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Car Culture Projetos WTF?

Não dá para ficar mais insano do que um Citroën C2 com dois motores V6

Este é o fim de semana das 24 Horas de Le Mans e, naturalmente, todo mundo só fala nisso — nós, inclusive, postamos um belo guia para você acompanhar cada minuto da prova. Nada disso surpreende: os protótipos LMP1 são carros realmente incríveis e estão dando um show lá no Circuito de La Sarthe, na França.

Sabe o que também vem da França? O Citroën C2. E sabe por que a gente está falando isso? Bem, se você leu o título, é claro que sabe: algum maluco colocou não um, mas dois motores V6 no seu pequeno hatch francês. Exceto que esse maluco é britânico, como entrega o volante do lado errado direito do painel. Mas isto é só um detalhe: o que impressiona mesmo é que o fato de o cara conseguir controlar sua impressionante criação.

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O Citroën C2 foi vendido apenas na Europa entre 2003 e 2009. Ele substituiu o Citroën Saxo, que era nada mais que um Peugeot 106 rebatizado e com outra dianteira, e foi substituído pelo DS3 em 2009. Ele não parece um C3 que tomou uma pílula de nanicolina por acaso: sua plataforma é a mesma, mas ele tem entre-eixos mais curto, apenas duas portas e foco mais urbano. Na Europa, ele era o tipo de carro que servia como segundo da família. Mas há quem prefira usar hatchbacks pequenos assim para transformar em project cars absurdos… quem somos nós para condenar?

O nome do cara é Gary Stone, e ele é mais um louco por hot hatches franceses. Ele tinha um C2 VTR, equipado com um 1.6 16v de 110 cv, que era seu xodó — mas, depois de um tempo, decidiu colocar nele um motor mais potente — um V6 de 2,9 litros e 193 cv vindo de um Peugeot 406. Isto aconteceu já faz quase dez anos e, segundo o próprio Stone comentou em seu tópico no fórum britânico Pistoheads, o carro lhe serviu muito bem… até que pegou fogo na garagem.

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Sem se deixar abalar, Stone descolou outro Citroën C2. Talvez só para compensar a tragédia, em vez de simplesmente colocar o V6 no novo carro, ele descolou outro motor, idêntico, e resolveu colocar os dois no diminuto hatchback. E não é que deu certo?

Estamos falando de dois motores (um na dianteira e outro na traseira) duas caixas de câmbio e toda a eletrônica necessária para fazer tudo funcionar. Stone disse que tinha um orçamento bem baixo, mas aparentemente isto não foi um problema muito grande. Olha como o bichinho anda!

Juntos, os dois motores entregam 386 cv e 54,5 mkgf de torque. O motor dianteiro está instalado sobre um par de suportes feitos sob medida, enquanto o traseiro repousa sobre um subchassi do Peugeot 406, instalado de trás para a frente, e o eixo traseiro teve o diferencial soldado — ou seja, tem bloqueio permanente.

Ambos os motores são conectados ao mesmo sistema de alimentação, com um único acelerador, e as duas transmissões são conectadas à mesma embreagem, com trocas sincronizadas pela alavanca de câmbio, e o eixo cardã foi feito sob medida. Ambos os motores são controlados por uma ECU aftermarket, que permite uma diferença de até 500 rpm entre a rotação dos motores. Na prática, porém, o funcionamento de ambos é sincronizado pelo asfalto.

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Agora, como estamos falando de um carro que, definitivamente, não foi feito para receber dois motores V12, algumas adaptações radicais precisaram ser feitas. Primeiro, foi instalada uma gaiola de proteção integral. Os para-choques dianteiro e traseiro agora exibem diversos buracos — ruim para quem sofre de tripofobia, bom para que os dois radiadores na dianteira consigam resfriar melhor os dois motores. As janelas laterais traseiras (que são de acrílico) também receberam um par de respiros.  E, mesmo assim, é um forno lá dentro.

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Não é para menos… com um motor a centímetros da orelha!

Os freios usam discos de 320 mm de diâmetro com pinças Brembo na dianteira e discos de 283 mm com as pinças dianteiras do C2 VTS na traseira. O freio de mão é hidráulico, e Stone instalou um sistema para ajustar manualmente a força dos freios dianteiros e traseiros. A suspensão, por sua vez, traz amortecedores ajustáveis do tipo coilover FK na dianteira e na traseira.

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O carro andou pela primeira vez com os dois motores em 2012 e, desde então, participou de eventos e já foi até capa de revistas de preparação britânicas. Depois disso, o C2V12 (sim, este é o nome do projeto) meio que sumiu do mapa — a última atualização no tópico foi feita em abril de 2015, quando Stone disse que o carro estava parado havia quase dois anos. O que é uma pena, pois a gente adoraria ver o monstrinho acelerando de novo!