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Car Culture

Jornalista, fotógrafa, mecânica e piloto: conheça Liz Miles, a Garota do Camaro Laranja

O mundo dos carros ainda é muito masculino — especialmente a tribo dos muscle cars que, com seu visual clássico e agressivo e motores V8 torcudos e potentes, são praticamente a masculinidade sobre rodas. Contudo, existem garotas que desafiam esta “regra” ao se dedicar com afinco à paixão pelos clássicos americanos dos anos 1960 e 1970, e acabam deixando muito marmanjo pra trás, seja modo de dizer ou no sentido literal.

Liz Miles é uma destas garotas: ela é jovem, bonita, escreveu para diversas revistas especializadas em muscle cars e trata a pão-de-ló seu amigo de quatro rodas, um Camaro 1968 laranja com câmbio manual. Se ela não merece respeito por isso, ninguém merece.

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Estamos falando de uma garota que, com 16 anos, tirou a carteira de motorista e saiu em busca de um primeiro carro. Ela procurava pelo modelo dos anos 1980, o famoso F-Body, mas ao encontrar um Camaro 1968 laranja, pensou “é isto o que eu quero para mim”. Ela comprou o carro e, na primeira semana com ele, como ela mesma diz, o dirigiu de forma bem “espirituosa”.

Isto aconteceu há 13 anos, e até hoje ela tem seu Camaro laranja. “Ele é meu experimento, meu portfólio, minha assinatura e meu companheiro. Eu nunca vou vendê-lo”, ela contou ao Rod Authority. Na verdade, ela tem tanta certeza que o relacionamento com seu carro será duradouro que fez uma tatuagem em sua homenagem: o padrão do câmbio manual de quatro marchas na palma de sua mão:

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Provavelmente a sua namorada/esposa diria que é uma ideia idiota…

E ela não sabe explicar porque gosta tanto de carros. “Já me perguntaram isto centenas de vezes  e eu não tenho uma boa resposta. Simplesmente aconteceu.”, explica.

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Contudo, certamente o Camaro tem boa parte da “culpa”. Olha só: o salário do primeiro emprego de Liz, em uma oficina, foi todo para pagar as despesas do carro, mas também serviu para que ela aprendesse muita coisa. Não demorou para que ela começasse a realizar pequenos reparos no carro e dali, em pouco tempo ela passou a modificá-lo e prepará-lo para correr.

Como muitos jovens de dezesseis, dezessete anos que pegam um carro rápido nas mãos, Liz começou a disputar arrancadas noturnas nas ruas. Ela até conseguiu uma razoável reputação (na Bay Area de São Francisco, onde vivia, ficou conhecida como “a Garota do Camaro” por ir com seu clássico cor de laranja a todos os lugares – bem rápido, diga-se), mas logo abandonou as corridas ilegais quando descobriu os track days.

Como você bem deve saber, porém, muscle cars não são muito bons de curva por vocação. Sem problemas: ao longo dos anos, Liz formou-se em engenharia mecânica e também tornou-se especialiasta em funilaria e pintura, e jamais deixou de estudar. Assim, foi questão de tempo até ela testar seus conhecimentos em seu Camaro, que teve visual e mecânica modificados e preparados por ela mesma.

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O Camaro laranja teve a carroceria alisada, perdendo alguns frisos e emblemas, e o tom de laranja foi desenvolvido por ela mesma depois de algumas experiências com pigmentos. O motor é baseado no small block Chevy 350, mas recebeu componentes forjados, coletor de admissão Victor Jr., um aumento na taxa de compressão (10,3:1) e um carburador Demon 750 para entregar, de acordo com o dinamômetro, 501 cv a 6.600 rpm e 60 mkgf de torque a 4.900 rpm.

E o bicho faz barulho!

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A suspensão, obviamente, também foi modificada: os amortecedores são ajustáveis da QA1, a dianteira recebeu molas mais firmes da Hotchkis, enquanto a traseira ganhou novos feixes, também da Hotchkis — e ainda uma barra estabilizadora fabricada pela própria Liz, que também definiu toda a geometria da suspensão.

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Com o Camaro, Liz ainda participa de track days e, com modéstia, diz que não é uma piloto fantástica. “Para ser sincera, eu acho que isto é uma besteira e que nós mulheres conseguimos mais reconhecimento fazendo menos”, ela contou ao StreetLegal.tv em 2007“Eu sou uma boa piloto de qualquer forma, mas sou ‘fantástica’ só porque sou uma garota? É difícil ser levada a sério.

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Talvez seja por isto que, em vez de perseguir uma carreira nas pistas, Liz decidiu dar outro rumo a sua paixão por carros: ela já foi colunista da Popular Hot Rodding, onde ainda escreve ocasionalmente como freelancer, e recentemente se tornou a coordenadora de relações públicas da Holley.

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E Liz ainda faz fotos para publicações como a Chevy High Performance e a Modified Mustangs. Os track days, arrancadas e provas de autocross, no momento, são apenas hobbies.