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Car Culture

Minha primeira experiência num track day – parte 1

Dizem por aí que muitas coisas são necessárias para se divertir em um Track Day. Falam que é preciso ter um carro com o máximo de “chão” possível (suspensão, pneus, reforços estruturais, diferencial), motor com torque e potência na medida certa para oferecer saídas de curva emocionantes e engolir retas, sistema de freio totalmente redimensionado para suportar o calor gerado pelas intensas frenagens… Mas quer saber a real? Você pode se divertir com muito, muito pouco em um Track Day. Foi o que vivenciei na prática no dia 15 de junho de 2013 no Track Day In, realizado no AIC (Autódromo Internacional de Curitiba).

A vontade de correr em um autódromo, conhecer os meus limites e os limites de um carro era tanta que acabei utilizando o meu Fiat Palio 1.6 16V E.torQ, comprado em conjunto com minha namorada. Foi coisa de maníaco alucinado mesmo. O hatch não tinha um ano e registrava apenas 11.500 km no painel. E, bem, é um Palio, absolutamente molenga de suspensão, carinhosamente apelidado de “Palito”.

palito

Como a grana na nossa realidade é curta e o Palio é o carro do dia-a-dia, realizamos nele somente algumas pequenas modificações para poder enfrentar algumas voltas nos 3.650 m do AIC com um pouco mais de segurança, e partimos de São Paulo para o sul do Brasil sem cerimônias.  Abaixo, segue a lista dos itens instalados no Fiat:

4 Toyo R888 195/55 R15 (custaram R$ 2.240, na época)
4 rodas de aço com padrão de furação 4×98 nas medidas 15”x6” para instalar os R888 (R$ 240 o conjunto)
1 par de discos de freios High Performance fresados de 257 mm da Fremax (R$ 277)
2 jogos de pastilha TRW (R$ 77)
1 litro de fluido de freio da Pentosin (não lembro o nome, por R$ 107)
Duas trocas de óleo e filtro do lubrificante (uma substituição antes do Track Day e outra após o espancamento na pista, que custaram o total de R$ 360 — sempre utilizando o Selénia Pure K Energy 5W30, recomendado pela marca)
1 Filtro de ar esportivo cônico duplo fluxo K&N (R$ 240)
1 substituição do segundo abafador por um cano de aço-carbono livre (R$ 60).

Os upgrades e manutenções não foram baratos para a profundidade do nosso bolso:  R$ 3.601. E esse valor não inclui os gastos com mão de obra, taxa do Track Day, combustível, pedágio, hospedagem e alimentação gastos entre São Paulo (SP), onde moro, e Curitiba (PR). No total, “queimamos” quase R$ 5.000, com tudo contabilizado. Mas não teve mimimi. Planejamos as finanças com alguns meses de antecedência, vimos que era possível pagar e caímos na pista. E foi um dos dias mais felizes da minha vida.

As ideias

As modificações que selecionei para o Palito visaram três coisas: melhorar a comunicabilidade do veículo, elevar o nível de segurança a bordo e ganhar um pouquinho de desempenho onde fosse possível. Neste último ponto, os Toyo R888 (pneus feitos para uso em track days, com composto de competição e carcaça rígida) ofereceram ganhos consideráveis na pista, bem como o filtro de ar esportivo e a pequena modificação no escape – que, de quebra, fizeram o Palio falar notavelmente mais alto e com o timbre mais grave. E como o ronco que um veículo produz é um dos maiores afrodisíacos no mundo automotivo (ao menos para mim), essa pequena modificação tornou o Palito consideravelmente mais atraente e instigante, dentro da sua limitação de potência e torque. Veja os vídeos das modificações:

A melhoria no sistema de freios foi sutil, mas curiosamente eficiente para o meu estilo de condução. Os discos de freios ventilados e fresados (com 257 mm de diâmetro, mesma medida do componente original do Palio 1.6 16V) auxiliaram na dissipação de calor e gases gerados nas frenagens seguidas. As pastilhas TRW foram adquiridas por falta de opção no momento dos upgrades e deram conta do recado — embora eu não tenha referências para comparar.  O fluido de freio utilizado foi da Pentosin – e aí, ele aguentou a bronca sem ferver? Vocês descobrirão em breve…

Discos de freios ventilados e fresados da Fremax. Esses componentes tem 257 mm de diâmetro, mesma especificação dos discos originais do Fiat Palio 1.6 16V

No dia-a-dia, já utilizo no Palio um jogo de Yokohama C.Drive 2 195/55 R 15, conjunto que mostrou rendimento expressivamente superior em relação aos originais Pirelli P7 185/60 R15 em todas as situações  (e, é justo notar, eles custam o dobro). Mas, para nos aventurarmos na pista — e não prejudicar os pneus do dia-a-dia —, optamos pelo custo-desempenho dos Toyo R888.

Royo R888 195/55 R 15 utilizados no Palio

Toyo R888 195/55 R 15 utilizados no Palio

Com essas modificações, partimos para a pista, e o relato dessa experiência, você confere na segunda parte dessa matéria, que entrará no ar amanhã.

[ Fotos: Revista Track Day – Rafael Micheski / Alta RPM – Márcio Murta ]