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Project Cars Project Cars #292

Maverick V8 1975: a montagem do Project Cars #292 entra na reta final

Fala galera! Voltei pra continuar a novela do Mavecão!! Recapitulando, finalmente, depois de 9 anos hibernando na garagem do sítio, o carro viu a luz do Sol, subiu no guincho e foi pra Santo André/SP instalar o motor, o câmbio, os freios, a suspensão e a direção, lá na oficina Rota V8. Grande expectativa, o maveco finalmente ia roncar e rodar por aí, (se tudo desse certo)!!

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Embarquei o carro no dia 20/12 e já no dia 21 chegou meu carpete (aquele que mencionei no post anterior) novinho e Made in USA!!

Voltando para suspensão, direção e rodas, vou explicar aqui as minhas escolhas a esse respeito. Como disse nos outros Posts, queria um carro com aparência Old School, mas na medida do possível, sem exageros, melhorar seu “handling” original. Carro confiável, confortável (também dentro do possível) pra usar, com upgrades mecânicos e elétricos que não destoassem do projeto, mas sejam “atualizações”, vamos dizer assim.

Após o Arley me explicar e mostrar a fixação e funcionamento do kit de direção hidráulica e servo freio, decidi que meu carro teria esses dois itens de segurança e conforto. O kit de direção que ele comercializa, é composto da caixa de direção do GM Omega nacional, com uma bomba pequena que, junto com o reservatório, é acoplada ao motor por um suporte feito por ele. Simples, sem grandes modificações e muito eficiente! Enquanto a direção original do Maverick dá 6 voltas de batente a batente, essa caixa do Omega dá somente 3. Ou seja, o volante esterça todo, dando 1 volta e meia pra qualquer um dos lados. Simplesmente fantástico!!

Quanto aos calçados, optei por 4 rodas da marca Mangels Modelo Direcional cromadas, aro 15, tala 7,0 polegadas, que calcei com 04 pneus Hankook Ventus, medida 225/50 R15. Esse é um daqueles aspectos de todo Project Car que você só sabe se ficará bom quando efetivamente anda no carro. De acordo com meu “ideal” de carro usável, que já expliquei nos posts anteriores, queria as 4 rodas todas na mesma medida, se possível o estepe igual, pra poderem ser intercambiáveis e com pneus de uma medida fácil de achar. Nada do outro mundo. Porém, vocês verão lá pra frente que isso não deu certo.

O kit de Servo Freio, também acredito ter sido uma opção acertada, não só por aliviar a pressão no pedal, mas por poder usar um cilindro mestre de carro moderno. Se não me engano, no meu carro é do GM Corsa. Isso facilita numa futura manutenção. Se precisar repor, é fácil de achar em qualquer auto peças.

Abaixo, fotos dos dois sistemas sendo instalados.

Por falar em instalação, além da colocação de motor e câmbio, o combinado com o Arley foi jatear e pintar todas as peças de suspensão e montar tudo no lugar, com buchas, pivôs, batentes, amortecedores, tudo novo. As peças que eu tinha comprado lá em 2000, já estavam todas estragadas…Dinheiro e trabalho jogados no lixo, mas não era a hora de lamentar mas sim a oportunidade do carro rodar de novo. Pac$$$iência….

O eixo traseiro também foi desmontado e detectada a necessidade de trocar os rolamentos. Comprei todos novos, inclusive os das pontas de eixo, marca Timken, o melhor do mercado, afinal isso é uma parte do carro que ninguém planeja ficar mexendo de novo.

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Voltando ao motor, comprei um water neck novo pois o original estava enferrujado e um eliminador de platinado (Points eliminator) da ACCEL, uma ignição eletrônica que funciona por fotocélula, até 10.000 RPM (Eu não ia precisar de tanto). O melhor é que a fixação dela na mesa do distribuidor se faz na furação original do platinado. É moleza, tirar um e por outro. Claro que dei um belo trato nele desmontado, antes de montar tudo com os cabos de vela Ford Racing. Queria a aparência original, então usei uma tampa no padrão de fábrica, trocando os conectores dos cabos (tipo HEI) por outros da marca Mallory.

