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Top Zero a 300

Estas são as Ferrari mais rápidas na pista de testes de Fiorano

Diga o que quiser, ache o que achar da Ferrari, é inquestionável seu comprometimento com o desempenho de seus carros em pista. Talvez possamos dizer ainda mais: é justamente não dando muito ouvido à opinião do público e fazendo o que achar certo na hora de tornar seus carros rápidos que a Ferrari demonstra seu comprometimento com a excelência de seus carros. E isto é admirável.

Este mesmo comprometimento levou a Ferrari a construir sua própria pista de testes, o Circuito de Fiorano, que fica no município de Fiorano Modenese, localizado a menos de 15 km ao sudeste de Modena. O circuito de três quilômetros de extensão (na verdade 2.997 metros) tem 12 curvas e é usado para simular as condições de trechos de diversos circuitos de Grand Prix espalhados pelo mundo. Toda Ferrari, de rua ou de pista, é testada lá em determinada etapa de seu desenvolvimento. E nós listamos aqui as Ferrari de rua que melhor se saíram em Fiorano.

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Mas antes é bacana saber um pouco mais sobre Fiorano. O circuito é equipado com sensores de telemetria e um skidpad para testar os pneus. Desde 2001 um sistema de irrigação que coleta água da chuva em oito cisternas é usado para simular chuva e asfalto molhado. A infraestrura do circuito também pode ser desfrutada por donos de Ferrari, que podem pagar pelo privilégio de testar seus carros recém-comprados em Fiorano.

Dito isto, dificilmente alguém em uma Ferrari de rua vai bater o recorde atual do circuito, obviamente. O recorde pertence a Michael Shumacher. Em 2004, Schumi percorreu os 2.997 metros do traçado em 55,99 segundos com a Ferrari F2004, monoposto de Fórmula 1 equipado com um V10 de três litros e 950 cv a 19.000 rpm – e, naquela ocasião, um dos melhores pilotos de todos os tempos ao volante. A velocidade média de um carro de F1 em uma volta em Fiorano é de 160 km/h, e a velocidade máxima na reta principal é de 290 km/h.

Dizem que, ao longo dos 16 anos que se passaram entre a inauguração de Fiorano e sua morte em 1988, Enzo Ferrari sentava-se na varanda de sua casa (que ficava ao lado do circuito) ou na beira da pista para ver e ouvir os monopostos da Scuderia sendo testados. Em determinado momento dos anos 60, Enzo Ferrari chegou à conclusão de que o autódromo de Modena já não era suficiente para avaliar e aperfeiçoar os aspectos técnicos de seus carros. Ele achava o desenho da pista simples demais. Em uma ocasião ele teria dito o seguinte:

Cada pedaço da pista deve servir para testar o comportamento dinâmico de um carro de forma a facilitar a identificação do problema de qualquer carro. De agora em diante, não quero que nenhuma Ferrari vá para a pista ou a para a produção em série sem ter passado no exame de Fiorano com a nota máxima.

Esta lista traz as Ferrari mais rápidas em Fiorano dos anos 80 até hoje. São mais de 25 carros, e por isso selecionamos alguns deles para comentar em detalhes. Qual deles é seu favorito?

 

Ferrari Testarossa

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Tempo: 1:40,6

É impressionante como uma das Ferrari mais emblemáticas de todos os tempos é também a mais lenta em Fiorano. Mas, como o Leo Contesini bem observou neste post dissecando a Testarossa, seu objetivo jamais foi virar tempo na pista. O motor flat-12 de 396 cv foi feito para cruzar estradas europeias em alta velocidade, e precisa empurrar mais de 1.700 kg de metal italiano, então a Testarossa não era exatamente ágil em um circuito. Ela ia de zero a 100 km/h em 5,3 segundos, com máxima de 290 km/h. Além do óbvio fato de ser uma Ferrari, a conexão da Testarossa com as pistas se resume ao layout de motor central-traseiro e ao câmbio manual do tipo dog leg, com as marchas ímpares para trás. No mais, ela era um grand tourer com ar-condicionados, toca-fitas, cabine espaçosa (para duas pessoas, claro), porta-malas até que decente e porte nada contido: a Testarossa tem 4,48 metros de comprimento e 1,98 m de largura.

 

Ferrari 348 TB

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Tempo: 1:39,3

 

Ferrari 288 GTO

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Tempo: 1:36

A Ferrari 288 GTO era um especial de homologação para o Grupo B. Logo, ela não poderia ser lenta. E não era: estamos falando de um V8 biturbo de 2,85 litros e 400 cv acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Ela era feita com base na Ferrari 348, mas tinha motor longitudinal em vez de transversal, com turbinas IHI e dois intercoolers, e tinha a carroceria mais larga e uma bela traseira com spoiler integrado. Com estrutura de fibra de carbono e Kevlar, o que deixava claro seu DNA de pista (ela foi criada para as corridas de turismo do Grupo B, e não para os ralis como se costuma pensar), a 288 GTO era capaz de ir de zero a 100 km/h em cinco segundos, com zero a 200 km/h em 15 segundos e velocidade máxima de 306 km/h. Na verdade, a 288 GTO foi a primeira Ferrari de rua a ultrapassar a barreira dos 300 km/h.

