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Car Culture

Isto é um Mazda RX-7 com quatro rotores, turbo, 1.200 cv e tração integral, e seus argumentos são inválidos

Você pode até não saber quem é Rob Dahm, mas talvez tenha visto seu nome por aí: seu Mazda RX-7 foi um dos projetos mais comentados do SEMA Show 2016. Por quê? Dois números e uma letra: 26B.

Os fanáticos pelos motores rotativos da Mazda sabem o que isto significa: um motor Wankel de 2,6 litros com quatro rotores que, em essência, são dois motores 13B, 1,3 litro e dois rotores, em fila indiana. O 26B foi utilizado pela Mazda em seu carro de corrida mais famoso: o 787B, protótipo que venceu as 24 Horas de Le Mans de 1991 e ficou famoso por seu ronco que, como já repetimos inúmeras vezes por aqui, lembrava um enxame de abelhas furiosas.

Caso você não lembre (ou não saiba), um motor Wankel não tem pistões reciprocantes, e sim rotores triangulares que giram em uma câmera epitrocoide, ou seja, com formato ovalado e paredes ligeiramente côncavas. As vantagens de um motor rotativo são a alta potência específica; a capacidade de girar muito alto; a simplicidade mecânica, com menos partes móveis e o tamanho compacto.

De acordo com a Mazda, o 26B era capaz de entregar até 900 cv, mas por questões de durabilidade a potência foi limitada a 700 cv, o que é impressionante de qualquer jeito para um carro sem qualquer tipo de indução forçada.

Uma foto publicada por Rob Dahm (@robdahm) em

Dá para contar nos dedos o número de motores 26B feitos pela Mazda – a companhia jamais considerou colocá-los nas ruas. Mas isto jamais impediu que petrolheads sujassem as mãos de graxa para fazer suas próprias versões, utilizando a arquitetura do 13B como base. Se existem motores V10 derivados de motores V8, por que não seria possível esticar um Wankel para colocar mais rotores e aumentar o deslocamento?

O Mazda RX-7 FD de Dahm não é novo na cena: o carro já era famoso havia alguns anos por ter um motor Wankel 20B, com turbo e três rotores, preparado para arrancada. A potência de 600 cv impressionava, claro, mas vê-lo em ação era o que deixava todos de queixo caído. Olha só:

Acontece que, depois de quase dois anos nesta história, Dahm decidiu que era hora de mudar o foco. Como ele mesmo diz no vídeo abaixo, por mais veloz e divertido que fosse, o carro havia sacrificado muito de seu equilíbrio dinâmico para ficar veloz em linha reta. Mas isto não fazia mais seu estilo.

Conhecendo a história por trás do motor 26B, Dahm soube exatamente o que fazer: construir o seu próprio e colocá-lo no carro!

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Sua experiência com os motores Wankel permitiu que ele próprio projetasse componentes e executasse boa parte do trabalho de montagem do novo motor. No vídeo abaixo, por exemplo, ele conta como projetou o virabrequim com quatro lóbulos (um para cada rotor) e explica a concepção do motor:

O Wankel de 2,6 litros deverá entregar algo na ordem dos 1.200 cv quando estiver concluído – com possibilidade de se chegar a até monstruosos 1.800 cv com pressão máxima na turbina. E, para isto, ele contará com a ajuda de um turbocompressor Garrett GTX5533R – um gigantesco caracol com 98 mm de diâmetro, montado ao lado do motor. O carro ainda não tem capô (o que nos permite apreciar a beleza mecânica do 26B) mas, se tivesse, provavelmente não fecharia.

No vídeo abaixo, gravado pelos australianos do canal Fullboost.tv, Dahm explica como a potência será levada para o chão: uma caixa de transferência vinda do Nissan Skyline GT-R R33 e um sistema de tração integral feito sob medida, com três diferenciais eletrônicos e a capacidade de ajustar a distribuição de torque entre os eixos. O câmbio é sequencial de seis marchas, com atuação pneumática e carcaça em aço billet.

Outro detalhe impressionante do carro é a suspensão: Rob procurou a Hoonigan Racing (sim, a equipe do Ken Block) e os caras desenvolveram um sistema de braços triangulares sobrepostos iguais aos do Ford Mustang Hoonicorn, que recentemente foi repaginado para subidas de montanha. Ele diz que, no entanto, o acerto da suspensão não é voltado para o drift, e sim para fazer curvas.

Dito isto, não se trata de um carro de corrida, e o visual entrega. A carroceria foi alargada e recebeu pintura cinza acetinada com rodas douradas, e o interior preserva boa parte do acabamento original (ainda que, nesta fase, dê para ver pedaços da estrutura e componentes mecânicos). Rob diz que a motivação atual do projeto é transformar o RX-7 em um hipercarro de rua.

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Só que ele também quer outra coisa: estabelecer e defender o recorde mundial de velocidade em meia milha para carros com motor Wankel. Isto, contudo, deverá levar mais alguns meses: o carro esteve no SEMA, mas ainda não estava pronto.

Quando estiver, certamente será um dos RX-7 mais velozes do planeta.