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Car Culture

M535i, o super sedã que deu origem ao M5 – e já foi o BMW mais rápido do mundo

No ano passado o BMW M5 completou 30 anos de existência — a primeira geração, denominada E28, começou a ser produzida à mão em outubro de 1984. Com alguns meses de atraso, porém, a BMW decidiu homenagear o modelo que ajudou a criar o M5 original: o M535i da geração E12, que veio ao mundo há exatos 35 anos.

Na verdade, dá para dizer que o M535i é o pai de todos os modelos M modernos — o M1 já nasceu como um modelo “M”, e o M3 só foi lançado em 1985 (e começou a ser produzido em 1986). Além disso, de M5, o M535i só não tem mesmo o nome. De resto, ele é totalmente digno do emblema e das cores Motorsport ostentadas na carroceria.

A começar pelo motivo que levou à sua criação: as corridas de turismo, com carros baseados em modelos de produção, estavam ficando cada vez mais populares entre os entusiastas. Naquela época, ter um bom desempenho no automobilismo era garantia de boas vendas nos showrooms das concessionárias — o famoso  “win on Sunday, sell on Monday” que tanto citamos por aqui.

Na época — meados da década de 1970 —, o cartão de visitas da divisão Motorsport era o BMW 3.0CSL E9, conhecido como “Batmobile” que, com seu seis-em-linha de três litros e 480 cv, faturou o Campeonato Europeu de Turismo em todos os anos entre 1975 e 1979. Seu sucesso, obviamente, fez com que a procura por modelos de alto desempenho nas revendas da BMW aumentasse.

Até havia uma versão especial de homologação do 3.0CSL para as ruas — bem menos potente, com 200 cv, mas ainda assim um belíssimo carro. Acontece que havia uma demanda que ainda não estava sendo atendida: alguns clientes gostariam do desepenho do 3.0CSL em um carro mais prático e espaçoso — um sedã esportivo. A primeira geração do Série 5, a E12, havia sido lançada em 1972, e o modelo mais potente era o 528i, com um seis-em-linha de 2,8 litros e 183 cv chamado M30. Potente, sim, mas não o bastante para satisfazer o alto padrão de exigência do público.

Sendo assim, a BMW decidiu que precisava de algo especial e, obviamente, recorreu à divisão M para cuidar do assunto. A missão era criar um sedã com alma de carro de competição, e a solução encontrada foi deliciosamente óbvia: procurar o motor mais potente da linha e colocar no cofre do Série 5.

m535i (1)

O motor em questão era uma versão do motor M30 com curso e diâmetro ampliados — de 80mm para 86 mm e de 86 mm para 92 mm, respectivamente. Assim, o deslocamento foi ampliado para 3,5 litros e a potência, para 218 cv, que apareciam às 5.200 rpm. O torque subia de 24 mkgf de torque a 4.200 rpm para 31,6 mkgf a 4.000 rpm.

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Era exatamente o mesmo motor que ocupava o cofre do BMW 635CSi (esta beleza aí em cima), cupê lançado em 1978 que pode ser considerado o precursor do BMW M6. No M535i, sua força era suficiente para chegar aos 100 km/h em 7,5 segundos, com máxima de 228 km/h. Há 35 anos, era o BMW de rua mais rápido do mundo.

Além do motor mais potente, o M535i tinha a suspensão (McPherson na dianteira, braços semi-arrastados na traseira) retrabalhada, com novas molas, mais duras; amortecedores Bilstein e ajustes finos da Motorsport. Os freios eram a disco — ventilados de 280 mm na dianteira e sólidos de 272 mm na traseira — e as rodas, as clássicas BBS raiadas de 14×6,5 polegadas calçadas com pneus 195/70 (na África do Sul as rodas eram mais largas, de tala 7, e tinham emblemas Motorsport em vez da hélice azul-e-branca da BMW nas calotinhas centrais).

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O visual era uma das coisas mais bacanas do M535i. Eram os anos 1970 e, por isso, além do para-choque especial com difusor na cor da carroceria e do spoiler traseiro preto de borracha, a divisão M não teve medo de incluir, em cada um dos lados do carro, uma listra com as três cores da Motorsport — que podiam ser omitidas caso o dono assim desejasse, bem como os emblemas M535i na grade e na tampa do porta-malas. Quem queria um sleeper de verdade fazia exatamente isso e certamente não se arrependia.

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Ele ficava com cara de BMW velho… sensacional!

Depois do M535i a divisão M nunca mais foi a mesma — cada modelo da BMW ganhou sua própria versão M, começando pelo M5 em 1984. Além disso, o sedã é bastante raro: só foram fabricadas 1.650 unidades entre 1980 e 1981. Sendo assim, trata-se de um verdadeiro clássico, cuja importância é até maior que a do primeiro M5.

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