A 288 GTO teve apenas 272 exemplares fabricados e jamais chegou a competir porque o Grupo B foi cancelado. Por não ter motor V12 naturalmente aspirada, ela não foi considerada uma Ferrari de topo digna quando foi lançada, em 1983. O que era uma injustiça, porque com quatro cilindros a menos ela era quatro segundos mais rápida que a contemporânea Testarossa em Fiorano. Mas era cedo demais para uma Ferrari turbinada, aparentemente.

 

Ferrari 456 GT

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Tempo: 1:35

 

Ferrari 512 TR

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Tempo: 1:35

 

Ferrari F355

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Tempo: 1:34

A Ferrari F355 é considerada uma das mais bonitas já feitas. As proporções casaram tão bem com as linhas mais arredondadas que ela nem parece uma evolução da 348. A F355 foi desenvolvida não apenas para ser mais rápida que a 348, mas também para ser melhor do que ela nas curvas, nas rodovias e no trânsito das cidades. Mas seu desempenho bruto melhorou sensivelmente.

O motor V8 de 3,4 litros da 348 ganhou 2 mm de curso (de 75 mm para 77 mm, enquanto o diâmetro dos cilindros permaneceu em 85 mm) para chegar aos 3,5 litros. Além disso, novos cabeçotes de cinco válvulas por cilindro foram cruciais para um aumento notável na potência: de 304 cv para 380 cv. O zero a 100 km/h passou a ser cumprido em 4,5 segundos, enquanto a 348 fazia o mesmo em 5,6 segundos. E o tempo em Fiorano abaixou em mais de cinco segundos.

 

Ferrari 550 Maranello

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Tempo: 1:32,53

A Ferrari 550 Maranello, lançada em 1996, foi o primeiro grand tourer de motor V12 dianteiro da Ferrari lançado em 33 anos. A última havia sido a Ferrari 365 GTB Daytona, que foi sucedida pela 512 BB – precursora da Testarossa. Ao adotar um V12 de 5,5 litros com um ângulo de 65° entre as bancadas de cilindros na dianteira e transeixo na traseira, a Ferrari conseguiu dar à 550 Maranello melhor equilíbrio dinâmico em um carro com ainda mais espaço interno e um porta-malas mais generoso. Mesmo mais pesada do que a Testarossa, com 1.774 kg, a 550 Maranello tinha nada menos que 485 cv em seu V12, além de trazer suspensão por braços triangulares sobrepostos e barras estabilizadoras na dianteira e na traseira.

 

Ferrari 575M Maranello

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Tempo: 1:31,51

 

Ferrari 360 Modena

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Tempo: 1:31

 

Ferrari 612 Scaglietti

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Tempo: 1:30,5

 

Ferrari F40

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Tempo: 1:29,6

A Ferrari F40 foi aquela que convenceu aos ferraristas mais radicais de que os turbos eram uma boa coisa. Usando como ponto de partida a 288 GTO, o supercarro lançado em 1987 tinha aerodinâmica mais caprichada e um V8 de 2,9 litros que entregava pelo menos 478 cv (a potência do modelo americano era de 525 cv, para compensar o fato de o modelo ser mais pesado nos EUA).

Ela era frugal, bruta e violenta, usava apenas dois litros de tinta (dava para ver a trama da fibra de carbono por baixo da pintura prestando atenção) e foi feita para as pistas. O desenho assinado pela Pininfarina era irrepreensível, e há quem diga que ela nunca será superada por nenhuma outra Ferrari. Não é tão difícil de acreditar.

 

Ferrari F430

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Tempo: 1:27

 

Ferrari F50

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Tempo: 1:27

A Ferrari F50 tinha o mesmo perfil da F40, mas suas linhas eram mais arredondadas, tipicamente noventistas. Seu problema era justamente ser a sucessora da F40. Do ponto de vista técnico a F50 era superior, com um V12 naturalmente aspirado de 4,7 litros e 520 cv derivado da Fórmula 1 (e usado como componente estrutural, como nos monopostos) e quase 100 kg a menos. Mas a F40 foi tão bem recebida e era tão carismática que a percepção do público a respeito da F50 ficou prejudicada. No entanto, seus mais que dois segundos a menos em Fiorano mostram que ela não devia em nada a sua antecessora.

 

Ferrari 360 Challenge Stradale

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Tempo: 1:26,5

A Ferrari 360 Modena, lançada em 1999, era movida por um V8 de 3,6 litros de 400 cv a 8.500 rpm e 38 mkgf de torque a 4.750 rpm. Já a Challenge Stradale era um pouco mais potente: seu V8 foi preparado para entregar 425 cv a 8.000 rpm, com os mesmos 38 mkgf de torque a 4.750 rpm. Ela também foi a primeira Ferrari a vir de série com o câmbio “F1”, um semi-automático com aletas para trocas de marcha no volante.

