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História

Este é o primeiro Porsche 911 Turbo da história

O Porsche 911 sempre foi e sempre será o carro-chefe da marca de Stuttgart. Na década de 70 a marca resolveu colocar dar ao boxer de seis cilindros o fôlego extra de um turbocompressor — experiência iniciada no fim dos anos 60 —, conseguindo mais potência para uma versão mais cara posicionada no topo da linha. Lançado em 1974, o 911 Turbo não era simplesmente um 911 com motor turbinado — era um carro bem diferente.

De início, a ideia era criar um especial de homologação para as ruas, e o desenvolvimento começou em 1972. Contudo, a FIA mudou as regras para homologação de modelos e, de repente, não era mais necessário vender um Porsche turbinado para poder competir nas categorias de turismo. Só que a Porsche jamais se acanhou em dar novas variações ao 911 e continuou o desenvolvimento do esportivo turbinado, que chegou ao mercado dois anos depois.

O 911 Turbo tinha um motor boxer de seis cilindros e três litros. Com a ajuda do turbo, a potência passava de 200 para 260 cv e, para lidar com a potência extra, o carro ganhou suspensão retrabalhada, freios maiores e um câmbio manual de quatro marchas mais robusto. Além disso, os pneus eram maiores e os para-lamas traseiros foram alargados para acomodá-los. Por fim, o famoso aerofólio do tipo “rabo de pato” (duck tail) foi instalado — dupla função: direcionar mais ar para o motor e gerar mais downforce, melhorando a estabilidade.

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Ainda assim, o 911 Turbo era um carro extremamente arisco — a traseira pesada e a tração traseira já tornavam o 911 um carro de comportamento agressivo, e a potência extra só acentuava esta característica natural. Por esta razão, o primeiro 911 Turbo ficou conhecido como widowmaker — “fazedor de viúvas”.

Sendo assim é no mínimo curioso que o primeiro de todos os 911 Turbo fabricados tenha sido dado de presente a uma mulher — Louise Piëch, filha de Ferdinand Porsche, irmã de Ferry Porsche e mãe do chairman do Grupo Volkswagen, Ferdinand Piëch — este, o homem que comandava a companhia na época.

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O carro de Louise foi especialmente modificado a pedido dela em alguns detalhes: o interior tem revestimento de tecido xadrez vermelho, o letreiro “Turbo” foi suprimido, ficando apenas o “Carrera”, e os vidros não tinham nenhum tipo de escurecimento ou coloração — Louise era artista e gostava de pintar de dentro do carro, e as janelas totalmente transparentes permitiam que entrasse mais luz e que ela enxergasse melhor as cores da paisagem.

O 911 Turbo era vendido como Porsche 930 nos EUA — era este o nome pelo qual o projeto era conhecido nos bastidores da Porsche, quando ainda estava em desenvolvimento. Na época, era o carro mais caro da Porsche, e o carro de rua mais rápido disponível na Alemanha. Seus dados de desempenho: 0 a 100 km/h em 5,5 segundos, 0 a 200 km/h em 20,1 segundos e máxima de 246 km/h — em 1974.

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A partir de 1978, a potência cresceu para 300 cv, e a velocidade máxima passou a 260 km/h. Pode não parecer muito, mas estamos falando de um carro de quase 40 anos. O 911 Turbo S atual, com tração integral, câmbio de dupla embreagem e 520 cv entregues por seu boxer 3.8 biturbo, chega aos 100 km/h em 3,1 segundos e acelera até os 318 km/h — provando que dá para evoluir a espécie sem abrir mão de certas tradições.

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