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Car Culture

Méga Track: meio supercarro, meio off-roader e um V12 Mercedes-Benz de 400 cv

Quem tem a sorte de poder entrar em uma revenda e sair de lá ao volante de um supercarro costuma saber das limitações de sua máquina: supercarros são baixos, não muito espaçosos e nada práticos como meio de transporte urbano. Sendo assim, chega a ser ridículo pensar em um supercarro capaz de cruzar estradas de terra e outros terrenos mais hostis com desenvoltura, não é? Bem… não se você for o dono de um dos cinco Méga Track que existem no mundo.

Estamos falando veículo com formas e proporções de supercarro em escala aumentada, suspensão ajustável que pode deixar um vão livre de até 33 cm do solo e um V12 de seis litros e 400 cv vindo direto do sedã W140 (que foi lançado em 1991 e, dois anos mais tarde, seria o primeiro Mercedes a usar o nome Classe S). Que tipo de empresa fabricaria uma coisa dessas?

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Surpreendentemente, uma das maiores fabricantes de microcarros da França: a Aixam, que foi fundada em 1983 e vendeu milhões de unidades de seus microcarros que, na França e outros países da Europa como o Reino Unido, são classificados como “quadriciclos” por causa de seu tamanho peso e podem ser conduzidos por menores de 16 anos — em alguns casos, até sem carteira de habilitação.

A Aixam fez relativo sucesso com o 325D, que foi lançado em 1983 e usava um motor a diesel capaz de levá-lo até os 45 km/h; e com seu sucessor, o 400D. Na verdade, venderam tantos carros que decidiram expandir sua atuação de mercado… com um supercarro.

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Para isso, foi fundada uma nova submarca: a Méga (assim mesmo, com acento, porque eles são franceses), e o Track foi seu primeiro produto. Não encontramos informações sobre sua concepção, o nome do designer ou o responsável pela ideia de criar um supercarro tão… diferente. Mas gostamos dele. Sim, o visual da carroceria não traz nada de novo ao mundo dos superesportivos da década de 1990 (na verdade ele recicla alguns componentes, como as lanternas traseiras do Audi 80), mas nesse caso isto é só um detalhe — todo o resto do Méga Track é fascinante.

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A começar pelo seu tamanho: ele não é só um supercarro alto: ele também é enorme! Para se ter uma ideia, são 1,8 m de largura, 2,3 de entre-eixos e quase 5,2 metros de comprimento. A carroceria, por outro lado, é relativamente baixa (1,5 m apenas), o que evidencia ainda mais sua característica mais marcante — a suspensão, que no modo “socado” dá ao Méga Track uma distância do solo de 20 cm e pode chegar a até 33 cm.

O motor — um V12 de seis litros, 400 cv e que fica atrás dos bancos traseiros (que são individuais e parecem muito aconchegantes, diga-se) —, é montado em posição longitudinal e acoplado a uma caixa manual de apenas quatro marchas. O conjunto é capaz de levar o carro de 2.280 kg aos 100 km/h em 5,4 segundos com máxima de 250 km/h. Nada mau!

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Para todo efeito, o Méga Track é um crossover, pois une características de dois tipos de veículos: superesportivos e SUVs. Não é muito diferente, ao menos em concepção, de um BMW X6 ou de seu rival, o recém-lançado Mercedes-Benz GLE, embora nestes a execução seja praticamente oposta e o lado SUV fale mais alto.

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Apesar da ousadia (ou talvez por causa dela) o Méga foi um fracasso comercial: apenas cinco unidades foram fabricadas entre 1992 e 1995, e duas delas estão na Rússia. Depois dele, a Méga ainda desenvolveu e lançou, em 1996, o Monte Carlo.

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Mais convencional, o Monte Carlo também usava um V12 Mercedes de seis litros, mas com 500 cv e acoplado a uma caixa manual ZF de seis marchas — o suficiente para acelerar até os 100 km/h em 4,4 segundos. Não se sabe quantas unidades foram fabricadas até 1999, quando a produção foi encerrada.

Depois disso, a Aixam resolveu voltar a focar-se em seu microcarros, e decidiu reaproveitar a marca Méga em uma linha de pequenos veículos de carga com motores a diesel e elétricos — um legado inesperado para um dos supercarros mais estranhamente interessantes que o mundo já viu.