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Car Culture

Design 90: quando a Lamborghini fez uma moto – ou quase isto

Na década de 1980 a Lamborghini estava quebrada — o pedido de falência veio em 1977, e as vendas do Countach não estavam sendo suficientes para garantir a sobrevivência da companhia. Foram dois investidores do ramo alimentício, os irmãos Jean-Claude e Patrick Mimran, quem salvaram a marca em 1978 e a recuperaram financeiramente antes de passar a Lamborghini para as mãos da Chrysler, em 1987.

Entre versões especiais do Countach e modelos novos, como o Jalpa, as tentativas de fazer a fabricante italiana de supercarros dar algum lucro incluíram alguns projetos inusitados — como uma moto da Lamborghini.

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A ideia foi de Patrick Mimran, que via o lançamento de uma moto Lamborghini como uma ótima maneira de diversificar a linhagem da Lamborghini e, se tudo desse certo, atrair mais compradores. Acontece que, talvez, o projeto fosse um tanto ambicioso demais…

Não estamos falando de uma moto esportiva já existente que recebia o emblema da Lamborghini — não era uma série especial, e sim uma motocicleta totalmente nova. Para ajudar na empreitada, Mimran procurou a empresa francesa Boxer Bike, que era conhecida por suas motocicletas ultra-caras que usavam tecnologia e materiais aeronáuticos, e o projetista Claude Fior, lendário designer que criou motos de competição lendárias como a Fior 500, com motor dois-tempos de 150 cv e suspensão do tipo wishbone na dianteira e na traseira.

A apresentação da Fior 500 em 1988

Antes da Fior 500, porém, veio a Design 90 — era este o nome da moto que começou a ser desenvolvida em 1984 e ficou pronta dois anos depois. Mimran acreditava que a Boxer Bike era a única empresa capaz de levar até o fim um projeto tão ambicioso como uma moto Lamborghini — e, até certo ponto, ele tinha razão: não era qualquer fabricante de motocicletas que seria capaz de criar algo verdadeiramente único sobre um motor Kawasaki de 1.000 cm³, quatro cilindros em linha, quatro comandos e quatro válvulas por cilindro.

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O motor tinha 130 cv e ficava todo escondido pela carenagem de fibra de vidro — que, de acordo com a Lamborghini, buscou inspiração nas formas do Countach da época (olhe só as entradas de ar) e cobria todos os componentes mecânicos da moto.

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O visual é totalmente oitentista, mas o nome Design 90 sugere que, talvez, eles estivessem saudando a nova década que se aproximava e esperassem continuar vendendo a moto por vários anos. Não foi o que aconteceu.

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Os dados a epecificação técnica e a produção disponíveis hoje são poucos e conflitantes. A respeito da moto em si, que se sabe é que ela pesava algo entre 130 e 175 kg e tinha velocidade máxima estimada em 258 km/h. Quanto aos números de fabricação, a coisa é ainda mais imprecisa — a maioria das fontes fala em 20 a 25 unidades encomendadas, enquanto o número de unidades produzidas em Tolouse, na França (onde ficava a sede da Boxer Bike) nunca ficou totalmente claro — fala-se em algo entre cinco e dez unidades, que custavam o dobro das motos mais caras e rápidas do mundo na época.

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Provavelmente devido ao alto preço, a moto jamais decolou nas vendas como Patrick Mimran certamente esperava. Por outro lado, a compra da Lamborghini pela Chrysler em 1987 deve ter colocado um freio no projeto — que, de qualquer forma, talvez fosse ambicioso demais na época.

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Será que daria certo hoje? Não dá para ter certeza. Contudo, temos certeza que muita gente aqui iria preferir outro tipo de moto Lamborghini…