O escapamento 8×2, o Arley mandou o carro de guincho pra um parceiro dele e voltou feito. Optei pela junção em X pois equaliza melhor os gases das duas bancadas de cilindros e o ronco fica mais gostoso na minha opinião. Vocês vão ouvir no vídeo mais abaixo. Ao invés de fazer os tubos de 2 e ½ polegadas, como todo mundo faz, achei melhor fazer de 2 polegadas. Os abafadores são tipo “charutinho” ou “JK”.

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Deixei o carro lá em dezembro de 2011. Amarguei mais 6 meses de espera, o que não foi fácil, mas, pra quem, desde amadurecer a ideia de ter um Maverick, já tinha esperado 4 anos pra tirar a CNH, depois mais 4 pra comprar o carro e mais 11 anos com ele, sem nunca ter andado, esses meses eram fichinha. Meus medos eram que o Arley achasse algum defeito insanável de carroceria, ou que o motor não funcionasse, ou o câmbio, enfim, muita coisa podia acontecer e não dar certo, mesmo agora na reta final.

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Enquanto aguardava, comprei algumas peças como a tampa do tanque (acabei comprando várias em conjunto com o pessoal da BR_MAVERICK).

Também dei um trato em outras, como a tampa do porta luvas e as hastes de inox dos limpadores de parabrisa. As dobradiças do porta luvas e as palhetas, mandei niquelar umas de Del Rey e ficaram bem legais!

Observem que a placa dianteira, mandei fazer em 2001, daquele modelo pequeno de alumínio, mas só foi instalada no carro em 2012. Isso que é paciência….

Mas enfim recebi uma ligação da oficina: o carro estava teoricamente pronto pra ir pra casa! Combinei de ir buscar no sábado, 10 de maio de 2012. Nem dormi direito na noite de sexta!

A expectativa era grande, ligar o motor pela primeira vez! Escutar o ronco do V8 que eu mesmo tinha montado! Medo de dar alguma coisa errada, o motor não funcionar, quebrar, enfim, podia acontecer muita coisa… Outro detalhe é que eu nunca tinha dirigido um Maverick V8. O primeiro seria o meu, montado no melhor estilo “do it yourself”, ainda que na época a funilaria dele não fosse lá essas coisas.

Fui até lá com dois grandes amigos: o Marcos “MacGyvers” Fugita, gearhead e excelente mecânico, conhecido no meio dos Maverickeiros e oficinas de preparação, e o Eduardo Armani, que é o oposto de nós, não liga a mínima pra “lixo velho com cheiro de guarita” como ele chama, mas está sempre junto e gosta da bagunça em volta dos resgates e eventos de carros. Meu irmão também veio do interior de SP só pra acompanhar e filmar.

Outros amigos estavam na torcida, esperando, me ligavam pra saber…Enfim, foi um acontecimento, hehehe…

Levei o filtro de ar, a placa dianteira e mais alguns detalhes que não lembro agora, pra poder voltar com ele rodando até São Paulo.

E vocês vão ver abaixo que o V oitão roncou bonito!! Foi emocionante. Indescritível! Assistam o vídeo:

Mas a vida é uma caixinha de surpresas e mesmo eu querendo muito, não deu pra ir pra casa dirigindo ele. Dei só uma volta comprida no quarteirão, pra matar as lombrigas gordas e velhas que estavam há anos esperando por isso. Vazava óleo nas tampas de válvulas e água na solda que mandei fazer no velho radiador de Landau. Na hora de montar e encaixar as mangueiras, vazou. Achamos melhor chamar um guincho do que arriscar danificar o motor no caminho.

