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Car Culture

Conheça John Pogson: mecânico, piloto e especialista em Ferrari – e na arte de ser gearhead

Não há muitos argumentos contra o fato de que os avanços tecnológicos estão fazendo carros cada vez mais rápidos e eficientes. Mas não falta quem ache que, ganhando potência e recursos eletrônicos, os carros de hoje não têm tanto carisma e não trazem a mesma aura de antes. O mecânico John Pogson é um desses caras — e isto não é nenhuma crítica. Pelo contrário: o homem é piloto de mão cheia e fanático por Ferraris, e seu maior objetivo é manter o espírito e a integridade de clássicos como a F40.

Pogson é inglês e, quando jovem, começou a trabalhar em uma oficina. Hoje, já na casa dos 60 anos, ele é um dos mecânicos de Ferrari mais respeitados do Reino Unido.

Depois de se formar engenheiro mecânico, Pogson conseguiu seu primeiro emprego na Huddersfield Garages em 1975. Lá, ele teve a oportunidade de colocar as mãos nas primeiras Ferrari vendidas oficialmente no Reino Unido. “Quando uma Ferrari chegava na oficina eu fazia questão de estar por perto”, ele contou ao The Examiner em 2010. “Então eu me tornei o cara das Ferrari”. Até hoje ele é conhecido por onde mora como Ferrari John, para se ter uma ideia.

“Nos anos 70 a Ferrari ainda era jovem neste país. Eu também era jovem, então crescemos juntos”, diz. E ele acabou se tornando mecânico em uma concessionária da marca — mas, primeiro, teve que fazer um treinamento na fábrica em Maranello. Por lá, ele aprendeu tudo sobre a marca, ouvindo histórias sobre corridas e pilotos contadas por quem as viveu, e seu amor pela Ferrari só cresceu.

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“Até que, em um momento, ficou claro que eu estava no negócio errado. Eu adorava os carros, mas não gostava de trabalhar na concessionária”. Era a virada para a década de 1990 e, em 1991, ele abriu sua própria oficina, a Italia AutoSport. Sua especialidade são as Ferrari clássicas — ele as considera mais puras e mágicas, e também não gosta muito de recursos como direção hidráulica, controle de tração ou “computadores me dizendo o que fazer”. Naturalmente, a F40 é seu carro favorito — a representação máxima da essência de uma Ferrari.

Graças à qualidade de seu trabalho, ele tem clientes que o conhecem desde o início da carreira nos anos 70, e muitos deles são pilotos amadores. Um deles foi o responsável pelo ingresso do mecânico no automobilismo. Ele levou seu carro para que Pogson o acertasse para um campeonato promovido pela Ferrari na Europa. Ele iria viajar para os EUA, e sugeriu que Pogson pilotasse seu carro na corrida seguinte, em Spa-Francorchamps. Pogson tinha licença de piloto havia tempos — afinal, muitas vezes ele precisava testar o carro de corrida de um cliente antes de entregar — e disse: “por que não?”

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Ele foi à Bélgica e venceu as duas corridas do fim de semana. O dono do carro disse que ele poderia continuar correndo, e assim se fez. No final, John Pogson venceu o Ferrari Maranello Championship naquele ano. No ano seguinte, um cliente emprestou a ele sua F40 — e ele venceu o campeonato mais uma vez.

Desde então ele não parou mais de correr, vencendo quatro vezes o Ferrari Maranello Championship e vários  de campeonatos regionais — os mais recentes, promovido pelo Alfa Romeo Owners Club do Reino Unido, ao volante de um Alfa Romeo 75 V6 — apropriado para um cara tão apaixonado por esportivos italianos clássicos, não é?

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Seus carros para o dia-a-dia são um Shelby Cobra — que passou por uma cirurgia para a remoção do aquecedor e da direção hidráulica assim que foi entregue — e um Corvette. E ele diz que gosta do Corvette, pasme, por lembrar as Ferrari antigas que ele tanto ama — “um carro simples, que testa a sua habilidade de não se matar. Gosto disso”.

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Pogson não considera suas atividades nas pistas uma carreira — “foi só uma temporada depois outra e depois outra”, ele diz — e sua oficina sempre foi sua principal ocupação. E vai continuar sendo uma das oficinas especializadas em Ferrari clássicas mais respeitadas do Reino Unido.

“É um desafio. Eu estou em um negócio no qual alguém diz para mim você precisa trabalhar com carros novos — mas eu sei que não devo, e não preciso. Porque este carros aqui viverão para sempre. Eles só precisam de alguém como eu, que continue os refazendo. Então, nós temos trabalho para sempre. Tudo o que precisamos é continuar transmitindo estas habilidades para as gerações futuras.”

Que assim seja, John.