A maioria dos leitores sabe que, entre 1976 e 1990, o mercado automotivo brasileiro foi completamente fechado para carros importados. Tais condições acabaram forçando nossa indústria a utilizar a criatividade e a engenhosidade para oferecer opções interessantes e variadas aos entusiastas, e o resultado foi um período extremamente rico em modelos “fora-de-série” – carros feitos por fabricantes menores e concessionárias, em baixa escala e geralmente de manufatura artesanal, usando como inspiração os automóveis vendidos lá fora.
Certamente o Puma, especialmente o modelo com mecânica Volkswagen, é o mais conhecido e bem sucedido fora-de-série brasileiro. Utilizando componentes dos modelos a ar da marca e compartilhando com eles a configuração mecânica – isto é, o motor boxer pendurado na traseira – o Puma oferecia visual esportivo e manutenção descomplicada. Embora não fosse exatamente veloz, era um carro carismático e divertido de se usar no dia-a-dia.
É assim até hoje, aliás: se o seu objetivo é ter um carro clássico bom para curtir aos fins de semana e que não te dê tanta dor de cabeça na hora de buscar peças de reposição e mão de obra especializada, o Puma é uma ótima opção. Mas não é a única – como vem para nos lembrar o Achado meio Perdido de hoje: um Corona Dardo F 1.3, anunciado no GT40.
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Apresentado há exatos 40 anos no Salão do Automóvel de 1978, o Corona Dardo F 1.3 era criação do projetista Toni Bianco, feita sob encomenda de uma companhia chamada Corona S.A. – uma divisão da fabricante de bicicletas Caloi. O carro era praticamente um clone do Fiat X1/9, apresentado no Salão de Turim, na Itália, em 1972 – que, por sua vez, tinha visual assinado por ninguém menos que Marcello Gandini, designer do renomado estúdio Bertone.
Não fica claro se a ideia da Corona era de fato oferecer um esportivo fora-de-série mais refinado que o Puma, mas foi o que acabou acontecendo: com plataforma própria, utilizando uma estrutura tubular de aço sob a carroceria de fibra de vidro, o Dardo F 1.3 tinha suspensão independente do tipo McPherson nas quatro rodas, com acerto bastante firme, e motor central-traseiro. Tais características o tornavam um carro naturalmente mais estável e equilibrado que o rival com mecânica Volkswagen.
O motor Fiasa de 1,3 litro (1.297 cm³) era cedido pelo 147 Rallye, versão de apelo esportivo do primeiro Fiat fabricado e vendido no Brasil. Com 72 cv a 5.800 rpm e 10,8 mkgf de troque a 4.000 rpm e acoplado a uma caixa manual de quatro marchas, era suficiente para levar o conversível de 890 kg de zero a 100 km/h em cerca de 19 segundos, com máxima ligeiramente superior aos 145 km/h. Dado o contexto da época, eram números aceitáveis – a velocidade máxima do X1/9 original, que utilizava um motor 1.3 com comando duplo no cabeçote emprestado do Fiat 128, era de 170 km/h.
O que importa é que a boa execução do projeto (que incluía até mesmo faróis escamoteáveis) levou a própria Fiat a dar apoio oficial ao Dardo, oferecendo o conversível de dois lugares em sua rede de concessionárias e fornecendo garantia, serviços de manutenção e componentes de reposição. Por esta razão, há quem refira-se ao carro como Fiat Dardo – o que não é totalmente equivocado. O Dardo F 1.3 foi produzido até 1983, com uma reestilização nos para-choques realizada em 1981.
O carro anunciado no GT40 é justamente um Dardo 1981. O carro, de acordo com o vendedor, apresenta alto nível de autenticidade – embora exista a possibilidade de já ter passado por uma repintura. Volante, faróis, lanternas, maçanetas, para-choques e rodas são originais de fábrica, assim como o volante e todos os detalhes de acabamento do interior, como puxadores das portas, bancos e rádio com toca-fitas. Toda a tapeçaria é original, e também a instrumentação do painel.
O Dardo está estruturalmente íntegro e com toda a mecânica em ordem motor, câmbio, suspensão e freios. Embora não seja um carro impecável – há alguns sinais de desgaste aparentes, como pequenas marcas no spoiler dianteiro, no couro do banco direito e no acabamento interno do compartimento de carga dianteiro –, nos parece uma boa alternativa ao Puma. Especialmente no que diz respeito ao preço, pois pela quantia que pede o anunciante por este Dardo não é possível encontrar um Puma em estado de conservação equivalente.
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“Achados Meio Perdidos” é o quadro do FlatOut! no qual selecionamos e comentamos anúncios do GT40.com.br de carros interessantes ao público gearhead, como veículos antigos, preparados, exclusivos e excêntricos. Não se trata de publieditorial. Não nos responsabilizamos pelas informações publicadas nos anúncios nem pelas negociações decorrentes – todos os detalhes devem ser apurados atenciosamente com o anunciante!