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Project Cars Project Cars #102

Equipe Imperador UTFPR: Fórmula SAE, Baja… diversidade é isso aí!

Olá FlatOuters! Somos a Equipe Imperador UTFPR de Baja e Fórmula SAE da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (campus Curitiba) e o nosso project car é o Jaguara 8. Trata-se de um protótipo Baja Sae que será projetado e construído do zero para participar da 21ª competição nacional organizada pela SAE (Sociedade dos Engenheiros de Mobilidade) em 2015. Mas antes de entrarmos nos detalhes de projeto e fabricação do J8 – vocês já vão entender a origem do nome – que tal conhecer um pouco mais do que é o Baja SAE?

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A competição

O Baja SAE é uma competição universitária internacional criada em 1976 nos EUA e que chegou ao Brasil em 1994. Nela, o objetivo é construir um protótipo off-road capaz de superar os mais diversos tipos de obstáculos. É um desafio prático para os estudantes de engenharia aplicarem os seus conhecimentos teóricos vistos em sala de aula no desenvolvimento completo de um projeto funcional. Para nós, brasileiros alunos de universidades públicas, isso se mostra extremamente importante devido à grande deficiência de laboratórios (e verba) para que possamos exercitar nossos conhecimentos em aulas práticas mais elaboradas.

A competição em si consiste de diversas etapas, começando pela apresentação de projeto. Nesta etapa a equipe deve explicar como e por que construiu seu carro daquele jeito, devidamente justificado por estudos científicos. Durante a competição, jurados credenciados pela SAE Brasil avaliam a segurança do carro em quesitos como conforto e frenagem. Após a aprovação na segurança, os competidores disputam provas de Aceleração, Velocidade, Suspension & Traction, Tração, Manobrabilidade e por fim um enduro de quatro horas. No fim, a equipe que obtiver a maior soma de pontos é declarada campeã. No Brasil, as três melhores universidades são classificadas para a competição mundial que acontece uma vez por ano nos Estados Unidos.

Todos os protótipos são movidos por um motor Briggs & Stratton monocilíndrico, 4 tempos de 10 HP, refrigerado a ar. O que define o vencedor é o que se constrói ao redor desse motor em termos de estrutura, suspensão, transmissão, freios, eletroeletrônica e design.

 

Quem somos?

Em 2008 foi criada a equipe Bajaguara de Baja SAE, sucessora de outras diversas equipes que já haviam sido criadas dentro do campus Curitiba da UTFPR (antigo CEFET-PR) e que desde 1997 competiam no Baja SAE Brasil. Normalmente o que acontece é que existe uma continuidade de projeto entre equipes ao longo dos anos, trocando apenas alguns membros, mas sempre em evolução. E foi este o objetivo da equipe: ter sempre uma continuidade e se desenvolver ao longo de vários anos, o que nunca havia acontecido dentro do CEFET-PR.

Mas você deve estar se perguntando, se estamos aqui para escrever sobre a Equipe Imperador UTFPR, por que estaríamos contando a história dessa tal de Bajaguara? Acontece que em 2011 foi feita uma proposta por parte um dos patrocinadores para que adotássemos o nome da empresa como nome da equipe. E cá estamos, Equipe Imperador UTFPR. Até que soa bem, não?

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A maioria dos integrantes atuais da equipe

Desde então processos seletivos são realizados periodicamente a fim de gerar um ciclo de alunos de diversos períodos e cursos, no qual todo o conhecimento é transferido dos membros antigos para membros novos. Hoje compõem a equipe 33 membros dentre os cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, Eletrônica, Engenharia de Controle e Automação e Design. São alunos do 1º período de curso até do 8º período. A equipe é dividida em diversos subprojetos: Suspensão e Direção, Transmissão, Freios, Estruturas, Elétrica-Eletrônica, Design e Administrativo. Existe um gerente para cada subprojeto e um capitão de equipe, para que tudo seja realizado corretamente.

Também em 2011 foi agregada a antiga equipe de Fórmula SAE (Equipe TPR) à Imperador UTFPR, com a finalidade de não deixar o projeto morrer dentro da universidade. Então, nos tornamos os únicos loucos o suficiente para fazer os dois projetos dentro da mesma equipe e, até onde sabemos, somos os únicos no mundo também. E se ficou aquela dúvida na sua cabeça “como é possível fazer trabalhos distintos em uma área comum? Deve ser gigante o laboratório pra eles fazerem isso!”… Bem, não é bem assim. Na verdade fazemos tudo isso dentro de um antigo banheiro da Universidade, obviamente modificado para ser uma oficina completa. Felizmente, existe a previsão de ganhar um espaço próprio dentro de algum tempo, na nova sede da Universidade.

