FlatOut!
Image default
Project Cars Project Cars #38

Fiat Uno com motor de Yamaha R1: a história do Project Cars #38

Finalmente o sonho de poder ter na garagem um carro em que se pode realmente acelerar esticando as marchas a mais de 13.000 rpm (!) se torna possível. Meu nome é Edson Terra e falarei sobre o Project Car #38 – o Uno com motor de Yamaha R1 montado em posição central-traseira.

Posso dizer que a semente do meu projeto foi plantada em 1990. Este foi o ano em que o GP do Brasil de Fórmula 1 retornou à São Paulo e eu, com 10 anos de idade, depois de escutar muitas histórias e acompanhar todas as corridas pela TV, pude ir à Interlagos assistir o GP com meu pai. O momento em que o primeiro carro fez sua passagem pela reta dos boxes (acho que foi uma Minardi-Ford), durante os treinos livres, o som do F1 mudaria toda minha vida dali para frente. O V10 da Honda e o mais espetacular que eu já ouvi na vida, o som do V12 da Ferrari, foram como nenhum outro que eu ouvi ao vivo até hoje. Nos anos seguintes o volume do motor dos F1 só diminuiu, e eles ainda ficaram cada vez mais parecidos uns com os outros.


GP do Brasil de 1990 na íntegra, um belo programa para este sábado…

Depois do GP eu me perguntava por que os carros de rua não tinham nem de perto um som como aquele. Algum tempo depois e acompanhando as motos, percebi que as Honda 4 cilindros da época tinham um som muito parecido, mesmo em regimes mais baixos – entre 8.000 e 10.000 rpm. Perguntei então para minha única referência na época, meu pai, porque os carros não poderiam ter motor de moto. E ele, como um excelente administrador, respondeu que motor de carro era pra carro e motor de moto era pra moto. Então eu disse: ah entendi… (risos)

E assim colocou-se um ponto final no assunto durante mais de oito anos, quando tive de escolher qual faculdade eu faria. Como um bom apaixonado por carros decidi fazer engenharia mecânica com especialização em automobilística. E foi na faculdade que… não, ainda não foi dessa vez. Fui desencorajado por quase todos os professores e, fora dali, por todos mecânicos, engenheiros da área e profissionais relacionados, a fazer um projeto como este.

Como em tudo nessa vida tem as pessoas que se dedicam integralmente e outras se limitam, não fui na opinião de todos que me desencorajaram. Decidi eu mesmo colocar na ponta do lápis e verificar se aquilo seria possível ou não. Nesta mesma época, eu estagiava em uma empresa e tinha muita liberdade com meu chefe. Ele gostava das minhas ideias e via que tudo o que eu fazia era com muita dedicação e lógica. Empolgado pelo meu sonho, ele decidiu bancar um projeto de carro com motor de moto. Surgia então uma réplica de Porsche Spyder 550 com motor de Suzuki GSXR 1100. Foi neste carro que eu pude colocar tudo em prática e aprender com alguns erros.

pc38foto01-post03

Como o carro foi feito na própria empresa, eu podia usar o material e maquinário que eu quisesse para a construção dele. Nesta mesma época, surgia no recente YouTube, vídeos de alguns Mini Cooper com motor de Yamaha R1 e Suzuki Hayabusa feitos na Europa. Tinha certeza de que isso acontecia em diversas partes do mundo. A diferença é que, lá fora, eles faziam porque os motores dessas motos simplesmente eram jogados fora e sobravam para os malucos de plantão.

Seguindo a minha carreira, tive de deixar a empresa e o Porsche Spyder para trás – que ficou com o meu chefe. Algum tempo depois, já em 2008 e com alguns trocados no bolso, decidi fazer meu próprio carro com motor de moto.

O primeiro item a ser adquirido seria o motor. Como no projeto anterior eu sabia que tinha de ser completo para funcionar (todos os componentes e acessórios do motor, como chicote, módulos, etc..), saí batalhando em leilões para buscar o conjunto. Desta vez, um dos requisitos era que fosse injetado, pois os carburadores da GSXR deram um baita trabalho.

Surgiu então a oportunidade de uma Yamaha R1 2005, com um ano ou menos de uso, que sofreu uma forte batida de frente e ficou encostada por dois anos. Fui ver a moto: do radiador para trás estava tudo em perfeito estado. Nenhum parafuso apresentava marcas de que tivesse sido desmontado ou mexido: perfeito!

Negociação feita, moto na garagem. Vale dizer: garagem de um amigo – um puta amigo – que depois ainda me deixaria construir o carro na garagem da casa dele de 2010 até 2013.Valeu Douglas!

pc38foto01-post04

A primeira vez que o motor foi ligado, a escolha e compra do carro e detalhes do projeto eu falarei no próximo post.

Por Edson Terra, Project Cars #38

0pcdisclaimer2