FlatOut!
Image default
Car Culture Projetos

Este monstrinho com motor V8 SVT de 345 cv é o Escort que a gente deveria ter por aqui

O Ford Escort tem, no Brasil, uma grande comunidade de admiradores, que se encantam pelas versões esportivas XR3, com visual descolado, motores mais potentes e bancos Recaro — desde os anos 80, eles são sonhos de consumo de duas ou três gerações de entusiastas.

Isto não nos impede de lamentar o fato de o Escort só ter chegado ao Brasil em sua terceira geração, lançada na Europa em 1980 e, três anos depois, por aqui. Isto porque, antes disso, o Escort era um compacto de motor longitudinal e tração traseira — nos moldes do nosso conhecido Chevette. Aliás, ele teria sido um rival e tanto para o Chevrolet caso tivesse sido sido vendido no Brasil desde os anos 1970, não acha?

v8345cv-1 (2)

Só isto já seria suficiente para nos deixar com um pouquinho assim de inveja dos europeus e seus Escort clássicos de tração traseira. Mas aí aparece um cara chamado Darren Whitfield e nos mostra seu Escort Mk1 com motor V8, um kit aerodinâmico nada discreto (e totalmente funcional, o dono garante) e uma belíssima pintura azul — aliás, todo Ford rápido deveria ser azul — e a gente fica realmente sentido por não poder entrar em um site de classificados brazuca para procurar um Escortinho desses.

Pelo jeito, vamos ter que admirá-lo à distância, mesmo…

Darren Whitfield é dono da Whitspeed, oficina de customização, preparação e fabricação de carros de corrida — ou seja: o Escort não é seu primeiro projeto e, provavelmente, também não será o último. Mas ele é o atual, e é isto que importa.

v8345cv-1 (4)

Com seu Escort, Darren participa de track days e eventos de time attack e autocross — além, é claro, de se divertir em estradas rurais mais afastadas. É um projeto antigo, do final da década de 2000 e, na verdade, do Escort Mk1 Mexico original o que restou foi apenas parte da carroceria — não muito mais do que teto, área envidraçada e molduras das portas porta-malas.

v8345cv-1 (9) v8345cv-1 (5)

As outras partes, como para-lamas dianteiros e traseiros bastante alargados, um gigantesco splitter frontal (na verdade, toda a dianteira incluindo o subchassi) e uma enorme asa na traseira, foram fabricados em sua oficina. Tudo isto repousa sobre um chassi tubular, também feito sob medida.

v8345cv-1 (7)

No início, o Escort tinha um motor Cosworth — sim, aquele quatro-cilindros turbo com comando duplo no cabeçote, turbo e cerca de 240 cv usado no icônico Escort RS Cosworth. O plano era usar o carro com este motor até o fim de sua vida útil e, então, substituí-lo por um V8. No entanto, ao conseguir um V8 Modular de 4,6 litros vindo de um Mustang SVT Cobra de quarta geração, Darren decidiu adiantar os planos. E, honestamente, ao ver (e ouvir) carro em ação, só conseguimos aplaudi-lo pela escolha.

Originalmente, o V8 do Mustang SVT Cobra desenvolve 310 cv e 41,8 mkgf de torque e é acoplado a uma caixa manual de quatro marchas. Com ele, o muscle car de 1.540 kg era capaz de chegar aos 100 km/h em 5,9 segundos, com máxima 240 km/h.

v8345cv-1 (3)

Darren ainda não aferiu todos os números de seu carro, mas garante que a velocidade máxima agora é um pouco maior. E, sendo consideravelmente mais leve — diríamos que o carro pesa menos de 800 kg —, o resultado é uma agilidade muito maior.

v8345cv-1 (6)v8345cv-1 (10)

O motor ainda é preparado com corpo de borboleta oval, coletores de admissão e escape feitos sob medida, um novo sistema de gerenciamento eletrônico Emerald K6 e uma bomba de combustível Bosch 044. O resultado não é nada muito extremo, mas certamente garante fôlego extra: agora, a potência é de 340 cv, enquanto o torque é de 43 mkgf, aferidos em dinamômetro.

Darren diz que recebeu algumas críticas por causa do visual de seu Escort, apelidado de “Phat Betty” por causa dos para-lamas traseiros avantajados. “As pessoas dizem ‘você estragou o carro com estas coisas'”, conta ele. “Mas acontece que a asa traseira e o splitter frontal são funcionais — eles mantém o carro no chão a mais de 200 km/h, então eu gosto deles!” Para ser bem sinceros: nós também!