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Técnica

Como funcionam os sistemas de ronco “reforçado” dos carros modernos?

Já faz algum tempo que li pela primeira vez a respeito de um carro que usava os alto falantes para reforçar o ronco do motor. Tenho quase certeza de que era o BMW M5 da geração passada, a F10, lançada no fim de 2010, equipada com o V8 biturbo S63, de 4,4 litros e 560 cv (aparentemente, o M5 V10 ainda não precisava deste recurso). Chamado Active Sound Design, o sistema está presente até hoje em boa parte dos BMW M, incluindo o M2, a dupla M3/M4, e o novo M8.

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Na época, houve alguma controvérsia a respeito do sistema – por que alguém iria querer um sedã esportivo que precisa emitir o ronco do motor pelos alto-falantes? No entanto, com o passar do tempo, muitos de nós nos acostumamos com isto. A gente até esquece que os roncos de motor “fake” existem, às vezes.

Não acho que seja preciso defender ou atacar os sistemas de reforço do ronco de motor. Eles estão aí e não vão a lugar algum tão cedo, ponto. Existe, é claro, quem seja terminantemente contra, alegando que não há autenticidade alguma em reproduzir um ronco de motor artificial pelos alto-falantes – que seria como ir a um show e ver a banda tocando junto com uma trilha sonora. Acontece que, antes de tudo, a mãe das inovações é a necessidade – e neste caso, havia a necessidade de fazer com que os ocupantes do carro ouvissem o motor funcionando.

No caso do BMW M5, a lógica é simples de entender: trata-se de um sedã esportivo de luxo – um carro com dupla personalidade. Em situações de direção tranquila, no trânsito das grandes cidades, a cabine é silenciosa e confortável. Décadas de avanço na tecnologia de isolamento termoacústico tornaram os carros modernos mais silenciosos do que nunca. Só que o M5 é a versão mais potente e nervosa, e poder ouvir seu belo ronco em alto e bom som é, literalmente uma das razões para comprá-lo. Então, a BMW Motorsport teve de dar um jeito.

O Active Sound Design da BMW é um dos mais simples: há um arquivo de áudio com o ronco do motor guardado na memória do carro, e este arquivo é reproduzido pelos alto-falantes quando o sistema está ativado. O sinal digital é processado pela ECU, usando os dados de aceleração, das rotações, e até mesmo do torque produzido pelo motor em tempo real – o que, de acordo com a BMW, garante que o sistema “entregue uma reprodução exata do som do motor pelos alto-falantes do carro”. A lógica é mais ou menos a mesma dos sons de motor dos games de corrida: o ronco fica mais grave ou mais agudo de acordo com o giro do motor, com efeitos que simulam trocas de marcha e outras nuances do funcionamento.

De lá para cá, outros tipos de reforço sonoro para o ronco do motor foram criados. A Volkswagen introduziu em 2011, no Golf GTI, o Soundaktor (uma corruptela de sound aktuator) – um pequeno alto-falante posicionado abaixo do para-brisa, voltado para a parede corta-fogo, com o intuito de amplificar o ronco do motor para dentro da cabine sem alterar o nível de ruído do lado de fora. Embora, na época, alguns veículos da imprensa tenham dito que se tratava de um arquivo de áudio, a VW negou o fato e disse que o som produzido pelo Soundaktor era o ronco do motor em tempo real, captado por um microfone.

É claro que há quem não goste, e por isto não faltam tutoriais em vídeo na internet que ensinam a remover (e a reinstalar) o Soundaktor dos carros da Volks.

Ainda segundo a fabricante, as vibrações sonoras são transmitidas para o interior através do para-brisa, sem empregar os alto-falantes do sistema de áudio. Atualmente, o Soundaktor é encontrado também no Golf R, no VW Jetta GLi e em modelos de outras marcas do grupo, como o Audi S3/RS3 e o Skoda Octavia.

Outros sitemas são mais sofisticados, e também podem ser entendidos como mais orgânicos. A Porsche, por exemplo, emprega no 911 o Sound Symposer – que, diferentemente dos outros descritos até aqui, é um sistema mecânico: através de uma válvula no sistema de escape, é possível direcionar o ronco do motor, bem como o ruído da indução de ar para pelo coletor de admissão, através de um duto voltado para a cabine, filtrado por um diafragma. Esta válvula é acionada eletronicamente e pode ser desligada, quando se desejar quietude. Tecnicamente este é um sistema mais puro, por não apelar para um som gerado eletronicamente. O ronco do Mustang EcoBoost também é reforçado desta forma.

De qualquer forma, como outas tecnologias automotivas introduzidas ao longo dos anos, o ronco “fake” do motor pode possuir outras aplicações – especialmente agora que os carros híbridos elétricos iniciaram sua caminhada em direção à onipresença nas ruas (mesmo que ainda leve algumas décadas, sendo realista). O ronco do motor não serve apenas para alertar, e não é apenas uma consequência da combustão interna: ele também serve para alertar os pedestres de que um carro está se aproximando. Desta forma, no futuro o ronco artificial poderá se tornar algo bem mais importante do que é hoje em dia.