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Car Culture

Este é o Chevrolet Cobalt com turbo e 260 cv que a gente queria ter

Os fãs mais saudosos da General Motors do Brasil provavelmente nunca vão deixar de lamentar o fim da “era Opel” da Chevrolet brasileira. Se, até os anos 2000, a linha era composta por modelos da marca alemã rebatizados, no início da década todos eles deram lugar a projetos globais voltados a países em desenvolvimento.

O sedã Cobalt, por exemplo, que acabou de ser reestilizado. O modelo foi lançado no Brasil em 2011 e ajudou a renovar o segmento dos sedãs compactos, mas deriva de um projeto da coreana GM Daewoo, o Chevrolet Aveo, lançado em 2003 e vendido em mais de 120 países sob diversos nomes e marcas diferentes — Holden, Daewoo, Suzuki, Pontiac, Ravon, Suzuki e ZAZ). É um carro compacto popular, sob todos os aspectos, mas definitivamente não é um carro entusiasta.

Também era um carro feio, mas isto melhorou depois da reestilização. Quer dizer, beleza é um conceito subjetivo, né?

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De qualquer forma, tudo isto tem um gosto especialmente amargo por um motivo: antes dele, existia outro Chevrolet Cobalt. Ele nunca foi vendido no Brasil e também não era um Opel, mas não importa — era um carro e tanto, e tinha até uma versão esportiva com supercharger e mais de 200 cv. E, além disso, estava longe de maltratar os olhos…

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O Cobalt foi lançado em 2004, e tinha a missão de substituir o ancião Chevrolet Cavalier, sendo o compacto (para os padrões americanos) da marca. Para quem não sabe, o Cavalier era nada menos que a versão americana do nosso Monza, e foi vendido entre 1982 e 2005 nos EUA. Ele utilizou a mesma plataforma por 23 anos e passou por pesadas remodelações para manter-se sempre atual. Mas já havia passado da hora de aposentá-lo quando o Cobalt foi apresentado.

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E o Cobalt era um carro bem mais moderno, com suspensão independente do tipo McPherson na dianteira e semi-independente por eixo de torção na traseira. Era muito mais espaçoso e confortável que o Cavalier e, como ele, foi vendido como cupê e sedã entre 2004 e 2010. Aliás, em formas e proporções, o Cobalt sedã lembrava bastante o Vectra brasileiro de terceira geração, último vendido por aqui — que, por sua vez, era um Opel Astra rebatizado. Muita gente reclamou dele na época, lembra? São as mesmas pessoas que hoje sentem saudades…

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Enfim. Em suas versões comuns, tanto o Cobalt cupê quanto o sedã usavam motores de quatro cilindros da família Ecotec, em versões 2.0, 2.2 e 2.4, sendo que o mais potente tinha 2,4 litros e 173 cv, garantindo desempenho mais que suficiente para um carro de seu porte. Mas, como dissemos, esta nem era a versão mais interessante.

O Chevrolet Cobalt SS foi apresentado em 2004, e tinha uma do motor de dois litros equipada com um compressor mecânico Eaton M62, suficientes para produzir 208 cv a 5.600 rpm e 27,6 mkgf de torque a 4.400 rpm. As rodas eram de 18 polegadas e havia um pacote opcional que adicionava bancos Recaro e diferencial de deslizamento limitado. A transmissão era manual de cinco marchas produzida pela Saab, e era a única disponível.

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O visual trazia elementos aerodinâmicos exclusivos e uma dianteira mais agressiva, além de detalhes em cores chamativas no interior, velocímetro que marcava até 260 km/h (ou melhor, 160 mph) e saída de escape cromada. No entanto, ainda era um carro relativamente discreto, o que até agradava a alguns entusiastas. Era capaz de chegar aos 100 km/h em 5,9 segundos, com máxima de 254 km/h e capacidade para cumprir o quarto-de-milha em 14,4 segundos a 160 km/h. Nada mau mesmo.

Mas existiram, ainda, outras duas versões do Cobalt SS — que, no fim das contas, tornou-se uma pequena família de carros. O Cobalt SS naturalmente aspirado, também conhecido como 1SS, foi lançado em 2005 como modelo 2006, e estava mais para um Cobalt esportivado, com o mesmo 2.4 naturalmente aspirado de 173 cv encontrado no modelo comum, porém com visual do SS supercharged. De qualquer forma, dava para se divertir — o 0-100 km/h vinha em 7,1 segundos, com velocidade máxima de 208 km/h.

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Ele tinha rodas de dezessete polegadas em vez de dezoito, e o câmbio manual de cinco marchas era outro, fornecido pela Getrag. Também foi o único Cobalt SS a ter a opção por câmbio automático de quatro marchas, o que reforça sua aura de esportivado. Tanto que, em 2008, ele até perdeu o sobrenome SS e passou a se chamar Cobalt Sport.

Havia um bom motivo para isto. Naquele ano, a Chevrolet apresentou o terceiro e mais nervoso membro da linha: o Cobalt SS Turbo.

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A Chevrolet realmente caprichou com ele. O câmbio era o mesmo do SS supercharged, mas era acoplado a outro motor de 2.0 de quatro cilindros, mais moderno e com comando duplo variável. Se os outros dois SS tinham injeção multiponto sequencial, o modelo turbinado ganhou injeção direta de combustível. O resultado: 264 cv a 5.300 rpm e xx,x mkgf de torque a 2.000 rpm. É o mesmo motor do Pontiac Soltice e do Opel GT.

O Cobalt SS turbo ainda tinha bancos melhores, pneus mais largos, de medidas 225/40, caçando as rodas de 18 polegadas, e amortecedores a gás, além de uma barra estabilizadora mais grossa, de 24 mm. Os freios eram Brembo, com discos de 38 mm na dianteira e 40 mm na traseira e pinças de quatro e um pistão, respectivamente.

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O esportivo ainda teve os sistemas eletrônicos reprogramados (especialmente o controle de tração) e foram incorporados alguns recursos bem interessantes. Um sistema de no-lift-shift permitia que se fizessem trocas de marcha ascendentes sem aliviar o pé do acelerador, de forma a manter a pressão do turbo; e o controle de largada feito para “situações competitivas” (leia-se, arrancadas de semáforo) mantinha as rotações do motor em 4.800 rpm até que se aliviasse o pedal de embreagem.

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Assim, o Cobalt SS turbo era capaz de acelerar até os 100 km/h em 5,5 segundos e de cumprir o quarto-de-milha em 13,9 segundos a 166 km/h, sendo o mais veloz da categoria em ambos os quesitos. A velocidade máxima, contudo, era limitada a 250 km/h.

No entanto, o Cobalt foi bem recebido pela imprensa especializada, que criticou a qualidade de construção e acabamento, especialmente do lado de dentro (o que é compreensível, considerando que o Cobalt era o modelo de entrada da Chevrolet na época); mas elogiou bastante o desempenho do modelo turbinado e seu comportamento dinâmico — que, para o desgosto de James May, foi refinado em testes no Nürburgring Nordschleife.

Claro, não estamos falando de um foguete e nem do cupê esportivo dos nossos sonhos. Mas o Chevrolet Cobalt SS é o Cobalt que a gente queria.

[ Dica do leitor Deivid Vanzuita ]