o que não é exatamente pouco — essa é a distância entre os eixos de um sedã médio como o Toyota Corolla ou o BMW Série 3. Como é impossível modificar toda a estrutura do carro para reduzir seu entre-eixos sem uma nova plataforma, a Ferrari criou o que ela chama de “entre-eixos curto virtual” (o tal Passo Corto). Trata-se, no fim das contas, de um sistema de esterçamento nas rodas traseiras (4WS), que também serve para compensar a bitola dianteira mais larga (ou você acha que a F12tdf é bem mais larga que a F12 Berlineta à toa?).

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Como já explicamos neste post, o sistema 4WS ajuda o carro a contornar uma curva com maior velocidade. Como? Ele esterça as rodas traseiras no mesmo sentido das dianteiras. Isso “puxa” a traseira para dentro da curva, como se ela fosse uma dianteira apontando para a entrada da curva. De acordo com a Ferrari, o sistema é integrado às outros controles eletrônicos do carro, o que garante respostas muito mais rápidas do volante e mais estabilidade em curvas de alta. Aliás, o aumento de até 87% no downforce em alta velocidades (fala-se em 230 kg a 200 km/h, ou 107 kg a mais que a F12 Berlinetta) também faz sua parte.

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Com tudo isto, sem dúvida a Ferrari F12tdf é digna do sobrenome. Você talvez lembre que “tdf” significa Tour de France — não a famosa corrida de bikes, mas sim a lendária prova de rua que a Ferrari dominou nos anos 1950 e 1960. E quem esteve na última etapa do Ferrari Racing Days no circuito italiano de Mugello pôde vê-las em ação durante uma pequena exibição ao público:

E, já que estamos aqui, porque não aproveitar para ver várias Ferrari FXX K (a versão de pista ainda mais estúpida da LaFerrari) fritando seus discos de freio no mesmo evento?

Diga o que quiser a respeito da Ferrari e suas práticas enquanto empresa: nada disso anula o fato de que seus carros sabem como dar um espetáculo.