 

Ferrari 599 GTB Fiorano

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Tempo: 1:26,5

 

Ferrari 599 GTB Fiorano HGTE

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Tempo: 1:25,9

 

Ferrari 458 Italia

Tempo: 1:25

 

Ferrari Enzo

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Tempo: 1:24,9

A sucessora da Ferrari F50, lançada em 2002, distanciou-se radicalmente da mesma no estilo, com linhas mais angulosas, um nariz bastante destacados, faróis menores e verticais e uma aura de protótipo Le Mans. Seu motor V12 era o maior aplicado em uma Ferrari de rua até então, com seis litros (5.998 cm³) de deslocamento. Com alta taxa de compressão (11,2:1) e cárter seco, era um V12 motor girador e de alto desempenho: rendia 660 cv a 7.800 rpm e 67 mkgf a 5.500 rpm. Acoplado a uma caixa de transmissão eletro-hidráulica — outra novidade da Enzo — de seis velocidades, levava o supercarro de 0 a 100 km/h em 3,65 segundos, enquanto a velocidade máxima ficava em 355 km/h.

 

Ferrari 599 GTO

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Tempo: 1:24

A 599 GTO era a versão de rua da 599XX, que por sua vez era uma versão de pista da 599 GTB Fiorano. Ela tinha um V12 de 5,9 litros e 670 cv – que era o motor de 730 cv da Ferrari 599XX com catalisadores, porém o mesmo limite de rotações: 9.000 rpm. Ao usar os mesmos painéis de fibra de carbono na carroceria, ela também era 100 kg mais leve que a GTB, com relativamente esbeltos 1.605 kg. E ela tinha um câmbio semi-automático capaz de trocar marchas em 60 ms.

Com isto, a 599 GTO atingiu um novo patamar de desempenho: ela era a Ferrari de rua mais potente da história quando foi lançada, em 2010, superando a Enzo por um segundo na pista de Fiorano. Seu zero a 100 km/h era de 3,3 segundos e a velocidade máxima, de 335 km/h.

 

Ferrari 458 Speciale

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Tempo: 1:23,5

 

Ferrari F12berlinetta

Tempo: 1:23

 

Ferrari 488 GTB

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Tempo: 1:23

 

Ferrari 488 Pista

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Tempo: 1:21,5

A terceira mais rápida na pista de Fiorano é a 488… Pista. Para começar, ela tem o V8 mais potente da história da marca, com 720 cv. Ela também tem aerodinâmica retrabalhada em relação à 488 GTB e pesa 90 kg a menos (tem 1.280 kg no total. O zero a 100 km/h é cumprido em 2,85 segundos, o zero a 200 km/h leva 9,1 segundos e a velocidade máxima é de “mais de 325 km/h” de acordo com a Ferrari. E ela só é meio segundo mais lenta no circuito de testes da marca do que a…

 

Ferrari F12tdf

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Tempo: 1:21

Já dissemos algumas vezes que as Ferrari grand tourer não foram feitas para as pistas. Mas a F12tdf é o que acontece quando a Ferrari transforma um de seus grand tourers em um carro de pista. Ela tem um V12 de insanos 780 cv a 8.500 rpm e 71,9 mkgf a 6.250 rpm, esterçamento das rodas traseiras, visual agressivo até mesmo para sua proposta e carroceria estupidamente larga. O “tdf” em seu nome quer dizer Tour de France, a lendária corrida de rua italiana que a Ferrari dominou nos anos 1950 e 1960 — especialmente com a 250 GT Berlinetta 1956, que faturou quatro vitórias consecutivas.

 

Ferrari LaFerrari

Tempo: 1:19,7

Por mais que desde então tenham surgido superesportivos mais potentes e mais rápidos, há quem acredite que a LaFerrari, lançada em 2015, é o hipercarro da década. E não é para menos: não contente com o maior e mais potente motor já instalado em uma Ferrari de rua até então, um V12 aspirado de 6,3 litros, 800 cv a 9.000 rpm (com corte de giro a 9.250 rpm) e 98,8 mkgf de torque a 6.750 rpm; a Ferrari ainda deu a ela um motor elétrico que adiciona mais 163 cv à conta. No total, são insanos 963 cv, responsáveis por levar a LaFerrari aos 100 km/h em “menos de três segundos” , com máxima “superior a 350 km/h”.

Bem, é isto o que a Ferrari diz — alguns testes da imprensa apontam pouco mais de 2,5 segundos. E, diferentemente dos outros supercarros de topo da Ferrari (288 GTO, F40, F50 e Enzo), a LaFerrari tem rádio, sistema de navegação, ar-condicionado, vidros e travas elétricas e conexão com a Internet. Mas isto não a impede de oferecer uma experiência absurda e visceral ao volante. Pelo contrário.