Uma coisa muito legal foi o comentário do Arley: “foi o primeiro motor que você montou? Pode adicionar montagem de V8 no seu currículo então, está excelente! 5 kgfm de pressão de óleo no manômetro, não faz um barulhinho, está perfeito!” Fiquei feliz pra caramba com o elogio, ainda mais vindo dele.

Levei então o carro pra casa e comecei a montagem. Tinha que corrigir o vazamento de água e o de óleo, fazer a parte elétrica funcionar, instalar o voltímetro e o medidor de temperatura que mandei fazer com o fundo no padrão do painel original do carro. Queria que os instrumentos parecessem originais. Eu gostei do resultado.

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Andei um tempo sem o capô, era divertido ver o motor de dentro do carro. Dava um certo orgulho também de ver ele ali brilhando, afinal eu mesmo tinha pintado motor e cofre e escolhido a dedo as peças pra compor o visual. Pra mim, parecia um Hot Rod!

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Acabei trocando os pneus por outros, Marca KUMHO, letras brancas, na medida 235/60 R15, mais adequados à suspensão traseira do carro, que pulava muito em qualquer irregularidade. Porém, sempre com essa ideia de manter as 4 rodas e pneus iguais. Não gostava de pneu largo demais atrás e fino na frente. Acho que fica esquisito, parece Buggy. Mas depois acabei mudando de ideia, como vocês verão mais lá na frente.

Comprei cabos novos para a bateria e conectores de engate rápido (que não instalei até hoje).

Mandei refazer a colmeia do radiador, num lugar decente e aproveitando só as caixas do antigo.

Consegui ir pela primeira vez em alguns eventos com os quais só sonhava, como o encontro da Caixa D´água da Vila Mariana em São Paulo e eventos no Pacaembu.

Fiz até a temida inspeção veicular de gases e ruído nele e passou com louvor!

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Fiz um polimento em algumas partes do carro, pra ver se melhorava minha impressão mas não estava contente com a aparência dele.

Embora mecanicamente estivesse muito bom, as portas e paralamas estavam muito mal pintados e cheios de ondulações e massa. Além disso, o capô fechava por cima deles, a frente estava desalinhada a ponto de eu não conseguir colocar a grade dianteira nem o bigode e a saia.

Não tinha vontade nenhuma de montar o interior, o carpete, as forrações internas, os detalhes, nem os vidros e máquinas das portas tive coragem de montar, sabendo que ia ter que desmontar tudo de novo. Usei o carro assim até o fim do ano e resolvi que ia refazer a funilaria dele.

Então, em fevereiro de 2013, finalmente resolvi encostar o carro na oficina do Marcio Sabatine, um funileiro que conheci através dos encontros da Caixa Dágua da Vila Mariana, a Garage 236, na Mooca.

Porém, não ia desmontar o carro todo de novo. Tirei tudo que pude, até o banco do motorista, mas deixei a mecânica no lugar, pra poupar trabalho e manter o carro funcionando durante a restauração. O Funileiro me pediu 6 meses pra fazer o carro, mas eu já tinha visto essa novela. Sabia que demoraria mais…

Mais uma vez, foi uma decisão que demandou coragem. Estava empregado há alguns meses só e eu e a esposa decidimos trocar de apartamento, pois estava demorando muito pra chegar no trabalho devido ao trânsito. Então, pra uma pessoa “sensata”, não seria a melhor hora pra iniciar uma restauração, nem financeiramente, nem por questão de tempo livre pra acompanhar. Mas, Gearheads não são pessoas normais, ou são? E depois, “quem quer, faz, quem não quer, arruma uma desculpa”, certo?

Lembro que me deu “cinco minutos”, depois de uma chuva torrencial em SP, passei no posto, abasteci e fui pra oficina, na Mooca. O Marcio fez um vídeo meu chegando lá, vejam:

HARD CHOICES

Enfim, entrei de cabeça na reforma e acabei comprando um apartamento que também precisava ser reformado. Quase fiquei louco. Mas… isso é história para o próximo post!

Por Leo di Salvio, Project Cars #292

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