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Mercado e Indústria

Governo suspende licitação para anel viário em Pernambuco e pode atrapalhar planos da Fiat

Uma das razões que levaram a Fiat a eleger a cidade de Goiana, no litoral norte de Pernambuco, para construir sua segunda fábrica no Brasil, foi a promessa de um anel viário que ajudaria a fabricante italiana a escoar sua produção local até o Porto de Suape, situado no sul do estado. Agora, depois de dois anos de obras e com a fábrica quase pronta, o governo federal suspendeu a licitação para a construção da rodovia por motivos que ainda não foram totalmente esclarecidos.

O chamado Arco Metropolitano de Recife foi uma obra idealizada pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para contornar a região metropolitana de Recife, oferecendo uma alternativa à BR-101. Inicialmente a obra seria executada pelo governo estadual, mas em uma visita a Pernambuco em março do ano passado, a presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de uma série de recursos ao Estado, e acabou “adotando” a construção do Arco. No fim de dezembro, o governo federal anunciou a abertura de uma licitação para dar início às obras.

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Mas ontem (26), o governo federal cancelou a licitação sem esclarecer os motivos, dando origem a suspeitas de que o cancelamento tivesse sido motivado por uma disputa política entre Eduardo Campos e Dilma — o governador de Pernambuco é, também, pré-candidato à presidência nas eleições de outubro. Nos últimos tempos, Campos tem sido mais incisivo na oposição a Dilma Rousseff.

Ainda ontem, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) publicou uma nota dizendo que a suspensão teria sido motivada por “observações da área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) ao DNIT”, o que não é muito esclarecedor. Porém, o site de notícias NE10 diz que uma das razões podem ser os impactos ambientais da obra, que cruza a Área de Preservação Ambiental Aldeia-Beberibe, a maior porção sobrevivente da Mata Atlântica na região, algo que já era conhecido na época do projeto.

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Qualquer que seja o motivo para a suspensão das obras do Arco Metropolitano, quem perde com isto é a Fiat — além, é claro, da população do Estado. A obra, orçada em R$ 1,2 bilhão até o fim de 2013, seria vital para que a fabricante pudesse escoar sua produção sem passar pelos trechos urbanizados da BR-101, já bastante congestionados. Por extensão, o tráfego de veículos pesados se separaria dos carros, aliviando o tráfego de toda a região metropolitana de Recife.

A fábrica da Fiat em Goiana/PE tem o início de suas atividades previsto ainda para o primeiro trimestre de 2015. O primeiro modelo a ser confirmado foi o Jeep Renegade, utilitário compacto baseado no Fiat 500L, que foi a sesação do Salão de Detroit no mês passado. No início da semana a Fiat anunciou a abertura de mais de 8 mil vagas de emprego no futuro Polo Automotivo Pernambuco, do qual a fábrica fará parte.