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Car Culture

O adversário que Ayrton Senna não conseguiu superar

Em 1993 o repórter britânico Mark Fogerty perguntou a Ayrton Senna quem havia sido seu maior rival até então. Muita gente esperava ouvir o nome do francês narigudo tetracampeão do mundo. Mas não foi essa a resposta de Ayrton.

Na época Senna já era tricampeão, reconhecido até mesmo por Juan Manuel Fangio, fã declarado da pilotagem do brasileiro. Ele poderia ter dito qualquer um dos grandes nomes da época, mas por algum motivo Senna foi direto à sua época de kart, e voltou ao único campeonato que não conseguiu vencer – o mundial de kart, que disputou entre 1978 e 1982.

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Depois de vencer o campeonato paulista, três títulos brasileiros e outros três sul-americanos de kart, Senna partiu para Le Mans, onde disputaria o campeonato mundial de 1978 pela equipe DAP. Ele seria parceiro de Terry Fullerton, um piloto britânico que corria de kart desde a década de sessenta e havia sido campeão mundial em 1973. Fullerton tinha 25 anos, estava no auge da carreira e inicialmente não viu nada de especial no brasileiro introvertido de 17 anos.

Até a hora do primeiro teste.

Senna montou no kart e foi para a pista. Deu três voltas, voltou ao box, fez algumas alterações e depois de sete voltas igualou o tempo de Fullerton. A equipe não acreditava no que via. Em apenas 10 voltas aquele novato pagante brasileiro igualara o tempo de um dos maiores nomes do kartismo mundial.

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Senna havia encontrado seu rival. Fullerton teve a certeza de que o brasileiro seria uma estrela.

Os dois pilotos disputariam o título mundial de kart em 1978, 1979 e 1980. Senna chegou ao vice-campeonato duas vezes, à frente do britânico, que jamais voltaria a conquistar o título. Ele ainda seria superado por Fullerton na Champions Cup, quando o britânico usou sua experiência para tirar Senna da disputa da última curva da corrida. Talvez tenha sido quando Senna aprendeu a forçar o adversário a tirar o pé para não bater e assim manter a dianteira.

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Talvez também tenha sido o momento que Senna lembrou quando o repórter britânico perguntou quem havia sido seu maior e melhor rival. Senna respondeu:

Fullerton. Ele era muito experiente e gostei de correr com ele por que ele era rápido e consistente. Ele era, pra mim, um piloto completo. Tenho boas lembranças disso. Era competição pura, automobilismo puro. Sem política nem dinheiro envolvido. Aprendi muito com ele.

Ele foi o único adversário que Senna não conseguiu superar.

Fullerton continuou correndo de kart até 1984. Depois disso abriu uma academia de pilotagem de kart, onde foi instrutor de Dan Wheldon, Allan McNish e Paul DiResta.

[Fotos: TerryFullerton.com e Instituto Ayrton Senna (carta do piloto) – via imagem escaneada por Jérémy Talbot ]