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Os nomes dos carros preservam o antigo nome da equipe e usam a nomenclatura Jaguara X (JX para ser mais curto), sendo este X um número indicando em qual projeto estamos. Atualmente estamos correndo com o J5 (um Baja) e o J7, um Fórmula SAE com câmbio CVT – coisa de bajeiro – e motor de CBR 600F4. Ou, pelo menos, era: o motor pediu arrego depois de tanto tempo de uso. O motor foi retirado de uma motocicleta de 1999, originalmente carburado, já passou por injeção programável e agora se encontra desmontado em uma caixa, lá no nosso banheiro-laboratório. Neste ano não vamos participar da competição do Fórmula, já que não possuímos um motor em condições nem dinheiro para um novo. Quem sabe no ano que vem.

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Jaguara 7

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Jaguara 5

 

Resultados

Tudo começou com o J1, com o qual conseguimos resultados razoáveis para uma equipe iniciante. A evolução foi o J2, carro de Baja mais resistente que conhecemos. É o protótipo que damos aos calouros – e ao nosso amigo Luiz – para que eles tenham contato com um projeto ainda no processo seletivo. Por esta razão, todos os membros têm um grande afeto por ele, uma espécie de xodó.

Depois de um carro tão robusto como foi o J2, foi estabelecido como uma das principais metas da equipe fazer o carro ser o mais leve possível . Isso começou com o J3, que não obteve grandes sucessos – quebrou na primeira competição. Veio então o J4 e o J5 que correram simultaneamente, cada um utilizando um tipo de suspensão traseira (Duplo A e Semi-Trailing Arm respectivamente). O J5, que está atualmente competindo, foi em 2012 um dos carros mais leves do Brasil, ficando com apenas 148 kg.

Quando foi anexada a equipe de Fórmula junto com a equipe Baja, herdamos também o projeto já construído deles, que depois de algumas mudanças no sistema de suspensão e direção, foi batizado de J6. Este utilizava um motor monocilíndrico CB400 já com câmbio CVT. Infelizmente o carro não andou na competição de 2011, quando participávamos da nossa primeira competição do FSAE. No ano seguinte tínhamos desenvolvido um projeto próprio e um motor novo diferente, da CBR600. Porém, problemas na alimentação carburada do motor dificultaram nossa vida durante a competição e não conseguimos andar muito – e mesmo assim, conseguimos a 10ª colocação. Para 2013, resolvemos o problema do motor com a instalação de uma injeção eletrônica programável Pandoo, acertamos no dinamômetro e estávamos prontos para a competição. Nosso FSAE andou então pela primeira vez durante a competição e depois dela também, até o motor quebrar.

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Linha do Tempo dos Jaguaras (clique na imagem para ampliar)

Por tudo isso, o ano passado foi um dos melhores até agora: conseguimos a 4º colocação no Baja Sul de 2013, 11º no Nacional do FSAE e finalmente a 12º colocação no Baja Nacional deste ano, melhor desempenho da história da nossa equipe dentro de uma competição nacional. Com estes resultados extremamente satisfatórios, vimos que atingimos o pico de desenvolvimento do nosso Baja e houve uma grande necessidade de fazer um projeto novo, pra poder continuar avançando.

Video do J5 no Suspension & Traction do Baja Sul 2013 (A corrente da caixa de transmissão arrebentou no último obstáculo. Fomos das poucas equipes a conseguir chegar neste obstáculo, no qual apenas um carro passou com sucesso.

O protótipo que estamos projetando no momento é o sucessor do J5, que batizamos de J8. Ele ainda não irá competir neste ano, mas estará pronto para as competições de 2015. Temos algumas boas ideias para o novo projeto e estamos atualmente realizando testes e adquirindo diversos dados para que possamos fazer o melhor trabalho possível no projeto do carro em computador, simulando e otimizando-o ao máximo antes de começar o processo de fabricação em si. E isso será o tema dos nossos próximos posts. Até a próxima!

 

Por Eric Tenius, Project Cars #102

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